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Itapemirim pode voltar a voar como fez a Webjet, que também parou um tempo?
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Após ter seus voos suspensos no dia 17 de dezembro, a Itapemirim Transportes Aéreos prometeu voltar a voar em breve. Embora a empresa não tenha dado um prazo concreto, especialistas do setor veem algumas dificuldades para que isso ocorra.
Essa promessa de retornar aos ares lembra o que ocorreu com a Webjet em 2006. A empresa havia iniciado seus voos em julho de 2005, mas funcionou tão pouco quanto a Itapemirim. Deixou de voar já no final daquele ano, voltando a operar regularmente apenas após a sua venda, no início de 2006.
À época, a empresa mudou de dono e continuou voando por mais alguns anos até ser absorvida pela Gol, processo que foi concluído em 2012. O que a Itapemirim deverá fazer para, assim como a Webjet, conseguir voltar a voar?
Situação da Itapemirim é mais difícil
Diferente da Webjet, o Grupo Itapemirim, que controla a companhia aérea, enfrenta um processo de recuperação judicial do grupo, o que sempre assombrou a nova empresa.
Segundo Antonio José e Silva, presidente da Comissão de Direito Aeronáutico, Espacial e Aeroportuário do Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), esse assunto impacta na imagem da companhia.
"A recuperação judicial do Grupo Itapemirim desde a criação da Ita Transportes Aéreos sempre foi um grande obstáculo. Isso sempre era trazido para discussão, assustava os credores e criava uma insegurança nos funcionários", afirma Silva. A Webjet, por sua vez, não passou por essa situação.
O advogado também afirma que, "apesar da interrupção das operações da Webjet, houve uma coesão operacional e administrativa à época em prol do seu retorno, algo que a gente não observa hoje na Itapemirim".
Essa coesão, segundo Silva, foi alicerçada pelo grupo investidor da antiga empresa, que sempre sinalizou pela manutenção do negócio, seja nos anúncios internos, seja no tratamento com o mercado.
Receita para a retomada
Com isso, segundo Silva, a retomada da Itapemirim Transportes Aéreos está condicionada a alguns pontos:
- Coesão administrativa e operacional
- Manutenção técnica das aeronaves
- Possibilidade de ingresso de algum grupo conhecedor do segmento no Brasil na companhia
Quanto a esse último ponto, ele pode ser concretizado com a entrada de investidores que tenham o conhecimento necessário no setor para que a empresa funcione adequadamente no futuro, diz Silva.
"A necessidade é que investidores ou eventualmente um novo adquirente sejam sólidos no setor aeronáutico. O setor não permite essa questão de tentativa e erro", afirma o advogado.
Recuperar a confiança
Marcos Fava Neves, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (Universidade de São Paulo) em Ribeirão Preto (SP), não acredita que a venda da empresa seja a saída mais viável, como ocorreu com a Webjet.
"Não acho que a marca tenha muito valor [para sua compra ser cobiçada], pois não mostrou a que veio. É um momento propício para a retomada dos voos e aquecimento desse mercado, o que favorece quem está entrando nele e quem está retomando as operações", diz Navas.
Embora ainda seja cedo para definir os impactos da variante Ômicron do coronavírus na aviação, é fato que o Brasil vem aumentando a quantidade de voos realizados mês a mês, mostrando uma retomada.
Em dezembro, as empresas nacionais atingiram 84,7% do total de decolagens que eram realizadas antes da pandemia, segundo dados da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas).
Isso justificaria o cenário de aquecimento do mercado descrito por Neves.
Para o professor, a empresa precisa ficar atenta a três eixos para retomar suas operações:
- Buscar excelência operacional
- Situação financeira: ela precisa ter caixa para poder operar sem financiar, parcelar compras etc. Também precisa de aporte de capital para fazer as operações necessárias no momento
- Recuperar a confiança do consumidor e do mercado (o mais difícil): "Ela pode até voltar a operar, mas será difícil o consumidor que ficou na mão esquecer o que passou", diz Navas.
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