Michelle Obama x Donald Trump: quem venderá mais carros elétricos?
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Uma fila de quatro horas se formou no SXSW, em Austin, para a conferência da Michelle Obama. A presença dela tinha sido anunciada de surpresa, pouco antes de começar a maratona de conferências. Ainda na fila, chega a notícia de que não haveria transmissão pelo YouTube como tantas outras das principais palestras da extensa programação. O motivo: ela estava lançando um podcast com seu irmão e o episódio só vai ao ar em 21 de março (sim, nesta semana).
Mas nos primeiros cinco minutos de conferência, a surpresa: Michelle Obama agradece a Rivian, uma marca americana de carros elétricos, pelo patrocínio do podcast. Sim, Michelle agora também faz publi!! Mas não é só ela.
Publi no Salão Oval
Na mesma semana em que a ex-primeira-dama americana mais badalada ever anuncia seu novo podcast patrocinado por um carro elétrico, Donald Trump (o presidente mais falado ever e que nunca foi lá muito a favor dos carros elétricos, diga-se de passagem) fez também uma publi dos carros em pleno Salão Oval. Trump quer salvar as vendas da Tesla e não só mostrou os modelos da marca em uma das entradas da Casa Branca como anunciou que estava comprando um dos carros da empresa do Elon Musk.
E fez mais: ameaçou a galera que anda vandalizando Teslas pelo país em protestos contra Elon Musk (e o governo Trump, por tabela, já que agora eles são a mesma coisa). E ameaçou bem ameaçado. Disse que vai classificar os manifestantes como terroristas domésticos. (Não adiantou muito porque o pessoal seguiu fazendo protestos em frente às concessionárias da Tesla no fim de semana!)
A ironia do destino
A Tesla cresceu vendendo carros para consumidores mais ligados à pauta ambiental e, portanto, mais ligados aos democratas. O próprio Elon Musk já foi apoiador dos democratas (sim, é verdade. Juro). Agora um bando de políticos e influenciadores do MAGA (os extremistas apoiadores de Trump) estão fazendo propaganda para os carros elétricos do Musk para alavancar as vendas. E as ações da Tesla na bolsa? Not good, como diria o Trump.
Rivian x Tesla
Os carros elétricos da Rivian ainda vendem muito pouco se comparado com a Tesla. Em 2024, a Rivian vendeu pouco mais de 51 mil veículos nos Estados Unidos. Já a Tesla vendeu mais de meio milhão. Mas tanto uma como a outra tiveram queda nas vendas em solo americano em janeiro deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. As vendas da Rivian caíram mais de 40% e as da Tesla 10%. Agora é esperar para ver quem vai ajudar seus patrocinadores a venderem mais carros elétricos: Trump ou Michelle?
Só para constar. Elon Musk foi o grande patrocinador da campanha de Trump no ano passado. Doou mais de 250 milhões de dólares. Agora Trump vai comprar um carro de 80 mil dólares e disse que não quer desconto. Achei justo.
Michelle agora é Miche Obama
Em seu novo podcast, Michelle vai interagir com seu irmão Craig Robinson. Craig é um coach bonachão, divertido, que traz humor para a interação com Michelle. E ele também só chama Michelle de Miche!!!! Eles contam histórias de sua família. Das dificuldades da infância. De como os pais eram bacanas. O recado principal? Tenham esperança, (Estou achando que Miche está querendo uma eleição, hein?) O episódio de estreia recebe como convidada a Doutora Laurie Santos, que é uma cientista da felicidade.
Michelle foge da política no seu podcast, pero no mucho. Não perde a oportunidade de falar sobre a importância de votar e também tenta se conectar com os jovens, dando conselhos de como acabar com a solidão, por exemplo.
E por falar em solidão
O badalado Scott Galloway bateu de novo na tecla da solidão dos jovens meninos americanos como uma das grandes tendências de 2025. Já contei aqui, em uma coluna passada, sobre seu diagnóstico acerca dos jovens entre 20 e 24 anos, que não saem de casa, não se relacionam, não têm emprego (e nem querem). Não estão nem aí para direitos trans ou para a guerra na Ucrânia e como a campanha de Donald Trump soube trabalhar com essa machosfera.
Já o Tim Walz
Tim Walz foi o escolhido por Kamala Harris como seu candidato a vice nas eleições do ano passado, e todos já sabemos que eles falharam. E Tim, como homem branco, professor, treinador, tinha uma missão clara de conseguir conquistar o eleitorado masculino. Mas não conseguiu. Eles foram em peso para o lado de Trump. Perguntado durante uma gravação de um podcast no SXSW (teve um monte de podcast sendo gravado ao vivo no evento), ele disse que uma das explicações é que muitos homens brancos enfrentam dificuldades econômicas e culturais e, em alguns casos, são levados a acreditar que estão perdendo oportunidades para as mulheres. Ô, coitados!.
E os vídeos do Scott que sumiram do YouTube?
Galloway fez uma palestra cheia de críticas a Trump. Em determinado momento disse acreditar que os EUA vão começar a afastar o capital por conta do abandono de alianças e acordos comerciais. "Tudo isso para chupar o pau de um autocrata assassino russo". Sim, nesses termos.
E eis que nesta segunda-feira o vídeo da palestra dele no evento não está mais disponível no YouTube. Ninguém sabe, ninguém viu. Nos grupos de Zap, a desconfiança geral era de que derrubaram os conteúdos porque Galloway falou mal do Trump e dos bilionários. Mas uma fonte da organização do evento me explicou que o próprio Galloway não deu permissão para a manutenção da postagem.
Zeitgest
Um CMO (Chief Marketing Officer) de uma grande empresa brasileira global dizia lá em Austin que a SXSW esqueceu de tratar do grande Zeitgest do momento: a virada conservadora mundial.
Enquanto isso, de volta a São Paulo
Começou a circular a versão 2025 da planilha das agências de publicidade. Trata-se de documento de Excel, alimentado anonimamente por trabalhadores publicitários, em que todo mundo conta os podres de se trabalhar nas agências. Rolou até exposed de clientes. (Bem ao estilo da lista dos influenciadores que rolou dia desses). Fiquei com a saúde mental afetada só de ler. Está ruim assim, pessoal?
O impresso morre e ressuscita
Cauã Reymond desfilava leve e solto (e lindo como sempre) na festa de lançamento da revista Esquire, no hotel Pulso em São Paulo ontem. Ele é um dos sócios minoritários da revista. Ahã!
A versão brasileira da Esquire está sendo trazida pelo Allan Barros, da Pulse, e Luciano Ribeiro (que passou por Trip, TPM, Vogue, foi comercial da Conde Nast e é empresário de Cauã). Eles garantem que as pesquisas mostram que o público masculino A+ quer ler no impresso. Peguei a revista na mão e a qualidade do papel é impressionante.
Fui, mas voltei
E pensa que acabaram as pensatas do SXSW? Not yet, ainda volto com novas edições.