Wesley Batista defende revisão de benefícios: 'Falta gente para trabalhar'
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O empresário Wesley Batista, dono da gigante da proteína animal JBS, afirmou que está difícil encontrar mão-de-obra para trabalhar nas suas indústrias no Brasil. Ele defendeu uma revisão do tamanho dos benefícios sociais do governo federal para controlar o gasto público.
Precisamos apoiar programas sociais, mas faz sentido rever o tamanho. Estamos no interior do Brasil, o agro é uma economia pujante, mas não tem gente para trabalhar.
Wesley Batista
Batista participou hoje no Guarujá (SP) de seminário do Esfera Brasil que contou com a presença de empresários, ministros, governadores, do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso.
O ajuste fiscal pelo lado do corte dos gastos públicos foi o samba de uma nota só entoado no encontro, que acontece em meio às fortes pressões para a derrubada do decreto que aumentou as alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para operações de crédito visando a uma arrecadação de R$ 60 bilhões até 2026.
Batista ecoou a fala do banqueiro André Esteves, chairman do banco BTG Pactual, no mesmo painel — ainda que tenha sido o empresário mais otimista do encontro com relação à economia e ao governo federal.
Temos que jogar o trabalhador de volta para o mercado formal de trabalho. Sempre defendi os programas de transferência de renda. Mas estamos no 'all time high' [recorde histórico] das despesas, em um momento em que o emprego está em alta histórica. Está claro que não tem mais como crescer o gasto.
André Esteves, chairman do BTG Pactual
Esteves criticou a indexação dos aumentos previdenciários ao salário mínimo. "A gente decidiu dar um reajuste real para o salário mínimo, mas o problema é que isso está atrelado às contas da Previdência, o que faz com que o aposentado ganhe um reajuste de 15,5%. O Brasil passa a ser o único país do mundo que dá um ganho de produtividade para quem não trabalha. Não precisa ser um grande economista para entender que tem alguma coisa errada. Nós temos que proteger o aposentado da deterioração inflacionária. Agora, não faz sentido ter ganho de produtividade. Esse tipo de gasto é que faz o juro ser 15%, disse.
Dividindo o palco com Batista e Esteves, o CEO do Itaú, Milton Maluhy, defendeu um aumento do contingenciamento do Orçamento como alternativa ao IOF. "O valor de R$ 50 bilhões de contingenciamento anunciado é importante. Mas, se tiver que ser um pouco mais, é melhor isso do que pesar na sociedade [com aumento de IOF sobre o crédito]. Segundo Maluhy, o IOF acrescenta de 6 a 10 pontos percentuais no custo do crédito sobre a taxa de 14,75% da Selic.
Para o presidente da Febraban, Isaac Sindey, o Brasil terá que fazer o ajuste fiscal "por bem ou por mal". "Temos que interromper a escalada de gastos públicos. Se não fizer por bem, vai fazer por mal, porque vai ser cobrado nas urnas", disse. "O cobertor ficou curto porque a gente não enfrenta a questão estrutural."
Sidney disse ainda ver disposição do presidente Lula (PT) para discutir o corte de gastos e lembrou que a contribuição tem que vir de toda a sociedade — do Legislativo, do Judiciário e do empresariado —, lembrando que é preciso rever os R$ 700 bilhões de renúncia fiscal.
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