O lado bom e o ruim da decisão do BC de elevar os juros
O Banco Central surpreendeu nesta quarta-feira (11) com uma decisão mais agressiva do que se esperava em relação à taxa básica de juros. Além de elevar a Selic em um ponto percentual, para 12,25% ao ano, o BC sinalizou que irá elevar os juros em mais dois pontos percentuais nas próximas duas reuniões.
O que a autoridade monetária está dizendo com isso é que precisa de pelo menos três pontos percentuais para conter a inflação no Brasil no início do próximo ano. Ou seja, avaliou que diante das expectativas de inflação acima do teto da meta, não havia outro remédio. Pela decisão de hoje, a expectativa é que os juros cheguem a 15% no primeiro semestre de 2025 porque é improvável que o ciclo se encerre depois de três altas dessa magnitude.
Juros mais altos elevam o custo do crédito, freiam o crescimento da demanda e contêm a alta dos preços.
A notícia é péssima para quem faz compras a prazo (ou seja, todos) e para vários setores da economia, como comércio e imobiliário.
A decisão, no entanto, foi bem vista pelo mercado do ponto de vista técnico por alguns motivos.
- Contém um processo de deterioração das expectativas. Expectativas desancoradas levam o mercado a cobrar um preço dos ativos: dólar e juros mais altos.
- Trata-se de uma mudança de postura do BC em relação às últimas reuniões, consideradas pelo mercado como mais lenientes.
- Afasta-se o risco de dominância fiscal, que é quando o aumento dos juros não consegue mais conter a inflação.
- A antecipação das próximas decisões ajuda a ancorar as expectativas e permite um início de mandato mais tranquilo para Gabriel Galípolo na presidência do BC. Já se sabe que o Comitê irá elevar a taxa no início da sua gestão.
A decisão do BC foi considerada correta do ponto de vista técnico porque os riscos de alta de inflação que eram mapeados pela autoridade monetária foram todos confirmados, como ficou claro no comunicado da decisão: "Em função da materialização de riscos, o Comitê avalia que o cenário se mostra menos incerto e mais adverso do que na reunião anterior".
O aperto monetário, com um nível de juro real perto dos 9%, ou seja, muito alto, deve conter o superaquecimento da economia brasileira. Para economistas, no entanto, apenas a elevação dos juros não será suficiente: um pacote robusto de redução de gastos públicos ainda é necessário para reduzir a dívida brasileira em relação ao PIB (produto interno bruto), o que também tem como efeito a redução dos juros.
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