Mariana Grilli

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Reportagem

Plano Safra: inflação de alimentos obriga governo a manter juros do Pronaf

Os valores para o Plano Safra 2025/26 serão anunciados amanhã e terça-feira. Assim como em anos passados, o governo federal divulgará em datas distintas, começando pelos recursos destinados à agricultura familiar e, no dia seguinte, à agricultura industrial. Com a proximidade do anúncio, aumenta também a expectativa sobre os juros subsidiados.

Fontes ligadas ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) conversaram com coluna sobre a expectativa dos valores a serem aplicados. Sem revelar o montante exato para esta parcela de agricultores, a fala das pessoas ouvidas segue na mesma direção: juros baixos para controlar a inflação de alimentos.

"Manteremos taxas inalteradas em grande parte das linhas, sem alterá-las para a produção de alimentos. Mesmo em um cenário difícil, pelo aumento da Selic, manteremos [as taxas reduzidas]. Isso será fundamental para conter a inflação dos alimentos", disse uma das fontes.

O foco da pasta é viabilizar a produção de alimentos. Para isso, as taxas de linhas de Custeio e Mais Alimentos do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) devem seguir as mesmas. Isto é, para produção de alimentos básicos como arroz, feijão, leite, mandioca, frutas e verduras, os juros devem seguir em 3% para a temporada 2025/26.

Já a alíquota para custeio, em 2024/25, variou entre 0,5% e 6% ao ano, dependendo da finalidade e do tipo de produção. A expectativa, portanto, é que o governo mantenha este patamar.

Na temporada 2024/25, o valor do crédito rural para agricultura familiar foi de R$ 76 bilhões, com recursos destinados principalmente ao Pronaf. De acordo com pronunciamentos recentes do ministro Paulo Teixeira, a temporada de 2025/2026 será de valor recorde e o objetivo é concretizar também o recorde de subsídios.

Agricultura industrial

A perspectiva do setor produtivo é de que os recursos do Plano Safra 2025/26 sejam entre R$ 550 bilhões e R$ 600 bilhões, considerando ambos os Plano Safra. Se confirmado, será um recorde para o setor.

Na semana passada, durante evento no Mato Grosso do Sul, a senadora e ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou que o ideal seria o governo federal trabalhar com R$ 25 bilhões para a equalização de juros. Na safra que se encerra, foram R$ 16 bilhões para esta equalização.

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"Estou muito preocupada com o que vem de Plano Safra. Ninguém sabe direito o que vem por aí [...] A agricultura não sobrevive com juros de 20%", afirmou. Para ela, os juros devem se manter abaixo de dois dígitos, mas a Selic a 15% deve inviabilizar a expectativa de Tereza Cristina, vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária no Senado.

Reportagem

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