Educação financeira infantil: o que ensinar aos filhos em cada fase

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A educação financeira é uma habilidade essencial que deve ser cultivada desde cedo, especialmente no contexto da maternidade. Como educadora financeira, e mãe de dois pré-adolescentes, destaco a importância de adaptar a conversa sobre dinheiro para cada fase da infância, aproveitando as oportunidades do dia a dia para fortalecer os vínculos familiares e incentivar a formação de hábitos financeiros saudáveis.
Primeira infância (até 6 anos): na primeira infância o cérebro está em franco desenvolvimento, as habilidades motoras e a capacidade de aprendizado estão em expansão. Nessa fase a principal forma de aprendizado é o exemplo do comportamento dos pais, de modo que o dia a dia oferece ótimas oportunidades para a construção de uma base financeira saudável.
Compartilho dois exemplos: A criança que se oferece para ajudar a guardar as panelas limpas no armário da cozinha após assistir repetidas vezes seu responsável fazê-lo, aprendeu sobre divisão de responsabilidades, cooperação, tempo e pertencimento. Outra oportunidade de aprendizado é aquele momento em que a criança não quer emprestar seu brinquedo. Nessa hora, o responsável pode reforçar valores como autoconfiança, segurança e empatia fazendo as trazendo reflexões sobre: Quem ganhou o brinquedo? Quem irá levá-lo para casa? Quem poderá brincar com ele de novo no dia seguinte? E depois? Então, não tem problema emprestá-lo provisoriamente.
Infância intermediária (dos 7 aos 14 anos): Já é possível estabelecer regras para o uso do dinheiro, diferenciar desejo de necessidade, combinar obrigações domésticas, conversar sobre estudo e profissão, e cultivar a autonomia com a prática da semana (de 7 a 9 anos) ou mesada (a partir dos 10 anos). Nesse período, o aprendizado crucial é o valor do tempo. Tempo para esperar a hora certa de comprar ou presentear, tempo de satisfazer desejos, tempo de plantio para a construção de uma renda futura e inclusive tempos difíceis de pouco dinheiro. Aqui deixo a dica de não antecipar mesada se o dinheiro acabar antes do mês — essa experiência é valiosa.
Adolescência (acima de 15 anos): Surge a necessidade de assumir papéis típicos de adultos que passam por compartilhar a organização e o planejamento financeiro familiar e estabelecer funções dentro de casa. Também deve-se falar sobre consumo, uso de bancos e investimentos para o futuro. Destacar a mágica dos juros sobre juros nos valores investidos reforça tanto o aprendizado escolar quanto a construção de um futuro financeiro mais tranquilo.
Perceba que as lições sobre educação financeira vão muito além da simples administração do dinheiro. Ela fala sobre escolhas, coragem e erros, mostrando que a verdadeira liberdade se ergue quando a vida é bem conduzida. Adaptar a conversa sobre dinheiro para cada fase da infância é fundamental para desenvolver uma base sólida de educação financeira. Ao ensinar conceitos apropriados para cada idade, podemos preparar as crianças para serem adultos financeiramente responsáveis e bem-sucedidos.
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