Josette Goulart

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Reportagem

Vai ter DEI no uísque, no gin e na vodka, sim, Mr. Trump

Nem passa pela minha cabeça

"Nem passa pela minha cabeça. Nem passa pela minha cabeça", repete Paula Lindenberg, CEO da Diageo no Brasil, quando pergunto a ela se esse movimento de Donald Trump forçando as empresas a anunciarem publicamente o abandono a políticas DEI (Diversidade, Inclusão e Equidade de gênero) em algum momento pode atingir a Diageo. A multinacional é dona de marcas famosas de bebidas como o uísque Johnnie Walker, a vodka Smirnoff e o gin Tanqueray.

"É uma conversa que a gente já teve, inclusive globalmente. É um compromisso. Não é recente. Faz tempo e é de longo prazo."

E Paula já embala me contando uma coisa que eu nem sabia. A Diageo tem um programa de aprendiz para pessoas trans e lançou primeiro no Ceará. E por que no Ceará? Porque é o estado que puxa a fila das estatísticas de assassinatos de pessoas trans.

Mas tem mais equidade

O Guilherme Martins, que é o chefe do marketing da Diageo, foi o primeiro homem no país a ter uma licença parental de 6 meses. A Diageo obriga que homens e mulheres tenham o mesmo tempo de licença quando ganham bebês. Uma decisão que acaba com qualquer discussão sobre se mulheres vão ser preteridas profissionalmente aos homens por conta de gravidez.

A capivara da Paula

Paula foi a pessoa que levantou a mão lá na Ambev quando era chefona do marketing (há mais de uma década) e disse: está na hora de pararmos com essa história de mulher de biquíni nos comerciais de cerveja.

Forte são elas

A Diageo não pode mesmo voltar atrás já que está empenhada em atingir o público feminino, inclusive e especialmente em bebidas conhecidas por serem bebidas de homem como o uísque.

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No fim do ano passado, a empresa lançou uma campanha do Johnnie Walker (assinada pela Almap) em que a atriz Alice Braga reviveu um comercial icônico da marca "The Man Who Walked Around the World". No novo comercial, fortes são elas, que podem ser CEOs e o que quiserem.

Também no ano passado, a Diageo ganhou um dos prêmios máximos em Cannes com o case "errata at 88" (também da Almap). Eles levaram a cantora Alaíde Costa, uma das fundadoras da Bossa Nova, para fazer um show no Carnegie Hall. Em 1962, ela, uma mulher preta, não foi convidada para o show que apresentou a Bossa para o mundo. Foram só os homens brancos. Nossa, que surpresa, né? Nunca imaginei que isso acontecesse em 1960. Só em 2025.

Vendas em queda

O Brasil é um mercado bem importante para a Diageo, nesse momento em que alterou metas de crescimento para vendas de bebidas nos Estados Unidos (por conta das tarifas de Trump) e também com a queda do consumo de álcool na Europa.

E o pessoal da Soko, hein?

A agência Soko (agora Droga5) sempre foi conhecida por ser uma das agências de publicidade mais calcadas na diversidade, na inclusão e na equidade de gênero. No ano passado, ela foi vendida para a Accenture. E um dos matchs era justamente esse.

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Mas eis que há poucas semanas a Accenture anunciou que estava abandonando suas metas globais de diversidade. Foi um choque na Soko. O que fiquei sabendo é que Felipe Simi, o principal fundador da agência, mandou um e-mail para seu time dizendo que nada vai mudar.

Como todo mundo sabe, os ativos principais de uma agência de publicidade são as pessoas e a cultura. Então de uma hora para a outra é como se Accenture tivesse lançado um torpedo nos seus principais ativos. Haja lábia para explicar que nada vai mudar.

Nubank VIP no parque PÚBLICO

O Nubank lançou uma casa toda linda no Parque do Ibirapuera para as pessoas tomarem uma ducha, se refrescarem, essas coisas. Mas só para clientes ultravioletas, leia-se, ultra VIPs. Deu ruim. Claro. Parque de concessão pública. Sabe como é. Ontem à noite, eles resolveram mudar o posicionamento. Agora o Nubank diz que todo mundo pode usar. Mas quem quiser, terá que pagar e estará sujeito à disponibilidade. Ainda vai longe essa história.

