6 ações pagam mais que a Selic: quanto rendem R$ 5.000 em dividendos?

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Seis ações pagam dividendos acima da Selic de 14,75%. Juros altos favorecem a renda fixa e pressionam empresas, que enfrentam dívidas mais caras e custos maiores, dificultando a sustentabilidade dos dividendos, mas ainda há opções para quem quer seguir essa estratégia.
Um levantamento de Einar Rivero, sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria, identificou seis ações com dividend yield (retorno em proventos) acima da Selic. O estudo abrange papéis dos índices Ibovespa, IDIV e Small Caps, com dados até 6 de maio. A Petrobras (PETR4), embora abaixo do patamar da Selic (14,22%), foi incluída por seu perfil defensivo em cenário de juros altos, segundo apontam analistas.
Quanto as ações devem pagar
A tabela a seguir mostra quanto essas ações pagaram nos últimos 12 meses. Também inclui o DY projetado para os próximos 12 meses, considerando manutenção dos lucros e a política de distribuição vistos nos últimos 12 meses. A projeção pode ser impactada por dividendos extraordinários. Além disso, também foi incluída a mediana de yield dos últimos cinco anos (ou desde o IPO), oferecendo uma visão mais realista ao investidor da consistência da remuneração aos acionistas nestas empresas.
Quanto rendem R$ 5.000, R$ 10 mil e R$ 20 mil?
Para quem busca uma renda extra recorrente com dividendos, fizemos uma simulação exclusiva para mostrar quanto você ganharia anualmente e mensalmente ao investir R$ 5.000, R$ 10 mil e R$ 20 mil nas ações da lista.
Foi considerado para o cálculo o dividend yield projetado para os próximos 12 meses pela Elos Ayta. Lembrando que este retorno em dividendos pode não se concretizar caso a empresa não tenha um lucro semelhante ao dos últimos 12 meses, equação que fica mais complexa diante de um cenário macroeconômico desafiador. Importante ainda o investidor fazer uma comparação com a mediana do dividend yield dos últimos cinco anos para entender se os proventos são coerentes e sustentáveis com o histórico de remuneração da companhia.
O mínimo que o investidor pode receber por ano é R$ 608 e o máximo, R$ 26.402. Abaixo, confira os diversos cenários! A simulação foi elaborada por Fábio Sobreira, sócio e analista da Rocha Opções de Investimentos.
Ainda vale investir em ações que pagam dividendos?
Apesar dos juros altos, analistas indicam que este é um bom momento para comprar ações. Mesmo com a alta de abril, a Bolsa ainda está barata. O investidor se beneficia tanto da valorização dos papéis quanto do yield on cost - retorno em dividendos baseado no preço pago pelas ações.
Esse DY robusto não se limita às ações da lista. "Há oportunidades em ações conservadoras e defensivas, com bons dividendos, embora abaixo da Selic, mas com boa perspectiva de médio e longo prazo", diz Sergio Neto, analista da Capitalizo. Principalmente, em seguradoras e transmissoras.
No longo prazo, acima de cinco anos, as ações tendem a superar a renda fixa, considerando dividendos e valorização. "Dividendos aumentam com o crescimento da empresa, protegendo o investidor da inflação e aumentando o retorno total", explica Lucas Uhlig, contribuidor do TC.
Ao contrário da renda fixa, cujos retornos são limitados a um indexador, nas ações que pagam dividendos o ganho é infinito. "Há 55 anos, Luiz Barsi Filho comprava ações do Banco do Brasil a R$ 0,60, hoje elas custam quase R$ 29, sem contar os dividendos. É a mágica das ações", exemplifica Bruno Oliveira, analista do Vida de Acionista.
Outro ponto favorável é a tributação: dividendos são isentos de imposto e juros sobre capital próprio tributados em 15%, enquanto a renda fixa acima de R$ 10 mil mensais tem alíquotas mais altas, tornando as ações mais atraentes, justifica Uhlig.
