Por que nem as bets andam curtindo a Virginia

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Chegamos naquele momento em que até as bets dizem que a Virginia está prejudicando a tentativa do setor de criar alguma reputação. E olha que não está fácil para as bets. O Cauã Reymond, que já anda com problema de reputação na novela das 9, saiu correndo do setor após ver uma pesquisa sobre o que vai acontecer com o povo. Mas não é só de CPI de bets que estamos vivendo. Tem CBF também (aposto que uns três se benzeram aí agora). As marcas foram fazer pesquisa sobre a seleção brasileira. Quer ver o que elas descobriram? É só ler até o fim.
E tem mais: o Nizan estreando como apresentador, um brasileiro estreando no X em NY e o CMO da Latam estreando na coluna.
E a Virginia, hein?
Passei a semana conversando com quem cuida da comunicação de várias dessas casas de apostas e um diagnóstico surgiu forte: quando uma influenciadora do tamanho da Virginia, que acabou de sair de uma CPI, volta aos stories do Instagram promovendo o "jogo do tigrinho", isso enfraquece o discurso de responsabilidade (a la "beba com moderação"), gera ruído e dá munição para quem enxerga o setor como oportunista e inconsequente.
Para quem não viu, a Virginia foi para a CPI das bets toda trabalhada na imagem de jovem ingênua, mãe, que não sabe bem das coisas, que nunca fez nada de errado, que nunca ganhou em cima dos seus seguidores que perdem dinheiro nas apostas. Saiu de lá e apareceu em um story com Carlinhos Maia cantando como se não houvesse amanhã a música do Oruam no trecho que diz: "botou a bunda com o dinheiro do Tigrinho". Logo o tigrinho!!!
As marcas em geral têm torcido o nariz para a Virginia depois do caso das bets (mas todas reconhecem que ela é rainha do engajamento). Virginia está mesmo é na fase de só querer divulgar sua própria marca, o WePink. Outro dia mesmo, o INPI divulgou as empresas que mais pedem registro de marcas, e ela está lá, no topo. Na frente do Palmeiras e da Globo.
E o Cauã, hein?
Não foi à toa que recentemente o Cauã Reymond deixou de ser garoto-propaganda de bets, rompendo um contrato milionário que tinha com uma das mil bets que estão por aí. O ator foi apresentado a uma pesquisa que mostra que uma crise comportamental sem precedentes está à espreita da população brasileira.
Cauã foi alertado de que a classe mais popular está abdicando de muitas coisas: comendo menos, deixando de ter plano de celular, se endividando, atrasando conta de água e luz. A aposta (para manter a palavra do dia nesta coluna) é de que a ressaca vai ser grande.
Acorda, bet!
As bets já estão ouvindo dos especialistas que está passando da hora de começarem a se posicionar no território da diversão, como, aliás, aconteceu em outros países. As pessoas hoje estão sendo induzidas a achar que bet é um investimento, algo para ganhar dinheiro. Já deu ruim.
Bet no futebol
Não precisa nem gostar de futebol para saber que as bets dominaram completamente o futebol brasileiro, despejando bilhões em patrocínio. E bilhões mesmo. Patrocinam os times, a transmissão dos jogos (com direito às cotas mais caras da Globo) e agora também fazem campanha para a presidência da CBF. Só não estão ainda na seleção brasileira - ainda!
Mas apurei aqui que algumas estão bem envolvidas na eleição, fazendo pressão nos clubes para apoiar Samir Xaud como presidente da CBF. A eleição acontece no fim de semana e 20 clubes já anunciaram boicote (times do naipe de Flamengo, Fluminense, Corinthians e São Paulo).
As marcas estão confusas em um momento em que até um ministro do Supremo aparece como uma pessoa influente nos rumos da CBF.
Quem sai, quem fica
Mas tem gente graúda, que ajuda os principais patrocinadores a se posicionarem nos esportes, me dizendo que as chances de as grandes marcas abandonarem a seleção, independentemente da CBF, são praticamente nulas. Como abandonar a seleção às vésperas da Copa do Mundo e com o Carlo Ancelotti vindo aí? E se agora a seleção brasileira se ajeitar e ganhar? O Itaú vai deixar a vaga aberta para outro banco? A Vivo vai deixar a bola quicando para a Claro?
