Josette Goulart

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Reportagem

Maternidade Business Administration, o novo MBA do LinkedIn

O Boticário que se cuide porque o LinkedIn entrou no circuito do Dia das Mães lançando um novo MBA. A Casas Bahia está na vibe do bilhão parcelado. Já a vibe do Zuckerberg é a de quero acabar agora com as agências de publicidade (mas sem oferecer atendimento, claro). O Spotify também está na luta das marcas. O Ponto Frio já quer mesmo é oferecer o quentinho de um atendente de carne e osso. Temos ainda o Bradesco aderindo à nova modinha do setor financeiro e uma poesia do Drummond fazendo a quadrilha de Havaianas, Almap, Fbiz, Jeep e Nizan. Vamos começar.

E que MBA!

O LinkedIn chegou chegando com uma campanha para o Dia das Mães dando a seguinte real para todo aquele povo corporativo que abandona as mulheres quando elas viram mães: elas não estão de folga durante a licença maternidade, elas estão fazendo um MBA. Um MãeBA, como diz a propaganda.

Eis as skills que as mães desenvolvem neste período e que olha só, por coincidência, são as skills que os recrutadores buscam (o povo adora falar skills, eu me incluindo nessa): resiliência, gestão de crise, gestão de tempo, foco, empatia e mais umas tantas.

A campanha foi feita pela R/GA e o CEO, Márcio Oliveira, conta que a ideia é que as mães do LinkedIn comecem a acrescentar essas skills nos seus currículos. O insight de fazer algo voltado para as mães surgiu de um dado devastador. No Brasil, 40% das mulheres deixam o mercado de trabalho após a licença-maternidade e ficam de fora por cinco anos.

(E eu que tinha deletado da minha mente a informação de que a Microsoft é a dona do LinkedIn? Pois é. Desde 2016. Agora entendi porque sempre vejo postagem do Bill Gates.)

É a primeira vez que o LinkedIn entra no circuito do Dia das Mães, do mesmo jeitinho que O Boticário já faz há séculos. Parafraseando o Márcio, tratando a data de forma mais emocional e significativa do que apenas um evento comercial.

Casas Bahia

De bi em bi, a Casas Bahia vai distribuindo crédito pelo Brasil afora. A empresa quer igualar as vendas do Dia das Mães à Black Friday do ano passado e a aposta certeira para vender é o bom e velho crediário (com o juro na estratosfera, é bom torcer para isso daí não virar inadimplência).

Mas desta vez, eles não vão usar a operação de guerra da Black Friday montada com uso de SEO em tempo real. Sei que já é assunto velho (lá se vão seis meses), mas preciso contar. A Casas Bahia fez uma parceria com o Google para saber o que as pessoas estavam pesquisando em real time na Black do ano passado. Yes, baby. Explodiu de vender. Pela primeira vez, a empresa teve que fazer um fato relevante para falar das vendas.

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O diretor de marketing da Casas Bahia, Gustavo Pimenta, me disse que é uma operação para lá de intensa, uma verdadeira força-tarefa para viabilizar a execução. Perguntei: vocês vão repetir? Resposta: Vamos, vamos, vamos.

E aquele meu probleminha, Zucka?

O Zuckerberg veio com essa agora de querer acabar com as agências de publicidade prometendo que a IA dele vai fazer tudo sozinha: criar os anúncios, veicular, otimizar e entregar resultados, ou seja, todo mundo vai vender como nunca e para isso bastará a pessoa só ficar lá olhando (e pagando, claro).

Os dois melhores comentários que ouvi sobre isso:

1. Vai faltar gente para comprar todos os produtos desses anúncios maravilhosos que a IA da Meta vai fazer.

2. Eles hoje não têm suporte de atendimento no Brasil nem para resolver problema de hackeamento de conta de marca grande (leia-se, robô dobrando dinheiro gasto em impulsionamento sem autorização. E não qualquer dinheiro. Estamos falando em milhões). E agora vai lançar serviço novo que faz tudo sozinho?

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Ponto Frio, mas quentinho

Quem ainda está ligado de que o povo gosta mesmo é de um atendimento humano, é o Ponto Frio (do grupo Casas Bahia). A marca fez todo um reposicionamento, com direito a pinguim novo e tudo mais, mas faz questão de focar em atendimento humanizado no Whatsapp, com vendedores reais, sem inteligência artificial (quanto tempo isso ainda será eficiente é que são elas). O VP de Operações, Frédéric Gauthier, contou que a marca também vai focar nas suas lojas físicas, especialmente no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.

Ah, o pinguim novo é inspirado no pinguim de magalhães. A Leo Burnett, que fez o reposicionamento da marca, quis aproveitar o fato de que aumentou o número de pinguins desta espécie que chegam às praias do Rio de Janeiro nos últimos anos.

Virou modinha

Bradesco aderiu à nova modinha do setor financeiro: o cliente-propaganda. Depois de BTG e XP lançarem Rodrigo x Rodrigo (Hilbert x Santoro, não necessariamente nesta ordem), o Bradesco foi de Selton por sugestão da Almap, que é a nova agência do banco. Versão brasileira, Selton Mello, gente. Com base em nenhuma pesquisa, só na minha opinião mesmo, eu diria que o Bradesco deu sorte com seu cliente-propaganda. Se o Selton vai levar um monte de clientes para o Bradesco, eu não sei, mas que ele é a coisa mais querida, isso ele é.

