Katherine Rivas

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Reportagem

Ganhe 'salário' de banco sem ser bancário: veja melhores ações do trimestre

A temporada de balanços do 1º trimestre de 2025 será movimentada para os grandes bancos. O Santander saiu na frente no dia 30 de abril, com um resultado dentro do esperado. Agora, os holofotes se voltam para Bradesco e Itaú, que divulgam seus números nos dias 7 e 8 de maio. O Banco do Brasil fecha a rodada em 12 de maio.

Mesmo com sinais de recuperação em algumas instituições, analistas ainda apontam dois favoritos. O Itaú (ITUB4; ITUB3) segue como o nome mais sólido entre os bancões, com perspectiva de bons resultados, valorização e dividendos. O Banco do Brasil (BBAS3), embora deva enfrentar desafios no agro e desaceleração nos lucros, também se destaca para quem busca proventos. Bradesco e Santander continuam no radar, mas ainda em fase de reorganização, se tornando opções para o longo prazo.

Nesta coluna, trago um panorama completo para você identificar as melhores oportunidades. Veja abaixo também quanto tempo você precisa investir para conseguir ganhar um "salário" dos bancos, aplicando R$ 500 ou R$ 1.000 todos os meses.

Quem brilha mais?

Santander (SANB11)

O Santander abriu a temporada de resultados dos bancões com um balanço considerado normal, mas com alertas. Houve avanço no lucro e no retorno sobre patrimônio (ROE), e apenas uma leve deterioração nas provisões para devedores duvidosos (PDD), o que, segundo Milton Rabelo, analista da VG Research, já é um bom sinal diante de um cenário macro ainda desafiador. Ele projeta que o banco possa alcançar um ROE (Retorno Sobre Patrimônio Líquido) de 20% nos próximos anos, desde que mantenha iniciativas como a redução do custo de captação e o avanço do Super App.

Santander está se recuperando bem, mas o investidor deve ficar de olho na inadimplência e no ROE antes de ir as compras. A inadimplência continua no radar. Renato Reis, analista da Blue3 Research, vê nesse ponto o maior risco do trimestre, especialmente na carteira de pessoa física. Marco Saravalle, analista e sócio-fundador da MSX Invest, diz que a inadimplência pode piorar nos próximos trimestres.

Apesar disso, Reis acredita que o ROE de 20% ainda é viável, caso a inadimplência se estabilize. Para ele, o banco mostra avanços em spread e crédito, mas convive com desafios relevantes. Saravalle também acredita que o ROE atingiu uma estabilidade de curto prazo e deve ficar em 17%.

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Sobre dividendos, o Santander segue atrativo, mas exige cautela. Analistas projetam dividend yield (retorno em dividendos) entre 4,5% e 7,5%. O preço-alvo oscila entre R$ 29 e R$ 35, refletindo uma visão mais neutra do papel.

Bradesco (BBDC4)

O Bradesco passa por uma reestruturação com avanços no controle de despesas e na qualidade da carteira de crédito. A recuperação, no entanto, deve ser gradual e sem grandes surpresas no curto prazo. Na visão de Hugo Queiroz, analista e sócio da L4 Capital, a reestruturação deve trazer uma melhoria de lucratividade. Ele vê um ROE crescente à medida que a carteira é reconstruída, mas ainda abaixo do custo de capital de 15,5%.

A inadimplência deve apresentar queda, de acordo com as projeções. Fernando Marx, contribuidor do TC, afirma que a tendência é de melhora ao longo do ano, mas o banco ainda está bem distante de recuperar os níveis de eficiência e rentabilidade que possuía antes da pandemia. Para ele, o Bradesco ainda enfrenta dificuldades para entregar crescimento consistente, o que limita a alta das ações no curto prazo.

Com dividend yield projetado entre 9% e 10% em 2025, o Bradesco segue atrativo na distribuição de proventos, mas requer cautela. Segundo Queiroz, a redução do risco de crédito e a expectativa de rentabilidade crescente sustentam essa atratividade, mesmo com um horizonte de valorização no longo prazo.

A recomendação segue neutra ou de compra cautelosa.

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Itaú (ITUB4)

As projeções para o Itaú são positivas, refletindo a consistência e resiliência do banco diante do cenário econômico. Em um momento de busca por estabilidade e rentabilidade, o Itaú se destaca como uma das melhores opções entre os grandes bancos, tanto para valorização quanto para dividendos.

