Todos a Bordo

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Reportagem

Pedido recorde: Como a aviação executiva da Embraer virou destaque mundial?

A divisão de aviação executiva da Embraer se destacou no mercado global nos últimos anos. Com uma carteira de pedidos sólida e aeronaves alcançando recordes de vendas e voos, a empresa mantém sua posição entre os principais fabricantes, possuindo o jato mais utilizado nos EUA e liderando as entregas de jatos bimotores no mundo.

Hoje, o jato executivo mais usado nos EUA é da fabricante brasileira, que também é a que mais entregou jatos bimotores no mundo entre 2019 e 2023 dentro desse segmento.

A Embraer possui, além da divisão de aviação executiva, a de aviação militar (que produz, entre outros, o cargueiro KC-390 e o avião de ataque A-29) e a de aviação comercial (que produz os E-Jets, como o E195). Entretanto, este ano, a primeira já se destacou por um pedido bilionário.

Como a empresa chegou nesse patamar e qual seu espaço no mercado hoje?

Pedido recorde

No começo de fevereiro, a fabricante brasileira fechou um acordo bilionário com a norte-americana Flexjet, uma das maiores empresas de propriedade compartilhada de jatos executivos do mundo. O valor do acordo é avaliado em US$ 7 bilhões (R$ 40,4 bilhões).

Este é considerado o maior pedido da empresa dos EUA, além de ser o maior pedido firme de aeronaves para a Embraer. Nele, estão incluídos o fornecimento de aeronaves Praetor 600, Praetor 500 e Phenom 300E, além de um pacote de serviços e suporte para a operação dos jatos.

Antes disso, em 2023, a NetJets, empresa de táxi-aéreo e propriedade compartilhada de aeronaves, havia fechado um pedido de 250 unidades do avião Praetor 500. O montante da negociação era de mais de US$ 5 bilhões, e a empresa já havia recebido 120 aeronaves Phenom 300E anteriormente.

O valor de ambos pedidos é superior à oferta de compra da divisão de aviação comercial da empresa feita pela Boeing e definida em 2018, que tinha o valor de US$ 4,2 bilhões à época. Em 2020, a fabricante norte-americana desistiu da joint venture com a Embraer, e, em 2024, foi fechado um acordo para a companhia brasileira receber US$ 150 milhões como ressarcimento por quebra de contrato.

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Phenom 300, o favorito nos EUA

Avião Phenom 300E, da Embraer
Avião Phenom 300E, da Embraer Imagem: Divulgação

O Phenom 300, jato leve da Embraer com capacidade para até dez passageiros, atingiu uma marca inédita nos EUA nos últimos anos. Em 2023 e 2024, foi o jato mais usado no país norte-americano, com cerca de 364 mil e 399 mil operações de pouso e decolagem em cada ano, respectivamente.

A fabricante brasileira desbancou o tradicional Cessna Citation Excel, da Textron Aviation. Esse avião tem sua montagem final realizada em Melbourne, na Flórida (EUA).

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Recorte mostra o interior do Embraer Phenom 300
Recorte mostra o interior do Embraer Phenom 300 Imagem: Divulgação/Embraer

Em 2024, foram 65 exemplares do Phenom 300 entregues. No total, a Embraer entregou 130 jatos executivos no ano, entre eles, os Praetor 500 e 600 e os Phenom 100 e 300.

Ele também é o jato leve mais vendido por 12 anos consecutivos até 2023. Nos próximos dias devem ser divulgados os resultados relativos ao ano de 2024 e, segundo apuração prévia, o modelo deve continuar figurando no topo da lista.

Ficha Técnica

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Modelo: Phenom 300
Fabricante: Embraer
Velocidade máxima de cruzeiro: 859 km/h
Tamanho de pista para decolagem: 978 metros (Com o peso máximo) ou 674 metros (com cinco ocupantes a bordo)
Altura: 5,1 metros
Comprimento: 15,6 metros
Envergadura (distância de ponta a ponta da asa): 15,9 metros
Altura interior da cabine: 1,5 metro
Largura da cabine: 1,55 metro
Comprimento da cabine: 5,23 metros
Tamanho do bagageiro: 2.400 litros
Capacidade: Até 10 passageiros
Altitude máxima de voo: 13,7 km de altitude
Autonomia: Até 3.723 km de distância (levando cinco pessoas a bordo)
Preço: US$ 12,5 milhões (versão tipicamente equipada em 2023)

Segmento novo, mas de destaque

O Praetor 600 pode voar a mais de 1.000 km/h
O Praetor 600 pode voar a mais de 1.000 km/h Imagem: Embraer

Apenas após os anos 2000 é que a Embraer começou a investir pesado no ramo da aviação executiva. Após o sucesso dos ERJs (Embraer Regional Jets, ou, Jatos Regionais Embraer), a empresa passou a investir nos E-Jets, focados na aviação comercial.

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A partir daí, sua participação no segmento executivo se intensificou, com a criação das famílias Legacy e Phenom, além dos Lineage 1000, que é uma variante do E190 (usado na aviação comercial).

A última família de aeronaves dessa divisão da empresa a ser lançada foi a Praetor. Veja o vídeo de quando voamos no Praetor 600:

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Destaque global

Para o economista Marcos Barbieri, especialista em Indústria Aeroespacial da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas-SP), os jatos executivos da empresa têm uma excelente aceitação no mercado global, o que explica esses números.

"As outras empresas com as quais a Embraer está concorrendo, como Bombardier, Cessna e outras, em geral, são empresas tradicionais, que operam nesse segmento de jatos executivos há muitas e muitas décadas. Apesar de estar fazendo agora 25 anos nesse segmento, ela é uma das mais recentes, e vem conquistando espaço, basicamente, pela excelência dos produtos dela", afirma Barbieri.

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Não é apenas a capacidade de venda que mantém a empresa em uma boa posição no mercado, afirma o economista. "Seus produtos são de excelente qualidade, e ela tem uma estrutura pós-venda, que nesse segmento é fundamental ter uma estrutura desse tipo que seja global, que possa atender os clientes em todo o mundo", diz o especialista.

Como concorrentes nesse segmento, a Embraer tem três grandes fabricantes, mas consegue se destacar com a qualidade de seus produtos e o serviço de pós-venda, segundo Barbieri. São elas:

  • A canadense Bombardier, com a linha Global
  • A francesa Dassault, com a linha Falcon
  • A norte-americana Gulfstream, com a linha G

Uma comparação direta entre os fabricantes se torna difícil, já que cada uma tem um produto principal. É o caso dos jatos leves, de entrada e médios (preferência da Embraer) ou os jatos de longo alcance, como os Gulfstream G700 e Dassault Falcon 10X, segmento que a empresa brasileira não tem tanta força

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