Mariana Barbosa

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Bradesco: risco de inadimplência explica cautela no consignado privado

A cautela do Bradesco — assim como dos demais bancões privados — na adesão ao programa do crédito consignado para os trabalhadores com carteira assinada pode ser explicada pelo risco de inadimplência, diz o CEO do Bradesco, Marcelo Noronha. A despeito das garantias atreladas a uma parcela do FGTS, o banco vê hoje a modalidade de Crédito ao Trabalhador como tendo um risco de crédito clean (sem garantias).

"Tem bancos fazendo com mais segurança, mas não são os privados. E outros fazendo com taxas maiores, acho que correndo algum risco, sabendo que eles têm um risco clean", afirmou o executivo durante conversa com a imprensa para a divulgação dos resultados do primeiro trimestre. "Se a gente não está fazendo (em grandes volumes), é porque a gente vai com o pé no chão."

O banco lucrou R$ 5,9 bilhões no primeiro trimestre, alta de 39% sobre o mesmo período do ano anterior e acima da expectativa do mercado.

No primeiro mês do programa do Crédito ao Trabalhador, lançado em 21 de abril, foram concedidos R$ 8 bilhões, sendo R$ 3 bilhões só de Banco do Brasil e Caixa. Hoje a soma dos desembolsos passa de R$ 10 bilhões.

Ele diz acreditar que há uma oportunidade grande de crescimento para o Bradesco na modalidade de consignado privado, mas que isso deve começar a acontecer a partir de julho ou agosto, quando o programa estiver "mais redondo".

"Começamos com uma estratégia defensiva da nossa base de clientes, oferecendo dentro da nossa esteira de folha de pagamentos", disse Noronha. O banco tem 14,3% de participação no consignado total, público ou privado. Mas a penetração no privado (pela regra antiga, voltada para funcionários de grandes empresas) é menor, uma vez que o banco costuma trabalhar mais o crédito pessoal sem garantias para a base de clientes das folhas de pagamento que administra.

"O consignado privado, é óbvio, tem mais do dobro da inadimplência do público e do INSS. E a nossa inadimplência no consignado privado é bem inferior à linha do mercado", afirmou o executivo. Questionado se teria defendido uma ampliação da fatia de 10% do FGTS previsto como garantia no programa, ele negou: "A gente não pediu mais garantia não. Nem precisava de garantia do FGTS."

Na elaboração do programa, os bancos se opuseram à ideia de adoção de um teto para a taxa de juros. "Tem de haver o devido cuidado na concessão desse crédito. Os modelos de aprovação são modelos um pouco mais complexos, pois você tem que olhar os dois lados: o risco da pessoa que está demandando e da empresa onde ela trabalha."

RESULTADO

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A receita do Bradesco ficou em R$ 32,3 bilhões no primeiro trimestre, uma de 15,3% que foi impulsionada, principalmente, pelo crescimento da margem financeira total, das receitas com serviços e da área de seguros.

A carteira de crédito cresceu 12% no ano, ultrapassando a marca de R$ 1 trilhão. Houve expansão de 16% na carteira de pessoas físicas e de 10% na de empresas (pessoa jurídica). A inadimplência se manteve estável.

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