Com a Selic alta temporariamente, as boas pagadoras de dividendos devem se destacar quando os juros caírem.
O que presta para médio e longo prazo?
A maioria das empresas da lista são cíclicas e dependem de commodities ou integram setores voláteis. É o caso dos setores imobiliário e proteína animal, o que limita sua utilidade em uma estratégia de renda resiliente. No entanto, quatro empresas se destacam como alternativas para uma carteira de dividendos de médio e longo prazo: Petrobras (PETR4), CSN Mineração (CMIN3), Cemig (CMIG4) e Valid (VLID3).
A Petrobras (PETR4) continua atraente para quem busca rendimento robusto, com uma mediana de dividend yield de 24,71% nos últimos cinco anos, embora seja difícil sustentar esse patamar. "Quantas empresas conseguem entregar mais de 20% de dividend yield por uma década? Talvez a Petrobras seja uma delas, mas é improvável", pondera Oliveira.
Para 2025, analistas projetam que os dividendos devem variar entre 11% e 14%, dependendo do preço do petróleo Brent, calcula Priscilene Nunes, analista da Ticker Research. Ela também destaca a possibilidade de dividendos extraordinários, dependendo de flutuações cambiais e decisões estratégicas.
A Margem Equatorial, no Norte do Brasil, também deve impulsionar a Petrobras. "Acredito que, com o tempo, todas as liberações serão conquistadas para exploração daquela região", afirma Oliveira, prevendo longevidade e um novo patamar de produção global para a estatal.
Mas o risco político e de interferência do governo permanece. Mas a companhia tem fundamentos sólidos e endividamento controlado, além de estar descontada."Se manter a sua política de distribuição atual, continuará sendo um dos melhores dividend yields da bolsa", diz Uhlig.
A CSN Mineração é uma opção resiliente, especialmente com juros elevados. Com alavancagem negativa, a empresa consegue honrar dívidas por quase 10 anos, mesmo sem receita, segundo Oliveira, refletindo sua solidez financeira. Seu modelo de negócios é protegido contra flutuações cambiais, gerando receita em dólares e custos em reais. A desvalorização do real beneficia seus resultados, como observa Oliveira: "Quanto mais o real desvaloriza, mais a empresa consegue gerar bons resultados para os seus acionistas."
A companhia também é generosa com os acionistas, distribuindo nos últimos anos mais de 100% do seu lucro em proventos na média. Para 2025, Oliveira espera um dividend yield de 8,94%.
A JBS (JBSS3) se destaca no curto prazo, impulsionada pela estabilização dos preços do boi nos EUA, possível listagem no mercado americano e tensões comerciais internacionais. Segundo Nunes, as margens da JBS EUA devem melhorar, proporcionando dividendos maiores. No entanto, a performance da empresa depende do preço da commodity, tornando o investimento cíclico e arriscado no longo prazo. Neto complementa que, apesar dos dividendos elevados no curto prazo, sua natureza cíclica a torna menos atrativa no médio e longo prazos. Analistas esperam dividend yield entre 9% e 11% em 2025.
A Syn Prop Tech (SYNE3) oferece dividendos pontuais fruto da venda de ativos, mas são não recorrentes, com altas em momentos específicos, observa Nunes. A empresa está exposta ao mercado imobiliário, limitando sua previsibilidade no longo prazo. Guilherme La Vega, analista da Arkad Invest, reforça que a Syn não é uma boa opção para o longo prazo devido à irregularidade dos dividendos.
Ambas as ações são boas para retorno rápido, mas não servem para carregar no futuro.
Mas o que serviria? Aqui uma breve lista citada pelos analistas: BB Seguridade (com DY de 10% para 2025), Isa Energia (DY de 8,81%), Taesa (DY de 11% até 13%), Banco do Brasil (DY de 10% até 12%), Copel (DY de 9% até 11%) e Sanepar (DY de 8% até 10%). E Direcional (DIRR3) para dividendos no médio prazo, com DY de 15%.
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