Marisa Maiô abre oficialmente a nova temporada da IA

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Uma apresentadora de TV totalmente real, mas totalmente feita de IA. Há pouco mais de uma semana, a Marisa Maiô abriu oficialmente a nova temporada da inteligência artificial. Enfim chegamos à Idade do Bronze. E a coluna hoje dá um panorama de como a IA anda nesta era pré-histórica. Vou contar o que o Kwai está aprontando, como o direito autoral virou garoto propaganda da IA da Adobe, tem ainda a repórter de rua da Marisa Maiô da NBA americana, a IA nas eleições 2026 diretamente de Londres com Igor Paulin, o Vampeta e o patrocínio do rebaixamento e a estreia da nova Oi na TV Aberta.
Sério que ainda é Pré-História?
Sei que neste momento você está louco para dar um Google, um Perplexity, um Bing, para saber que fase foi essa da História porque não consegue acreditar que ainda estamos na Pré-História da IA. Mas sim, ainda estamos na Pré-História. Para chegar à Idade Antiga ainda temos que passar pela Idade do Ferro.
Essa metáfora cronológica, que compara os estágios da IA às eras da história da humanidade, está sendo feita brilhantemente pelo Silvio Meira, cientista-chefe da tds.company, professor emérito da Universidade Federal de Pernambuco e um dos fundadores do Porto Digital, o centro de excelência em inovação do Recife. Em março do ano passado, ele me deu a primeira entrevista fazendo esta cronologia. E agora tomei a liberdade de usar a Marisa do Maiô como símbolo da Idade do Bronze.
Lá em março de 2024, estávamos na idade da Pedra Lascada e ele previa que chegaríamos à idade Contemporânea em 800 dias quando a IA chegaria à complexidade da Filosofia. Só quero dizer que faltam 400 dias para isso acontecer e o Silvio Meira mantém a cronologia. O que significa que o rolê vai acelerar e muito.
Mas antes de chegarmos lá, vale dizer que foi na Idade do Bronze que surgiram as primeiras grandes civilizações, cidades e governos centralizados. Parece que a elite surgiu nessa época também. E o uso do bronze permitiu grandes avanços tecnológicos. Então agora pensa em termos de IA. É aí que estamos.
Compre seu maiô
O meio publicitário não perdeu tempo com a Marisa. A personagem foi criada há dez dias pelo artista Raony Phillips na sua conta do Instagram. No terceiro episódio, três dias depois, o Bernardo Leão da Magazine Luiza já tinha fechado o primeiro merchant (mas tu é rápido, hein, Bernardo?). No episódio, Marisa contou que comprou o maiô na Magalu. Bombou. O episódio teve mais de 4 milhões de visualizações, mais de 230 mil curtidas. Ontem, foi a vez da Lu interagir com Marisa Maiô em novo episódio. (E o preço da publi mais que dobrou, viu?).
A Marisa Maiô americana
Nos Estados Unidos, a rede ABC (da Disney) transmitiu o primeiro comercial 100% produzido por IA (bem ao estilo Marisa Maiô) durante um dos jogos das finais da NBA. O comercial foi feito pela Kalshi, que é uma bolsa de mercados de previsão de resultados de jogos, eleições, clima, dados da economia, ganhadores do Oscar, etc, etc, etc. Parece uma bet, e é muito semelhante a uma bet, mas a Kalshi é regulamentada pela agência de derivativos dos Estados Unidos como uma bolsa de mercadorias real mesmo.
A propósito, a repórter de rua do comercial da Kalshi é muito parecida com a repórter de rua do programa da Marisa Maiô. No fim da coluna, eu posto o link.
Observação importante. Queria dizer que nessa leva das produções da idade do Bronze eu amei mesmo a galera do perfil Bíblia Carioca que contou como o Moisés meteu o loko e abriu os mares no grito. Mas o Moisés é da Era Antiga, então ficaria chato usá-lo como símbolo da Idade do Bronze.