Tem furo!!!!

A Pague Menos vai abrir uma concorrência para contratar novas agências (ou manter as mesmas). Hoje a empresa é atendida pela Advance (lá de Recife) e pela Lew Lara.

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O Renato Camargo, vice-presidente de experiência do consumidor da rede de farmácias, me contou que eles vão chamar todo mundo para a concorrência e escolher apenas três para a etapa final. Duas delas sairão vencedoras. Mas ainda tem mais uma peculiaridade no processo da Pague Menos. Depois de ganhar a concorrência, as agências vão ter que concorrer entre si a cada novo job. Reclama lá com o Renato, não comigo.

Maior que a Coca?

E o que é a clínica Seven, que anunciou na semana passada que tem seis novas agências? S-E-I-S novas agências. Como diz o outro, nem a Coca tem tanta agência assim. E não são quaisquer agências. Estão na lista Wieden Kennedy, Africa, Publicis, Suno, Koro e Tátil. O povo está dizendo: eles estão crescendo muito, mas é só performance que vamos fazer.

Cada agência vai receber um pedaço do público. Não entendeu? Nem eu. Mentira, entendi sim. Uma fica com o público mais jovem, outra com o público 60+ outra com outro público XPTO e assim vai.

Só não entendi mesmo é o tanto de agência para um job só. A Seven é uma clínica de emagrecimento que hoje está nas redes sociais com peças publicitárias cheias de gente famosa. O mais famoso deles? Cauã Reymond. Beijo, me liga, Cauã. (É que eu costumo dizer isso e as pessoas me ligam. Vai quê.)

Descobri a(s) outra(s) montadora(s)

Lembra que contei aqui na semana passada que tinha duas concorrências de montadoras na praça? O pessoal correu para me fofocar não duas, mas três concorrências. Uma é a da Jeep, que eu já tinha contado. Outra é da GM. A empresa vai trazer novas marcas para o Brasil (Significa que a WMcCann e a Dentsu seguem com as contas). A outra é Omoda & Jaecoo que vai vender a "Chery de luxo".

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Bloco dos bloquinhos

Como sou foliã de bloquinho (nos vemos no domingo, Let´sBlock) fiz aqui um bloco dos bloquinhos das ações publicitárias.

Na varanda

E eis que vai ter patrocínio de varanda agora no Carnaval de São Paulo (achei novo, o que não significa que seja novo, porque sabe, né? A gente não sabe de tudo). A Publicis LeOne vai botar o Eno na varanda das vovós do Charanga do França, um dos blocos mais badalados do centro.

Todo ano quando o bloco passa, as vovós jogam água nos foliões para dar aquele alívio no calor. Aí, os publicitários já logo fizeram a conexão. Eno dá alívio na azia. As vovós dão alívio na azia do calor. O Arturo Marenda, da criação da Publicis LeOne, me contou que esse vai ser um piloto e se der certo vão patrocinar outras varandas Brasil afora.

Copo que não derrama?

A Itaipava já foi logo para as cabeças e fez um copo que não derrama. Só quem já foi ali segurando a corda da pipoca sabe o valor desse copo. A ideia foi da WMcCann, que lançou um copo térmico com um giroscópio estabilizador 360 graus com o nome de Copo Gole Gole. Aff. Por essa eu não esperava. Acho que nem a Brahma.

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Live commerce de trio elétrico?

Vai ter live do trio do Luan Santana em Salvador para vender Engov. E vai ser live do Pague Menos em parceria com Hypera. E assim vai. Todo mundo querendo vender, seja com diversidade ou sem diversidade.

DEI, segundo a Disney de 2006

Termino com um trecho do Disneyland Line, o jornal de elenco da Disney, lá no distante 2 de fevereiro de 2006 sobre a jornada de diversidade (o jornal foi resgatado por Matt Ouimet, um ex-executivo da Disney, para falar da Disney abandonando a diversidade):

"Diversidade e inclusão significam dedicar um tempo para aprender sobre o que torna cada um de nós único, bem como o que temos em comum. Quando nos respeitamos e buscamos a opinião de todos, nossos hóspedes se sentem mais bem-vindos, nossos trabalhos são mais satisfatórios e impulsionamos um nível extraordinário de criatividade."

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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