Aceita cripto? Binance lança integração com Pix
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A Binance, maior corretora de cripto do mundo, está lançando uma ferramenta de integração com o Pix que vai permitir aos clientes usar o meio de pagamento digital para fazer compras em qualquer estabelecimento ou transferências bancárias, debitando instantaneamente da conta de criptomoedas. A nova funcionalidade tem o potencial de ampliar o alcance dos criptoativos para além do seu uso como investimento.
Há dois anos, quando lançou um cartão de crédito que permitia pagar em reais — solução hoje descontinuada aqui e no mundo — metade dos clientes que solicitaram o cartão eram novatos no mundo cripto.
Hoje o cliente da Binance até consegue pagar com cripto, por meio da solução Binance Pay, mas apenas em estabelecimentos previamente conveniados. No Brasil, essa solução é aceita por iFood, Decolar, Renner, Centauro, Virara, entre outros. Guilherme Nazar, vice-presidente regional da Binance para a América Latina, diz que a empresa vai seguir fazendo convênios, mas mais por uma questão de marketing do que de negócio propriamente. "É a primeira integração do Binance Pay a um sistema nacional de pagamentos no mundo", diz Nazar.
A Binance encerrou o ano passado com o equivalente a US$ 160 bilhões em ativos sob custódia e tem hoje 270 milhões de clientes registrados em todo o mundo. O Brasil está entre os dez maiores mercados para a corretora.
Segundo uma pesquisa recente do Datafolha com a Paradigma Education, 15% dos brasileiros possuem algum investimento em criptomoedas - fatia que supera investimentos em dólar (14%), títulos públicos ou privados (12%), ouro (9%) ou ações (6%). Perde para poupança (52%).
Para João Marco Cunha, economista e especialista em criptoativos, diferentemente dos demais ativos financeiros convencionais, a criptomoeda não tem uma fronteira tão definida entre investimento e de meio de pagamento. "A integração com o Pix facilita a adesão para o recebedor. E sempre que você tem mais facilidades, vai ter mais gente propensa a aderir", diz ele. "Vira uma 'poupança' com alta rentabilidade e muita liquidez."
Mas ele vê uma atratividade do Pix para quem aposta na cripto como um investimento mais especulativo. "Quem tem um pensamento de longo prazo, que vê cripto como um ativo para carregar por muito tempo, não vai fazer um pix para tomar um cafezinho", diz Cunha. "Mas o investidor com um olhar mais especulativo, como os influencers que fazem day trade, tiram R$ 500 e saem para gastar no japonês, deve se interessar."
A operacionalização da integração com o Pix será feita em parceria com o Z.ro Bank, instituição de pagamentos autorizada a operar pelo Banco Central.
Regulação
A popularização das criptomoedas torna ainda mais relevante a regulação das corretoras por parte do Banco Central, para garantir a segurança do usuário.
Até o fim do ano, o Bacen deve definir as regras de conformidade dos prestadores de serviço de ativo virtual (VASP) — pauta que está sob consulta pública. Dentre os temas em discussão estão medidas prudenciais como o capital mínimo que o custodiante deve ter para atuar nesse mercado.
"Hoje não tem segregação patrimonial e em caso de falência, o seu dinheiro que está sob custódia vai para a massa falida", diz Cunha. "O texto da consulta não prevê, mas considero importante que você tenha segregação patrimonial, separando o que o dinheiro que o investidor colocou sob custódia e o dinheiro da empresa."
Biden x Trump
No governo Biden, a Binance foi multada em US$ 4,3 bilhões por lavagem de dinheiro e outros crimes — mas hoje se transformou em parceira de Donald Trump. A stable coin emitida por uma empresa controlada pela família Trump foi usada para concluir um investimento recente de US$ 2 bilhões feito na Binance pela MGX, empresa de Abu Dhabi.
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