Mariana Barbosa

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Doações da JBS para Donald Trump entram na mira dos Democratas

Às vésperas de uma assembleia de acionistas que vai decidir, na sexta-feira, sobre a dupla listagem das ações da JBS na Bolsa de Nova York, a empresa dos irmãos Batista vem sendo questionada por suas ligações com o presidente Donald Trump.

A empresa que se consolidou como a maior produtora mundial de carnes com a ajuda da política dos campeões nacionais no BNDES nos governos do PT, entrou na mira da senadora democrata Elizabeth Warren.

Em carta enviada na segunda-feira à JBS, a senadora questiona a motivação para a doação de US$ 5 milhões (R$ 28 milhões) para a cerimônia de posse do republicano. Foi a maior doação individual para o evento.

Segundo a agência Reuters, a senadora pergunta na carta se o tema das doações e da aprovação da listagem foram tratadas por executivos da JBS ou da subsidiária Pilgrim's Pride com Trump e sua equipe. "Suas grandes doações e participação direta em políticas federais e ações de fiscalização, e a série de ações do governo Trump que beneficiam suas empresas levantam sérias preocupações sobre um possível acordo quid-pro-quo", escreve Warren.

Em abril, a SEC, o órgão regulador do mercado de capitais nos EUA, aprovou finalmente a listagem das ações na Bolsa de Nova York, encerrando um calvário de uma década da JBS. A intenção é listar as ações em NY e manter um "espelho" na B3 na forma de BDRs.

A empresa vinha tentando abrir capital nos EUA desde 2016, mas os planos foram inicialmente atropelados pela Lava Jato. Depois, a empresa teve a demanda negada durante o primeiro mandato de Trump e também no do democrata Joe Biden, em meio a uma forte pressão de ambientalistas e de políticos por conta de denúncias de desmatamento e corrupção.

Em março, um novo obstáculo surgiu no caminho da listagem na Bolsa de Nova York: uma ação movida pelo CEO da Paper Excellence, Jackson Wijaya, contra Joesley e Wesley Batista na pessoa física, nas cortes de Miami.

Temendo os desdobramentos dessa ação movida em solo americano, Joesley foi até a Indonésia para se reunir com um representante de Wijaya e negociar um acordo na disputa bilionária pelo controle da Eldorado Celulose que vinha sendo travada pelos dois grupos há oito anos. Contexto: os Batista venderam o controle da Eldorado, questionaram os termos da venda, perderam na arbitragem e passaram anos tentando anular a decisão arbitral.

Para encerrar o litígio com Wijaya, os Batista concordaram em pagar US$ 2,7 bilhões à vista pela participação de 49% da Paper na Eldorado, valor pouco acima do originalmente proposto pelo banqueiro André Esteves do BTG, que atuou pelo lado da Paper. O valor é praticamente o dobro do que a Paper pagou pelos 49% em 2018.

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Com o terreno jurídico em solo americano liberado, a listagem na NYSE agora depende da aprovação dos acionistas. Mas se até poucos dias atrás o mercado dava como certa a aprovação, essa certeza foi abalada com os questionamentos de duas grandes consultorias de recomendação de votos, a ISS e a Glass Lewis, que expuseram suas preocupações com a governança do formato de listagem das ações. Pela modelagem, serão duas classes de ações, sendo que na classe mais ilíquida, cujas ações são detidas principalmente pelos controladores, o poder de voto é de 10x para 1.

Em um relatório enviado a clientes, o JP Morgan disse ainda acreditar na aprovação — com base na crença de que os acionistas devem reconhecer o potencial de valorização dos papéis - mas ressaltou que os questionamentos das consultorias podem reduzir essas chances.

A votação foi encerrada na segunda-feira, mas o resultado só se tornará público na assembleia de sexta-feira (23).

O Poder e Mercado é exibido terças e quintas, às 20h, com apresentação de Raquel Landim e comentários de Mariana Barbosa e Graciliano Rocha. O programa de política e economia chega para conectar os grandes temas do Congresso Nacional a seus impactos no mercado financeiro e no dia a dia das pessoas.

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