Governo prepara socorro à Azul usando Fundo de Garantia à Exportação
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O governo federal está desenhando uma linha de socorro às companhias aéreas usando o Fundo Garantia à Exportação (FGE) como lastro no valor de R$ 2 bilhões por empresa aérea, apurou a coluna. Apesar de disponível para as três empresas, a linha está sendo desenhada para socorrer a Azul — empresa que vem enfrentando dificuldades para reestruturação das suas dívidas. As ações da companhia já caíram quase 60% este ano e hoje valem R$ 1,47.
A Gol, por estar dentro do Chapter 11, o processo de recuperação judicial nos EUA, não está habilitada para pegar o crédito neste momento. A Latam, que fez a sua reestruturação durante a pandemia, não tem problema de caixa e consegue levantar recursos mais barato no mercado.
A nova linha é adicional à de garantia do FNAC, o fundo nacional de aviação civil, que vem sendo prometida como socorro às aéreas desde o governo passado, mas que vem esbarrando em entraves burocráticos e até hoje não saiu.
Esta não é a primeira vez que o governo libera o FGE para as empresas aéreas. No final de dezembro de 2023, o governo aprovou a garantia do FGE para as empresas pagarem pela manutenção de motores na Celma, empresa de motores da GE Aerospace em Petrópolis. A Azul foi a única empresa a acessar a garantia, levantando na época US$ 200 milhões. A Gol entrou no Chapter 11 um mês depois. E a Latam não se interessou.
Desta vez, segundo apurou a coluna, o FGE está sendo estruturado para bancar a compra futura de combustível sustentável de aviação (SAF), que será enquadrado como exportação. O FGE deve garantir 100% da operação. Com isso, a Azul poderá pegar um empréstimo de R$ 2 bilhões no mercado, apresentando como única garantia o FGE.
A linha anterior do FGE para motores de avião, a garantia do governo cobria 95% da operação.
Segundo fontes, a operação deve ser apreciada no dia 8 de maio, data da próxima reunião do Cofig (Comitê de Financiamento e Garantia das Exportações), colegiado da Câmara de Comércio Exterior que acompanha as operações do FGE e também do Proex (Programa de Financiamento às Exportações).
A garantia dá uma sobrevida para a Azul. Hoje a empresa anunciou uma captação de R$ 600 milhões com credores que já possuem títulos da empresa no exterior, tendo como colateral recebíveis de cartões de débito e crédito. Os títulos vencem em 6 meses, mas a empresa se comprometeu a quitar o empréstimo antes caso consiga levantar um empréstimo garantido pelo governo antes desse prazo.
Segundo noticiado pela Bloomberg, a Azul contratou o banco PJT Partners para levantar esse empréstimo ponte. A intenção original era captar R$ 900 milhões, mas a empresa só conseguiu garantir dois terços disso. O mesmo aconteceu com a oferta pública de ações realizada na semana passada: a empresa levantou R$ 1,661 bilhão, sendo R$ 1,6 bilhão proveniente em conversão de dívidas de credores antigos. A empresa esperava captar até R$ 4,1 bilhões.
No início do ano, a Azul, juntamente com a Gol, fizeram um acordo com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional para o perdão de dívidas, juros e multas. As empresas aderiram a um programa de regularização fiscal aberto para devedores em geral, não apenas do setor aéreo. A Azul tinha uma dívida de R$ 2,8 bilhões e recebeu um desconto de mais de R$ 1,7 bilhão. O saldo de R$ 1,1 bilhão foi parcelado em 120 vezes. Já a Gol conseguiu reduzir o passivo de quase R$ 5 bilhões em R$ 4,1 bilhões, restando um saldo de R$ 880 milhões a pagar em 120 vezes.
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