Como esse avião consegue entrar no olho de furacões? Conheça o WP-3D Orion
O furacão Beryl ganhou intensidade nos últimos dias e chegou à classificação de número 5, a mais alta desse tipo de fenômeno, com ventos de até 270 km/h. Ele está sobre a região do Caribe, e deve perder força antes de chegar ao México.
A Noaa (National Oceanic and Atmospheric Administration, ou, Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA) divulgou imagens de seus aviões W3-PD Orion usados em pesquisas climáticas voando em pleno olho do furacão. Como ele consegue fazer isso em segurança?
Caco e Miss Piggy
A Noaa possui dois W3-PD Orion "Caçadores de Furacão", e cada um tem um nome curioso. Os dois são batizados em homenagem ao casal mais famoso do universo Muppets: Miss Piggy e Kermitt, conhecido no Brasil como Caco, o Sapo.
O W3-PD Orion é uma variante do P-3 Orion, aeronave de patrulhamento e de combate antissubmarino que é usada inclusive pela FAB (Força Aérea Brasileira). Essa versão do avião, por sua vez, é derivada da aeronave comercial Lockheed L-188 Electra, o modelo principal utilizado na ponte aérea Rio-São Paulo entre as décadas de 1970 e 1990.
Os exemplares foram adquiridos na década de 1970, justamente com o objetivo de monitorar e estudar furacões, tendências climáticas, tempestades mais severas, entre outros fenômenos ligados ao clima.
Esses aviões possuem reforços estruturais específicos. Mas não para as condições severas de voo, e sim para aguentar o peso dos equipamentos acoplados para monitorar os furacões. Em contrapartida, ele é comandado por profissionais experientes, e que usam diversas técnicas para evitar problemas durante o voo.
A Noaa possui dez aviões tripulados em sua frota. Além dos W3-PD, o órgão ainda conta com aviões dos modelos Beechcraft King Air 350/360CER, Gulfstream IV-SP e De Havilland DHC-6-300 Twin Otter.
Operação
Entre algumas das principais adaptações do W3-PD, estão a inclusão de diversos instrumentos de medição e sensores. O avião também possui três radares: um na parte frontal, um na barriga e outro na cauda.
O uso de todos combinado oferece aos pesquisadores uma imagem similar a uma ressonância magnética do furacão, segundo a Noaa. O avião ainda conta com sondas que são lançadas nas águas do oceano e passam a repassar diversas informações para os pesquisadores em tempo real, como pressão, temperatura, velocidade do vento e umidade.
Os voos
Um voo com o W3-PD Orion pode chegar a 10 horas consecutivas. Os aviões voam através da parede do furacão, chegando ao seu interior, onde os ventos não são tão intensos.
Além de diversos cientistas, o avião é comandado por três pessoas simultaneamente. Um dos pilotos fica constantemente com as mãos no manche, controlando o voo.
Outro piloto atua nas atividades secundárias, como monitoramento dos instrumentos e navegação. Uma terceira pessoa ainda assume o controle da potência dos voos, evitando que os pilotos precisem tirar as mãos dos controles ou se preocupar com mais esse fator durante a operação.
Na calmaria do olho do furacão
A expressão de se estar "no olho do furacão" não faz sentido em comparação com o fenômeno na realidade. Enquanto a frase remete a uma situação problemática e caótica, isso não se aplica aos furacões da vida real.
O vídeo da Noaa mostra a o WP-3D fazendo um voo praticamente estável e com parte do céu limpo de dentro do Beryl. O núcleo central dos furacões, devido aos ventos ali encontrados, não costumam encontrar tantas nuvens, e podem passar de dezenas de quilômetros de diâmetro.
Mas esse fenômeno é considerado mais ameno apenas a uma certa altitude, já que, no solo, o estrago causado com a passagem do furacão é intenso.
Ficha técnica
Modelo: WP-3D Orion
Apelidos: Miss Piggy e Kermitt
Tempo máximo de voo: 11 horas e 30 minutos
Comprimento: 35,6 metros
Envergadura (distância de ponta a ponta da asa): 30,4 metros
Altura: 10,3 metros
Peso máximo de decolagem: 62,2 toneladas
Altitude máxima de voo: 8,2 km acima do nível do mar
Motores: Quatro turboélices Rolls-Royce T56-14
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