Luz deve subir menos que inflação em 2025, mas há risco de alta maior
Ler resumo da notícia
As contas de luz devem subir menos do que a média da inflação do ano, o que sinaliza que a energia não será a vilã do aumento do custo de vida, como aconteceu em fevereiro, uma alta pontual. Segundo projeções do mercado, a inflação deve ser de 5,65% neste ano (Focus), já as contas de luz devem subir 3,5% em 2025 (Aneel).
Quais são os riscos das contas de luz subirem mais?
- Bandeiras tarifárias: A projeção da Aneel, no entanto, não leva em conta o risco de alta em função das bandeiras tarifárias. Em caso de bandeira amarela a partir de maio e de bandeira vermelha entre junho e outubro, o que está no cenário, a elevação média será maior do que 3,5%.
O que mais pressiona as contas de luz no médio prazo?
- Subsídios: Outro risco no cenário é o da derrubada do veto do governo aos jabutis inseridos pelo Congresso no marco regulatório da energia offshore (em alto-mar). Caso o veto seja derrubado pelo Senado, segundo a associação dos grandes consumidores (Abrace), o impacto nas contas de luz será em média de 11%.
Os jabutis - subsídios a vários setores, incluindo carvão - elevam o custo da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), um dos componentes da conta de luz, em R$ 25 bilhões ao ano. O impacto de alta com a eventual derrubada do veto, no entanto, não será sentido em 2025, mas irá elevar as contas a partir de 2027.
Qual o histórico de aumento das contas?
Historicamente, as contas de luz aumentaram muito no Brasil nas últimas décadas, apesar do custo da energia estar em queda. Entre 2000 e 2022, segundo relatório do TCU (Tribunal de Contas da União), o custo unitário da energia elétrica para a indústria brasileira aumentou 1.154% em reais, muito acima dos 291% da inflação medida pelo IPCA.
Essa elevação impacta nos preços dos bens industriais e torna a indústria brasileira menos competitiva. No mesmo período, as contas de luz das residências também aumentaram muito, já que a tarifa média subiu cerca de 350% (quatro vezes e meia).
Apesar dessa verdadeira bomba de aumento das contas nas últimas décadas, o preço da tarifa média de energia se estabilizou nos últimos anos. Segundo a Aneel, houve crescimento até dezembro de 2023, seguido de estabilização até agora (de R$ 575 o megawatt/hora em dezembro de 2020 do consumidor residencial B1 para cerca de R$ 734 desde dezembro de 2023, interrompendo um ciclo de alta).
Por que as contas se estabilizaram e devem subir menos em 2025?
Especialistas apontam a aprovação de subsídios, propostas tanto pelo Congresso quanto pelo Executivo, como o grande vilão dos aumentos das contas de luz nos últimos anos. Ainda há muitos subsídios nas contas de luz, mas não foram aprovados novos (a não ser as prorrogações inseridas no projeto das eólicas offshores, que neste momento estão vetados pelo presidente Lula).
Outro ponto que contribuiu para a estabilização das tarifas, segundo o secretário de Energia Elétrica do MME (Ministério de Minas e Energia), Gentil Nogueira de Sá Jr, com quem eu conversei, foi a gestão dos reservatórios.
Segundo o secretário, reservatórios estressados por crises hídricas elevam os preços no mercado de energia e acionam bandeiras tarifárias. "Quase metade do tempo no governo anterior houve bandeira acionada. A gestão dos reservatórios nos últimos quatro anos é considerada tecnicamente mais equilibrada, mesmo com o ano passado sendo o pior em termos de chuva nos últimos 70 anos".
Outro ponto positivo para conter as contas é o aumento da atividade econômica. "O crescimento da carga nos últimos três anos, de 3% a 4% ao ano, atribuído à retomada da atividade econômica após a pandemia, aumenta o número de pessoas pagando a conta, o que ajuda a diluir os custos da infraestrutura e segurar a alta das tarifas".
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.