Os principais patrocinadores hoje são Nike, Itaú, Guaraná Antarctica e Vivo. A Cimed aparece como patrocinador intermediário.
Mais pesquisa
É claro que as marcas fizeram uma pesquisa, e ficou claro que a população não associa os problemas administrativos da CBF à seleção. O que pega mesmo são os resultados horríveis (4x1 da Argentina. Sério?), jogadores bilionários com postura anti-profissional (sim, é o Neymar) e 23 anos sem taça do mundo (só consigo lembrar do 7x1).
Como bem me lembraram aqui, estamos chegando no limite dos 24 anos. A última vez que o Brasil ficou tanto tempo sem ganhar uma Copa do Mundo foi entre 70 e 94. Mas claro, se der show, nem precisa ganhar.
Teve marca que não quis saber
Pague Menos, Mastercard e Gol deixaram o patrocínio da seleção recentemente. Eram patrocínios menores, mas, mesmo assim, foram embora. Custo x benefício não estava valendo.
Milhões não viram o Brasil ganhar
Você sabia que pelo menos um terço dos brasileiros nunca viu o Brasil ser campeão? Quem me chamou a atenção para o dado foi o presidente da Cimed, o João Adibe, o entrevistado do Nizan Guanaes na estreia do CEO Talks no Meio & Mensagem (Nizan sempre se reinventando).
A Cimed patrocina a seleção há uns 12 anos. Chegou a liderar um movimento para que as marcas deixassem o patrocínio, tamanho o descaso da CBF com as marcas. Mas, no fim, continuou.
Na entrevista para o Nizan, o diagnóstico de João foi preciso: "O Brasil é o país do futebol e da música, mas a seleção acabou se desconectando do público. Temos que fazer o futebol brasileiro evoluir e resgatar essa paixão."
O sequestro
João não mencionou o assunto, mas tem outra questão inédita para as marcas: o sequestro da camisa da seleção por um grupo político. Essa, sim, é considerada uma grande mudança de imagem da seleção. Tanto que outro dia rolou até a fanfic da camisa da seleção vermelha. Problemas com CBF, denúncias e essas coisas? Tudo já faz parte do custo Brasil, brincou um CMO de uma marca que patrocina a seleção há uns 40 anos.
E o Nizan, hein?
Tem gente que ama, tem gente que odeia. Mas o fato é que não dá para ficar indiferente ao Nizan. Aos 67 anos, ele estreou como apresentador no programa CEO Talks, elevando a régua da audiência do Meio & Mensagem no YouTube. Conhecer a seita do João da Cimed por meio do olhar do Nizan foi deveras interessante. A linguagem visual também está linda e outras 6 entrevistas já foram gravadas. Mas quero deixar aqui registrado que, se eu pudesse escolher um CEO para o Nizan entrevistar, seria o do Google Brasil. Eu faria, Nizan.
Tem brasileiro no X
Fabio Seidl acaba de assumir o cargo de head global de criação e marca do X, em Nova York. Vai liderar o Next, que é o time responsável por soluções e inovações para agências e anunciantes. Ele chega por lá com a missão de expandir o X no mercado internacional e o Brasil será, sim, chave para esse plano (apesar de a empresa ter se mandado daqui depois do embate com o Supremo). O que as marcas querem mesmo saber do Seidl é se o Elon vai largar a vida política.
Tem carro na pista
A Latam puxou o freio de arrumação depois da pandemia e percebeu que não combina com a empresa ser low cost. Então, voltou aos tempos do tapete vermelho. Não literalmente, claro, porque com tantos voos hoje nem daria tempo de estender o tapete, como bem me lembrou o novo CMO global da empresa de aviação, Rodrigo Padilla.
Pode não ter tapete, mas tem carrão. Os clientes super top, com status Black Signature de milhagens, têm uma comodidade única na companhia. Eles vão de Audi para o avião (quando a aeronave não consegue um finger). O serviço até agora estava apenas disponível em Congonhas, mas agora vai chegar a Guarulhos. E, claro, é uma collab com a Audi.
E será que a Latam vai para o lugar da Gol no patrocínio da seleção? Padilla não quis falar desse assunto de jeito nenhum.
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