Mariana Barbosa

Mariana Barbosa

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

Voepass tem até 10 de maio para vender slots em Congonhas

A decisão da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) de manter os slots da Voepass mesmo com a suspensão das operações deu um fôlego curto para a companhia. A empresa tem só até o dia 10 de maio para retomar suas operações ou conseguir vender os 20 slots (horário de pouso e decolagem) que possui em Congonhas, seu maior ativo hoje.

Isso porque para manter os slots de Congonhas ativo, o operador precisa realizar no mínimo 80% dos voos programados a cada temporada. A próxima temporada começa no dia 30 de março e vai até 25 de outubro. O período de 30 de março até 10 de maio representa 20% dos voos, o máximo que pode ser cancelado.

A Voepass tem 20 slots, equivalente a 3,43% da capacidade do aeroporto de Congonhas, considerando a divisão da última temporada. A companhia já teve slots com horários melhores, mas fez uma troca com a Latam no acordo selado entre as duas empresas em junho do ano passado, dois meses antes do acidente com o ATR 72, que deixou 62 mortos.

Em tese, Latam, Gol e Azul poderiam se habilitar a comprar os slots da Voepass, pois mesmo com os 3,43% elas seguiram dentro do limite de 45% máximo que qualquer empresa pode ter em Congonhas. Hoje a Gol tem 41,2%, a Latam, 40,89% e a Azul, 14,4%.

Outros candidatos

Mas elas não são as únicas. Recentemente, a Total Linhas Aéreas anunciou planos de retomar operações com passageiros, após 17 anos dedicada ao transporte de cargas. E a Anac acaba de autorizar uma nova empresa, a Avion, mas que opera no modelo de wet lease - fazendo a operação completa para outras empresas.

Ampliar a operação em Congonhas em um momento em que negociam a fusão pode não ser uma boa ideia para Azul e Gol - considerando um cenário em que, caso a operação avance no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a aprovação esteja condicionada a medidas de mitigação, como redução da operação em Congonhas.

Além disso, o momento para incorporar novos slots não é o melhor, pois às vésperas da temporada, as empresas já programaram a malha e a utilização dos aviões. Soma-se a isso o fato de que se a Voepass não conseguir vender, os slots voltam para a Anac, que fará a sua redistribuição entre as empresas interessadas - e aí o ativo sai de graça.

Procurada, Azul disse que não está em negociação sobre slots com a Voepass. Gol e Latam não quiseram comentar.

Continua após a publicidade

Em nota, a Voepass afirma que está "trabalhando para retomar suas operações o mais breve possível". "Desde que recebeu a notificação da Anac, a companhia iniciou as tratativas internas para demonstrar sua capacidade de garantir todos os níveis de segurança exigidos pela agência reguladora."

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.