Selton, o minotauro

A propósito, se você nunca ouviu o podcast "França e o Labirinto" que ele fez para o Spotify já há alguns anos, recomendo fortemente que faça isso neste finde. Mas o segredo é ouvir o podcast no escuro, com fone de ouvido e olhos fechados. O França, interpretado por Selton, é um detetive cego. E o podcast inteiro foi gravado sob a perspectiva do que este personagem escuta em cada cena. Então você passa a série com a clara sensação de que você é o personagem. De quebra, você ainda passa a ter outro entendimento sobre como é a vida de uma pessoa com deficiência visual.

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Spotify da GenZ

Por falar em Spotify, encontrei a Diana Ramirez no HITS, o evento em que eles premiam as melhores propagandas da plataforma. Isso já tem umas duas semanas e não quero dizer nada, mas a Gen Z das agências estava em peso lá. Tinha show dos Garotin.

Mas o que Diana quis me destacar é que o Spotify também está no rolê da automatização com IA. No mês passado, lançaram no Brasil a plataforma que permite a compra programática de anúncios em tempo real, ampliando a possibilidade para que pequenos negócios possam anunciar no Spotify. Antes era restrito às grandes marcas.

(E adivinha o que já está em teste nos EUA e no Canadá? Uma ferramenta para que os anunciantes criem sozinhos roteiros e narrações automatizadas para campanhas de áudio.)

A empresa definitivamente percebeu que para além da assinatura, o lance é também ganhar com o dinheiro dos anunciantes. Vocês estão ligados que foi somente no ano passado que o Spotify registrou seu primeiro lucro anual desde que foi lançado, em 2008? Vou repetir. Primeiro lucro anual. Mais uma vez. Primeiro.

Segundo Diana, a parte de Ads já representa 15% da receita global do Spotify. Dados de Brasil? Not. Só que a equipe de Ads dobrou de tamanho e que a ComScore estima que eles têm 60 milhões de ouvintes no país

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Para quem não sabe, Diana é mexicana e comanda a área de advertising do Spotify em toda América Latina. (Ela é a gentileza em pessoa, tanto que não consegui não fazer este comentário aqui sobre ela).

O que tem começo, tem fim

O assunto do feriadão da semana passada foi a cartinha do Filipe Bartholomeu, CEO da Almap, anunciando que a agência não irá participar da concorrência que a Havaianas vai fazer. Filipe disse na carta que não havia mais sintonia sobre direcionamento de negócios.

Foi o fim de um casamento de uns 30 anos e com uma marca que ajudou a alçar a Almap ao estrelato da propaganda. A bem da verdade é que o casamento já tinha acabado há uns cinco anos. Aos poucos a Havaianas foi tirando pedaços da conta da Almap. Uma boa parte hoje está com a Galeria, que inclusive vai assumir o que ficava com a Almap até que aconteça a tal concorrência.

Fiz uma Quadrilha

Na verdade, na verdade, foi o ChatGPT (porque me faltam habilidades de poetisa). Pedi para ele fazer uma quadrilha ao estilo Drummond dos casos da semana e ele mandou essa aqui:

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Nizan ficou com a Havaianas.
A Almap deixou a sandália na porta.
Fernanda deixou a Almap.
Fernanda foi bater ponto na Fbiz.
A Fbiz perdeu a Jeep.
A Jeep acelerou rumo à GUT.
Cada um com sua dor, sua conta, seu cliente.
E todos estampados no Meio & Mensagem.

Juro que essa do Meio & Mensagem o ChatGPT mandou sozinho. Eu ainda fico meio chocada com esse tipo de precisão. Só eu? A propósito, a Fernanda em questão é a Fernanda Tedde, que saiu da Almap para ser CEO da Fbiz. Dizem, e não foi o ChatGPT que me contou, que ela já sabia que a Jeep ia sair da casa.

Nizan de Havaianas, direto da praia

Quem está dando as cartas lá nas Havaianas é o Nizan Guanaes, que está como consultor da marca com a sua NIdeias. (Ele também é o principal consultor do Itaú, que por um acaso tem os mesmos acionistas da Alpargatas.)

A Alpargatas, dona da Havaianas, tem passado por um período meio difícil. Teve um prejuízo de R$ 1,6 bilhão em 2023. Aí conseguiu um lucro mais ou menos em todo o ano passado. E agora ensaia uma recuperação mais consistente.

Medo da crise dos 30

Depois que um casamento de 30 anos acaba, todo mundo fica olhando os seus próprios casamentos, né, não? Querendo dar uma renovada nos votos. E aí rolou a maior boataria de que a Talent iria perder a conta da Ipiranga. Imagina, foi a Talent que fez o "pergunta lá no Posto Ipiranga". Mas o novo vice-presidente de marketing, Júlio Sattamini, recém assumiu o cargo e, por enquanto, eles garantiram para a agência que nada muda por lá.

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