Juros vão subir, mas voltarão a 13% ao ano em 2025?
Quando o presidente Lula assumiu o terceiro mandato, a taxa básica de juros (Selic) era de 13,75% ao ano, e assim se manteve até o meio do ano de 2023.
Apesar da pressão pública de Lula, que começou criticar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já em fevereiro ("esse cidadão"), o ciclo de quedas dos juros só começou em agosto, mas foi interrompido na semana passada, com o início de um novo movimento de alta, a primeira elevação deste mandato de Lula, para 10,75%.
A ata da decisão da semana passada, publicada nesta terça-feira (24), reforça a preocupação da autoridade monetária com a pressão inflacionária em função do aquecimento da economia, mas não diz quais serão os próximos passos, apenas que o ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo iniciado vão depender da dinâmica da economia.
Segundo o Banco Central, vão depender: "da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto [indicador que mede os ciclos da economia] e do balanço de riscos".
Causou dúvidas ao mercado na semana passada o fato de o corte ter sido leve, de 0,25 ponto percentual, e o tom do comunicado, divulgado logo após a reunião, mais duro (hawkish), especialmente no trecho sobre a necessidade de uma política monetária mais restritiva.
A questão que permanece sobre a mesa, mesmo após a divulgação da ata nesta terça, é de qual será a duração e a envergadura do ciclo de alta. O provável é que os juros cheguem a 12% ao ano já no início de 2025 e que os cortes parem por aí. No boletim Focus, a aposta é que a Selic encerre este ano de 2024 a 11,5% e o de 2025 a 10,5%, com uma reversão do ciclo de alta já em 2025, portanto.
Apesar de essa ser a percepção média, já há no mercado quem espere pela volta dos juros na casa dos 13%, algo menos provável e o presidente Lula, pelo histórico das duas declarações, não gostaria.
A diferença para fevereiro de 2023, quando Lula declarou guerra pública contra Roberto Campos Neto, é que a partir de janeiro o Banco Central será comandado por um indicado por ele: Gabriel Galípolo. A exemplo do que aconteceu na semana passada, Lula e o PT devem pegar leve nas críticas, especialmente a Galípolo. Mas podemos dar como certas as críticas à política monetária do BC caso o aperto leve ao incômodo patamar de 13%, o que vai na contramão do desejo do presidente Lula: de ter juros abaixo dos dois dígitos no seu mandato.
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