Todos a Bordo

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Reportagem

EUA já deixaram bombas nucleares caírem na Espanha durante a Guerra Fria

No dia 17 de janeiro de 1966, um acidente militar em plena Guerra Fria colocou a vila de Palomares, na Espanha, no centro de uma crise. Durante uma operação militar, quatro bombas nucleares caíram de aviões norte-americanos no solo espanhol, espalhando radiação e preocupações globais.

Apesar da gravidade do ocorrido, não ocorreu uma explosão atômica, o que tornaria as consequências ainda mais devastadoras.

Contexto histórico

Em plena Guerra Fria, Estados Unidos e União Soviética viviam um estado de constante tensão militar. Ambas as potências mantinham armas nucleares em prontidão, preparadas para contra-ataques rápidos.

Nesse cenário, os EUA desenvolveram operações como a Chrome Dome, que consistia em voos contínuos de bombardeiros estratégicos armados com bombas nucleares em diversas regiões do mundo. O objetivo era garantir a capacidade de ataque rápido em caso de guerra, mas a prática não era isenta de riscos.

Operação Chrome Dome

A Operação Chrome Dome foi implementada no início da década de 1960. Bombardeiros B-52 voavam diariamente em rotas pré-determinadas, muitas vezes sobre a Europa, o Atlântico Norte e o Ártico.

Equipadas com armamento nuclear, essas aeronaves eram reabastecidas em pleno voo por aviões-tanque KC-135. O procedimento minimizava a necessidade de pousos e reforçava a prontidão nuclear dos Estados Unidos.

O acidente

Na manhã de 17 de janeiro de 1966, um bombardeiro B-52 colidiu com um KC-135 durante o reabastecimento aéreo sobre a costa sudeste da Espanha. A colisão resultou na destruição de ambas as aeronaves, além da queda de quatro bombas termonucleares próximas à vila de Palomares.

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Duas delas sofreram danos ao atingir o solo, espalhando plutônio na área. Outra foi recuperada no mar após meses de buscas.

Por que não explodiu?

As bombas nucleares que caíram em Palomares não explodiram porque os dispositivos de detonação nuclear não haviam sido acionados. As armas possuíam múltiplos mecanismos de segurança para evitar uma explosão acidental.

No entanto, o impacto causou a dispersão de material radioativo, gerando preocupações de contaminação e uma complexa operação de limpeza liderada pelos EUA.

O avião utilizado

O B-52 Stratofortress era o principal bombardeiro estratégico dos Estados Unidos durante a Guerra Fria. Ele tinha capacidade para transportar armas nucleares a longas distâncias.

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Sua operação em voos de longa duração, como os da Chrome Dome, destacava a importância da logística de reabastecimento aéreo, mas também expunha os riscos de missões prolongadas.

O pós-incidente

O acidente em Palomares resultou em uma resposta diplomática imediata entre os Estados Unidos e a Espanha. Equipes americanas conduziram operações de descontaminação na área, recolhendo toneladas de solo contaminado para serem enterradas nos EUA.

O incidente alimentou debates sobre os perigos das operações nucleares, levando à suspensão da Chrome Dome em 1968. Para os moradores de Palomares, no entanto, as memórias e os impactos da radiação permanecem até hoje.

O episódio de Palomares é um lembrete sombrio dos riscos associados à corrida nuclear. Apesar de não ter desencadeado uma tragédia global, o acidente deixou marcas profundas na história da Guerra Fria e na vida de quem testemunhou os efeitos diretos dessa disputa geopolítica.

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