Time de notáveis liderado por Sheinkman vai assessorar presidência da COP
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O economista José Alexandre Scheinkman vai liderar um conselho de notáveis especialistas em finanças climáticas que vai apoiar o presidente da COP-30, André Correa do Lago, na elaboração do relatório com recomendações sobre como financiar a transição energética.
Scheinkman, 77 anos, é um dos economistas mais renomados do país. Formado pela UFRJ com mestrado em matemática pelo IMPA, fez carreira acadêmica nos EUA. Lecionou por 26 anos na Universidades de Chicago e, posteriormente, em Princeton e depois na Columbia. Dentre seus alunos de doutorado está o Nobel Paul Romer.
Scheinkman vai coordenar um time com os maiores especialistas do mundo em finanças climáticas, incluindo Amar Bhattacharya, Lord Nicholas Stern e Vera Songwe, autores do relatório divulgado paralelamente à COP-29, no Azerbaijão, que estimou em US$ 1,3 trilhão o custo anual do financiamento à transição climática nos países emergentes. Os três são co-líderes do grupo independente de altos especialistas em finanças climáticas (Independent High-Level Expert Group on Climate Finance).
Scheinkman também está recrutando para a missão de assessorar a presidência da COP-30 a economista italiana Mariana Mazzucato. A economista esteve recentemente no Brasil e coordenou, junto com a Vera Songwe, o Grupo de Especialistas da Força-Tarefa do Clima (TF Clima) da presidência brasileira do G20.
Outros economistas, especialistas em temas específicos como mercado de carbono, florestas, taxação internacional, também devem contribuir pontualmente com suas respectivas expertises.
Conforme estabelecido na COP-29, a edição brasileira deverá apresentar o relatório "de Baku a Belém", traçando o caminho para sair do patamar já acordado de US$ 300 bilhões — que os países desenvolvidos terão de transferir para ajudar os países em desenvolvimento a cumprir com as metas ambientais e de redução de emissões — para a cifra de US$ 1,3 trilhão.
Pelas contas do IHLEG, a transição energética vai custar US$ 2,7 trilhões ao ano até 2030 para os países em desenvolvimento, sendo que US$ 1,4 trilhão virá de recursos domésticos e o restante dos países desenvolvidos — que são os maiores emissores e causadores das mudanças climáticas.
Além do conselho de economistas, a presidência da COP-30, encontro que acontecerá em Belém em novembro, vai contar ainda com outros dois especialistas que vão liderar conselhos temáticos abertos nas áreas de Ciência e Inovação.
O conselho científico será liderado pela matemática Thelma Krug, vice-presidente do IPCC, Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU. Krug terá a companhia de grandes nomes da ciência nacional como Carlos Nobre, Paulo Artaxo, Tatiana Sá, Marina Hirota e Ima Vieira, além de cientistas estrangeiros.
Já o conselho de Tecnologia, Inovação e Clima será liderado pelo advogado Ronaldo Lemos, cofundador do Instituto Tecnologia e Sociedade.
Além dos conselhos, a presidência da COP está criando outras quatro instâncias (ou círculos) de diálogo para engajar na busca de consensos e que contarão com as lideranças dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas), além do ex-primeiro-ministro da França, Laurent Fabius.
Fabius, que presidiu a COP do Acordo de Paris em 2015, vai liderar um grupo que vai receber contribuição de todos os presidentes de COPs dos últimos dez anos.
Haddad vai juntar ministros das Fazendas dos países que sediaram a COP nos últimos dez anos. Mas o conselho é aberto e deve atrair ainda ministros de outros países envolvidos com o tema, como Índia e China. A COP de Belém será a primeira a envolver ministros da Fazenda ativamente na busca por consensos.
Guajajara vai coordenar o círculo de povos originários, quilombolas e afrodescendentes, recebendo contribuições e ampliando a participação dos diferentes grupos nas discussões climáticas. Por fim, Marina vai coordenar o círculo de ética: um canal para ouvir lideranças religiosas, filosóficas e acadêmicas sobre as implicações das mudanças do clima.
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