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Avião do acidente do Nepal é visto como teco-teco, mas é dos mais modernos
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No domingo (15), um avião da Yeti Airlines caiu com 72 pessoas a bordo após ter decolado de Katmandu, na capital do Nepal.
O avião era um ATR-72, da fabricante europeia ATR, uma parceria entre as empresas Leonardo e Airbus.
Por ser movido a hélices, e não por um motor a jato, o modelo é considerado inferior e velho por muitas pessoas, que o chamam de "teco-teco". Na verdade, este é um dos aviões mais modernos e seguros da atualidade.
"Teco-teco"?
- O painel da cabine de comando do ATR-72 é tão moderno quanto modelos como o Airbus A320 e o Boeing 737, que são encontrados com maior frequência nos aeroportos brasileiros.
- Os aviônicos [equipamentos eletrônicos do avião] desses aviões podem ser os mesmos que os encontrados nos modelos a jato.
- O Airbus A320 é um modelo que voou pela primeira vez em 1987, enquanto o ATR-72 fez seu voo inicial em 1988.
- Todos os modelos foram sendo modernizados com o passar dos anos, apesar de manterem a filosofia inicial.
- O ATR-72 tem um irmão menor, o ATR-42, para até 50 passageiros.
- O avião segue em produção até os dias atuais, e é usado por mais de 200 operadores mundo afora segundo a fabricante.
Perigoso?
- No Brasil, em dez anos, ocorreram cinco acidentes com modelos ATR, seja o ATR-72 ou o ATR-42, e nove incidentes graves, todos sem fatalidades.
- De todos os acidentes, apenas um envolve a suspeita de mau funcionamento de um componente elétrico da aeronave, mas as investigações ainda não foram concluídas.
- Nesse último caso, os quatro tripulantes e trinta e três passageiros a bordo saíram ilesos. Apenas um passageiro sofreu lesões leves
- Todos os outros acidentes tinham como fatores questões externas, como colisão com animal durante a decolagem ou perda de controle após o pouso.
- Houve apenas um registro de uma passageira com lesão grave após uma manobra realizada em um voo com um ATR-72 no Brasil. As investigações apontaram que ela estava de pé no avião e sofreu uma queda, fraturando o pé e o tornozelo.
- Embora não seja possível fazer uma comparação direta, no mesmo período, aviões de toda família Airbus A320 registraram quatro acidentes e dez incidentes graves, e aqueles da família Boeing 737 tiveram três acidentes e 13 incidentes graves, todos sem fatalidades.
- Um acidente nem sempre significa uma queda. Uma colisão com aves durante o voo ou o estouro de um pneu durante o pouso, mesmo que não haja feridos, podem ser registrados como acidente
Turboélice ou turbojato?
- Cada empresa irá levar em consideração uma série de fatores para escolher o avião que irá colocar em sua frota.
- Devido ao seu tamanho, os ATRs podem pousar e decolar em pistas mais curtas do que alguns modelos a jato.
- Ele também oferece capacidades de transporte diferentes em relação a outros modelos, com menos assentos, servindo para rotas com menos passageiros.
Curiosidades
- As hélices dos motores do ATR-72 têm quase quatro metros de diâmetro, mais do que o GE9X, o maior motor de avião comercial do mundo.
- Esse diâmetro é maior que a própria fuselagem do avião. É maior até que a de um jato Boeing 737, que não chega a 3,8 metros de largura em alguns modelos.
- Os motores turboélices possuem uma tecnologia bem diferente daqueles aviões menores com hélices, tendo turbinas para movimentar suas pás, enquanto os outros são movidos a pistão, como em um carro.
- Um dos inconvenientes do modelo é ele ser mais suscetível a turbulências, já que voam mais devagar e mais baixo, em regiões onde há mais nuvens, diferentemente de grandes jatos, que chegam a 850 km/h.
- No Brasil, Azul e Passaredo usam o modelo em operações regulares, mas outras empresas também possuem aviões ATR em suas frotas.
- Esses modelos ainda contam com versões cargueira ou conversível, onde os assentos são removidos para levar carga na cabine de passageiros
Ficha técnica
ATR-72 600
Mais de 1.600 modelos entregues até hoje
Capacidade: Até 78 assentos
Comprimento: 27,2 metros
Envergadura (distância de ponta a ponta da asa): 27 metros
Altura: 7,65 metros
Peso máximo de decolagem: 23 toneladas
Consumo: 650 kg de combustível por hora em velocidade de cruzeiro
Velocidade máxima de cruzeiro: 500 km/h
Distância necessária para decolagem: 1.315 metros (com o peso máximo ao nível do mar)
Autonomia: Até 1.370 km de distância sem precisar parar para reabastecer
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