Bruno Oliveira, analista do Vida de Acionista, acredita que o Itaú manterá uma rentabilidade robusta, com lucro superior a R$ 10 bilhões no 1° trimestre de 2025. A inadimplência, atualmente a menor taxa do setor, deve continuar controlada, com leves oscilações. O ROE deve permanecer acima de 20%, evidenciando a capacidade do banco de gerar rentabilidade.

Júlio Borba, analista da Benndorf Research, projeta uma leve redução nas receitas de cerca de 1% no primeiro trimestre, devido à sazonalidade dos serviços, mas destaca que a receita com juros deve compensar essa queda. Para o lucro, Borba espera um aumento de 1% em relação ao trimestre anterior, com a inadimplência mantendo-se estável.

Em relação aos dividendos, os analistas concordam que o Itaú segue como uma excelente opção. Oliveira projeta um dividend yield de 8,08% para 2025, com pagamento de R$ 2,51 líquidos por ação, recomendando a compra de ITUB3. Borba também estima um yield de 8%, mas prefere ITUB4.

Banco do Brasil (BBAS3)

O BB, conhecido pela sua forte rentabilidade e por ser um dos favoritos para dividendos, pode enfrentar uma desaceleração no crescimento no 1° trimestre de 2025. Segundo Rabelo, a expectativa é de uma retração nos lucros e rentabilidade, com lucro de cerca de R$ 9 bilhões e ROE de 19%. A inadimplência deve aumentar, especialmente no segmento agro, que ainda enfrenta dificuldades. "O mercado estará observando atentamente a dinâmica de inadimplência e PDDs", destaca Rabelo.

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Oliveira também aponta para uma desaceleração dos lucros. Ele não espera surpresas positivas, mas acredita em um ROE estável, com leve tendência de queda. A inadimplência continuará subindo, especialmente no agronegócio, "um perfil de cliente que está passando por uma situação mais delicada", comenta.

Por outro lado, a carteira de crédito, especialmente no agronegócio, deve crescer, impulsionada pela safra de soja, o que ajuda a compensar os efeitos negativos da inadimplência.

Apesar desses desafios, o BB continua sendo uma boa opção para dividendos. Os analistas consultados recomendam compra, com dividend yield entre 7,29% até 11%, e preço-alvo de R$ 30,60. Oliveira projeta dividendos líquidos de $ 2,11 por ação.

Como ganhar um salário de bancos sem trabalhar?

Te ensino como com este levantamento exclusivo do Fábio Sobreira, analista e sócio da Rocha Opções de Investimentos.

Foi simulado quanto investir no Banco do Brasil, Itaú, Bradesco e Santander para obter uma renda de um salário mínimo (R$ 1.518) ou de R$ 7.398,94, um salário mínimo ideal segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

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Também apresentamos quanto tempo isso levaria fazendo aportes de R$ 500 e R$ 1.000 por mês, com reinvestimento dos dividendos. Isso significa que, durante todo o tempo de acúmulo, os dividendos recebidos devem ser usados para comprar mais ações.

Impacto do Consignado Privado

O mercado de crédito consignado privado, embora em estágio inicial, tem potencial de crescimento. Segundo Rabelo, Bradesco e Banco do Brasil são os principais beneficiados por ainda terem pequenas participações no setor. Já Saravalle, destaca o Santander, que já tem expertise neste mercado, mas acredita que Itaú e Bradesco podem acelerar sua atuação no segmento.

Apesar do otimismo, pode demorar até sentir os efeitos nos balanços e dividendos. Alguns analistas acreditam que falta clareza na estratégia dos bancos, enquanto outros pontuam que a Selic alta, impulsionada por risco fiscal e ano eleitoral, vai atrapalhar. Com novidades boas apenas após 2026.

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Faixa 4 do Minha Casa Minha Vida

Já a nova faixa que vai contemplar famílias de classe média deve acabar beneficiando mais bancos públicos no curto prazo, como Caixa Econômica Federal (não listado na bolsa) e Banco do Brasil. Oliveira acredita ainda que quem sabe fidelizar o público pode se posicionar bem neste mercado, como Itaú e Banco do Brasil.

Reportagem

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