Katherine Rivas

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Reportagem

Quanto Luiz Barsi ganhou em dividendos na última década?

A carteira do Luiz Barsi Filho, maior investidor individual da bolsa brasileira, sempre despertou curiosidade no investidor pessoa física que busca viver de renda com dividendos. A carteira nunca foi 100% pública, mas o megainvestidor sempre deixou pistas das suas novas compras e vendas no mercado financeiro.

Conhecido como "Rei dos Dividendos", Barsi conquistou uma fortuna estimada em R$ 4 bilhões com sua estratégia de escolher ações de setores perenes e boas pagadoras de proventos. Em 2021, afirmou ter recebido R$ 1 milhão em dividendos por dia.

Mas como seria a carteira do megainvestidor há uma década? E quanto Barsi teria recebido de dividendos neste período? Um estudo feito pela casa de análise Nord Research, com dados da XP Investimentos, fez esse cálculo. Veja a seguir:

Lições do Barsi

Barsi nasceu em uma família humilde e foi a maneira disciplinada com que investe em ações que o tornou bilionário. Desde 1970, Barsi compra ações que pagam bons dividendos e reinveste os proventos recebidos religiosamente para comprar mais ações e aumentar o fluxo de renda passiva.

Mas há algumas lições que você investidor pode extrair da estratégia do bilionário. A primeira é que quando falamos de dividendos o mais importante é ter o maior número de ações das empresas escolhidas para conquistar um bom recebimento de proventos. Neste quesito, o preço com o qual compra as ações conta muito para acumular mais papéis.

É a filosofia de "comprar boas ações, a bons preços e que paguem bons dividendos". O bilionário costuma até estabelecer metas em número de ações possuídas para cada empresa investida.

Além disso, Barsi tem uma predileção por setores perenes, embora não invista apenas neles. Para isso ele opta por investir em companhias do acrônimo BESST (Bancos, elétricas, seguros, saneamento e telecomunicações).

São os setores conhecidos "à prova de balas" porque são resistentes a todas as crises e mudanças vistas no tempo. Além disso, por estarem no dia a dia do investidor, são empresas mais comuns para iniciantes. Estes setores são defensivos, por possuírem uma menor volatilidade histórica e maior previsibilidade de receitas.

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Segundo Rafael Ratto, analista do AGF, plataforma que segue a filosofia Barsi, os setores BESST têm barreiras de entrada significativas para novos concorrentes, possuem uma robusta geração de caixa e são menos dependentes dos ciclos da economia, o que culmina em uma menor volatilidade de resultados.

Estes segmentos também apresentam uma maior previsibilidade de receitas, com capacidade de repasses acima da inflação e remuneração constante aos seus acionistas.

Assim como tem setores preferidos, há segmentos para os quais Barsi nunca olha quando o assunto é dividendos. São estes: varejo, companhias aéreas, construtoras, shoppings e empresas de turismo. Segmentos que na visão dele são mais propensos a sofrer em crises econômicas e não são bons pagadores de proventos.

Como seria a carteira hipotética do Barsi?

A Nord Research utilizou como base um estudo da XP Investimentos para determinar quais ações poderiam estar na carteira do Barsi na última década. O resultado foi que em 2014 a carteira do megainvestidor teria a seguinte composição. Veja abaixo

Ainda, segundo a Nord, pesquisas apontam que em 2014 o patrimônio do Barsi era de R$ 1 bilhão em ações. Foi com a valorização das ações e os dividendos pagos que o megainvestidor conseguiu alcançar uma fortuna de R$ 4 bilhões dez anos depois.

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1. Banco do Brasil (BBAS3)
2. Cemig (CMIG4)
3. Eternit (ETER3)
4. Isa Cteep (TRPL4)
5. Klabin (KLBN11)
6. Paranapanema (PMAM3)
7. Suzano (SUZB3)
8. Taesa (TAEE11)
9. Taurus Armas (TASA4)
10. Unipar (UNIP6)

Os analistas da Nord Research não conseguiram determinar a alocação de cada uma das ações no período, então adotaram o mesmo percentual para as empresas (10%). Também consideraram os preços (sem ajustes) de 10 anos atrás.

Tendo em conta que o patrimônio do Barsi era de R$ 1 bilhão em 2014, cada ação teria um investimento inicial de R$ 100 milhões. Não foram considerados novos aportes, apenas bonificações, aumentos de capital e grupamentos ou desdobramentos.

Também foram levados em conta pagamentos de dividendos e juros sobre capital próprio. Com isso o resultado foi o seguinte:

Quanto o Barsi ganhou em dez anos?

De acordo com o cálculo, R$ 1 bilhão investido nesta carteira hipotética, teria rendido R$ 1,65 bilhão em dividendos nos últimos dez anos. Ou seja, um retorno total de 165% ou em média 10,2% de rendimento ao ano. Este retorno considera apenas os dividendos pagos e não a valorização das ações no período.

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Olhando para as empresas também há gratas surpresas. Na Eternit (ETER3), por exemplo, as ações foram compradas a um preço baixo permitindo acumular vários papéis. Com isso, o retorno em dividendos foi de 169%. Já nas transmissoras Taesa (TAEE11) e Isa Cteep (TRPL4), a rentabilidade com proventos foi de 151% e 126%, respectivamente.

O principal destaque em rentabilidade foi Unipar (UNIP6), que teria sido adquirida apenas a R$ 0,52 centavos por papel. Desta forma, Barsi poderia ter comprado quase 200 milhões de ações, o que resultaria em um retorno em dividendos de 885%. Confira na tabela acima outros rendimentos.

O que o Barsi está comprando?

Com o objetivo de realocar recursos da Cielo (CIEL3), que deixou a bolsa de valores, e da AES Brasil (AESB3), Barsi anunciou que estaria investindo em duas novas empresas. São estas: CSN Mineração (CMIN3) e Banrisul (BRSR6).

Na primeira, o objetivo é ter exposição ao minério de ferro, sendo uma alternativa mais barata do que a Vale.

Já no caso do Banrisul, além dos pagamentos trimestrais, Barsi destacou o histórico do banco que tem mais de 90 anos de história e o fato do estado do Rio Grande do Sul ser o principal beneficiário da distribuição de proventos, o que proporcionaria certa previsibilidade ao banco regional.

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Nesta coluna comentamos mais sobre estas novas aquisições e analistas avaliam se valem a pena para uma carteira de renda passiva: Bilionário Barsi tem 2 novas ações queridinhas: são boas para dividendos?

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