Justiça nega pedido do Rosewood para colocar disputa com Allard sob sigilo
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O Tribunal de Justiça de São Paulo negou um pedido da dona do hotel Rosewood para que Alexandre Allard, seu sócio no empreendimento, abstenha-se de divulgar informações internas da companhia na imprensa em uma ação que escancarou a disputa societária do empreendimento de luxo Cidade Matarazzo.
A CTF (Chow Tai Fook), conglomerado da bilionária família Cheng, de Hong Kong, também teve negado um pedido para determinar que Allard solicite segredo de Justiça em uma ação de produção antecipada de provas ingressada pelo empresário no Tribunal de Justiça de São Paulo no mês passado.
Na ação, Allard acusa a CTF de espionagem com a invasão do computador de uma colaboradora e advogada de confiança dele para, possivelmente, compartilhar as informações encontradas com Ilan Elkaim, CEO da BM Empreendimentos e ligado à CTF.
A CTF alegou no seu pedido que está sendo "levianamente acusada de espionagem pelos jornais com base nas falácias narradas pelo Sr. Allard". O pedido era uma tutela cautelar antecedente à instauração de uma arbitragem. Processo privado de resolução de conflitos empresariais, a arbitragem deve ser instalada nas próximas semanas, em uma corte arbitral de São Paulo.
Na ação de produção antecipada de provas, Allard busca levantar evidências para tentar comprovar o direito autoral sobre o empreendimento por ele idealizado — e que a CTF diz ser "inexistente". Allard perdeu o controle sobre a marca Cidade Matarazzo em 2021, quando também perdeu o controle da BM Empreendimentos, empresa que é dona do hotel e detentora do registro da marca junto ao INPI.
Diz a CTF que as partes estão em uma negociação confidencial "para regular o uso de marcas registradas e logomarcas associadas ao hotel e ao empreendimento Cidade Matarazzo". Na visão de Allard, conforme descrito por seus advogados na ação, trata-se de "um leonino instrumento para um possível acordo, intitulado 'Term Sheet', em que [a CTF] buscava, dentre outros objetivos inconfessáveis, obter o reconhecimento de que toda a propriedade intelectual do Projeto Cidade Matarazzo supostamente lhe pertenceria".
Para a CTF, contudo, a disputa pelos direitos autorais do empreendimento seria apenas uma cortina de fumaça para a verdadeira disputa entre as partes: os termos de diluição da última rodada de conversão de debêntures, que poderá reduzir ainda mais a participação de Allard no negócio. A CTF é dona, hoje, de 65,22% do FIP BM 888, que detém 99,9% das ações da BM Empreendimentos. Já Allard, por meio de diferentes veículos, detém os 34,76% restantes. Allard pode ver essa participação cair para 15% se não fizer um aporte de capital da ordem de R$ 100 milhões até agosto, conforme noticiado pela coluna Painel S.A, da Folha de S.Paulo.
Diz ainda a CTF que Allard teria iniciado "uma verdadeira perseguição contra a CTF sem a mínima preocupação dos efeitos disso para os negócios". A CTF, que arcou com a maior parte dos investimentos no empreendimento desde 2013, afirma já ter gasto "patamar superior a R$ 700 milhões" com o projeto — cifra bem inferior aos R$ 2,7 bilhões que Allard vem dizendo que foram desembolsados.
Procurado, o advogado do grupo francês, Leandro Chiarottino, sócio de Chiarottino e Nicoletti Advogados, preferiu não comentar a decisão judicial pelo fato de o tema estar, ao menos em parte, submetido a segredo de Justiça. Até a publicação deste artigo, a CTF ainda não havia respondido a um pedido de comentário.
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