Opinião

Antecipei meu 13º nas férias. E não, não foi desespero

Durante muito tempo, eu achava que antecipar o 13º salário era furada. Algo tipo pedir sobremesa antes do almoço. Um atalho que você toma porque está com pressa e quase sempre se arrepende depois.

Na minha cabeça, se eu não precisava do dinheiro naquele momento, por que mexer nele? Melhor esperar, manter tudo quietinho até dezembro, e pronto. E olha... essa lógica funcionava bem, até eu sentar para tomar um café com uma amiga.

Estávamos falando sobre planos de viagem quando, do nada, ela disse: "Antecipei meu 13º essa semana. Joguei no Tesouro Selic, vou deixar lá quietinho até o fim do ano." Nisso, eu travei e ela continuou: "Carol, eu já ia receber esse dinheiro mesmo. Por que não colocar ele para trabalhar antes? Se eu só vou usar no fim do ano, posso aplicar e ganhar mais do que ele renderia parado."

Pronto. Um comentário inofensivo virou faísca mental. Voltei para casa pensando. E comecei a perceber o tamanho da confusão que a gente faz quando não fala abertamente sobre dinheiro. Porque, na verdade, meu problema não era com a antecipação. Era com a ideia de mexer num dinheiro "adiantado", como se ele fosse sagrado, intocável ou um passaporte direto para o consumo.

Mas ali estava o ponto: não é sobre antecipar para gastar. É sobre antecipar para investir. Se você já tem uma reserva de emergência montada, não está endividado e sabe que não vai usar esse dinheiro até o fim do ano, pode ser uma boa estratégia aplicar e deixar rendendo. Quanto antes ele começa a trabalhar por você, melhor. Afinal, tempo é o maior aliado.

Só que a gente só começa a pensar assim quando tem com quem conversar. E aí entra a parte mais delicada da equação: falar sobre dinheiro ainda é um tabu gigante.

Tem gente que sente vergonha, acha que vai parecer metido, ou então não quer "se meter" na vida dos outros. Mas, sem conversa, sem troca, a gente segue vivendo de 'achismo' e perdendo boas oportunidades por medo de perguntar.

Essas pequenas trocas — no grupo de amigos, na família, com colegas de trabalho — muitas vezes nos abrem os olhos para caminhos mais inteligentes. Foi assim que aprendi sobre investir com foco, sobre manter um fundo de reserva mesmo quando tudo parece sob controle, e sobre não sair sacando dinheiro só porque ele está "disponível".

Claro que antecipar o 13º não é para todo mundo. Se você está com dívidas caras, pode ser uma boa para negociar. Se for usar para gastar, melhor deixá-lo lá quietinho. Mas se for para investir - de verdade, com objetivo, planejamento e calma - aí, sim, pode fazer sentido. Porque o dinheiro, bem usado, não é só salário. É possibilidade.

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Dinheiro na mão não precisa virar consumo imediato. Pode virar investimento, tranquilidade ou planejamento para o que vem depois. E quanto mais a gente falar sobre isso, mais natural vai ficando sair do automático e tomar decisões conscientes.

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