Kwai na cola
O Kwai não quer deixar o Veo3 (a ferramenta do Google que o povo está usando para fazer os vídeos) sozinho nessa e vai liberar o uso do Kling aqui no Brasil. O líder de B2B da rede social, Tom Rocha, me contou que eles estão ansiosos pela liberação da ferramenta. Ainda mais para uma rede social que foca muito nas novelinhas para conquistar seu público. Basicamente, o povo poderá fazer os vídeos a la Marisa Maiô diretamente no Kwai.
Aliás, vocês sabiam que o Brasil é o principal mercado do Kwai depois da China? Eu não tinha ideia. São 65 milhões de brasileiros. O público mais forte do Kwai está no interior do país, segundo o Tom, enquanto o TikTok é a rede das capitais. A propósito, o Kwai vai fazer pela primeira vez uma ação em Cannes.
E os direitos autorais? Estão em que era?
Outro dia estava batendo um papo com o Douglas Bocalao, que é chefe das operações da Ampfy, e ele me contou uma coisa curiosa. Eles escolheram usar a IA da Adobe porque ela garante em contrato que todas as imagens disponibilizadas na sua IA fazem parte do banco de dados da empresa. A Adobe ainda garante um valor X caso a Ampfy seja acionada em algum processo judicial por direitos autorais.
Parece que é assim que a Adobe está conquistando mercado. Pode até não ter a IA mais badalada, mas garante os direitos autorais. Sim, o direito autoral como garoto-propaganda.
Esse Simpson é meu
Essa semana mesmo a Disney e a Universal entraram com um processo conjunto contra o Midjourney com acusação de violação massiva de direitos autorais. A plataforma parece que permite a criação e distribuição de personagens como Darth Vader, Elsa, Minions, Yoda, Shrek e Homer Simpson sem qualquer autorização.
Aviso importante
Outro dia a Nathalia Andrijic, do Google, postou no seu linkedin algo que me chamou muita atenção e é um alerta importante para o povo de estratégia e de pesquisa que usa as ferramentas de IA para compilar dados e conseguir se encontrar em horas de gravação de pesquisas quali. Cuidado ao botar os dados de usuários. Ela recomenda anonimizar as anotações e evitar compartilhar nomes completos ou dados sensíveis.
E o uso da IA em campanha política?
Não quero dizer nada, mas nas eleições de 2026 a IA já vai estar na era contemporânea. Não quero nem ver como vai ser. O Igor Paulin - marqueteiro da nova geração que fez a campanha do JHC para prefeito de Maceió e da Raquel Lyra para governadora de Pernambuco - diz que o jogo muda porque mesmo campanhas com pouquíssimo dinheiro poderão fazer material de alta qualidade e impactante.
Igor foi para Londres esta semana contar o case da campanha JHC que lhe rendeu uma espécie de Leão de Ouro de Cannes, só que das campanhas políticas. Ele foi um dos vencedores da categoria Gold, do Polaris Awards. O Igor me contou que uma das maiores fortalezas da campanha vitoriosa de JHC foi o uso da rede pessoal muito forte construída no WhatsApp, nos últimos quatros anos. A lógica é a mesma que as marcas hoje estão usando nas redes sociais: os nano influenciadores.
O Vampeta e IA
A WMcCann teve uma ideia maravilhosa para o CataflamPRO. Eles vão patrocinar o primeiro time que cair para a segunda divisão neste ano do campeonato brasileiro. Quem já patrocinou rebaixamento????? A ideia é: caiu, doeu, CataflamPRO. O garoto propaganda é o Vampeta, que já caiu umas três vezes. E, claro, o filme está cheio de IA. Mas o Vampeta ainda é real.
A Nio estreia, mas sem IA
A Nio é a empresa que comprou a base de clientes da antiga Oi Fibra e vai estrear na segunda-feira sua primeira campanha em TV Aberta. A campanha foi feita pela Artplan, que usou a atriz Isadora Cruz (totalmente em ascensão) como garota propaganda. Isadora será inflada no meio do comercial. O conceito é de uma internet nova, você leve. Mas a campanha foi feita sem IA. O diretor da Nio, Bruno Chamas, explica que não tem ferramenta ainda para fazer inflar as pessoas de forma natural. Eles usaram bonecos 3Ds. Quem sabe, na Idade Média, isso mude.
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