Todos a Bordo

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Reportagem

Voar em pé nos aviões? Assento viraliza, mas será que vai ser realidade?

Nos últimos dias, viralizou a notícia de que uma empresa aérea estaria para começar a usar assentos em seus aviões para que os passageiros viajem em pé. Uma página do Instagram com milhões de seguidores apontou que o modelo Skyrider 2.0 cumpriu os requisitos regulamentares e passou em avaliações de segurança.

Com isso, empresas aéreas estariam prestes a usar o assento já a partir de 2026. Mas a verdade não parece ser bem essa. O assento que viralizou é um protótipo de 2012, mas que nunca saiu do papel.

O que foi dito?

Na postagem feita nas redes sociais, o perfil diz que "em uma iniciativa ousada para reduzir os gastos com passagens aéreas, diversas companhias aéreas de baixo custo introduzirão opções de assentos em pé a partir de 2026".

O texto continua: "Após extensas discussões, esse arranjo de assentos não convencional finalmente atendeu aos requisitos regulatórios e passou nas avaliações de segurança. O novo design inclui assentos acolchoados, estilo bicicleta, que permitem que os passageiros se inclinem em vez de sentar, aumentando potencialmente a capacidade da aeronave em até 20%".

Ainda foi afirmado que o assento seria mais viável em viagens curtas, de até duas horas, e que "as companhias aéreas afirmam que os novos assentos atendem às normas globais de segurança e serão restritos a voos específicos".

Revolta

Modelo de assento de aviões batizado de Skyrider 2.0, da empresa italiana Aviointeriors: protótipo não saiu do papel
Modelo de assento de aviões batizado de Skyrider 2.0, da empresa italiana Aviointeriors: protótipo não saiu do papel Imagem: Aviointeriors

A ideia de ter um assento como esse gerou revolta nas redes sociais. Entre as principais manifestações estão aquelas que falam da desumanização e do desconforto que o modelo representa.

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Isso é patético. Tratem humanos como humanos. Meu Deus!

Por favor, nunca comprem essas passagens quando elas existirem! Não ajudem/apoiem isso!

Essas corporações não se importam com vocês!

Uma ideia melhor: coloquem os passageiros em caixas e empilhe-as.

Em breve, eles vão amarrá-los na asa com uma máscara de oxigênio.

A capacidade aumentará. As tarifas não diminuirão.

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Deviam ter vergonha de si mesmos, isso é uma piada triste e gananciosa.

Vocês estão criando problemas, não soluções.

Isso é uma vergonha! Uma falta de respeito pelos seres humanos!

Todas as frases foram ditas em comentários nas redes sociais onde as imagens do assento foram divulgadas.

Viajar em pé? Ainda não

Assento de avião Skyrider 3.0, da empresa italiana Aviointeriors: Modelo não saiu do papel
Assento de avião Skyrider 3.0, da empresa italiana Aviointeriors: Modelo não saiu do papel Imagem: Aviointeriors
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O Skyrider não passa de um protótipo antigo, que retornou às manchetes após a especulação feita pelo perfil do Instagram e que foi reverberado por veículos de imprensa, como o Daily Mail. O modelo se assemelha a uma sela de cavalo ou um assento de bicicleta.

Ele consiste em um encosto seguido por um pequeno assento, onde a pessoa apoiaria parte das nádegas e da virilha em uma estrutura elevada, mantendo as pernas parcialmente flexionadas, levando os passageiros, praticamente, em pé.

A fabricante do modelo que tomou as redes sociais recentemente é a italiana Aviointeriors, que disse que o modelo é "confundido com um assento de companhia aérea finalizado pronto para decolagem", mas ele não passa de um protótipo conceitual datado de 2012. A imagem usada é a da versão 2.0, e ainda há a versão 3.0, exibida em 2019 (quem divulgou não usou essa imagem, mas uma antiga, que já era obsoleta).

Ele foi projetado para buscar maximizar o espaço e a ergonomia nos aviões, mas não saiu do papel. Um protótipo real foi apresentado na Aviation Interiors Expo de 2018, a principal feira de interiores de aeronaves, na Alemanha.

Após a repercussão, a Aviointeriors disse em postagem nas redes sociais que o Skyrider não foi feito para acreditarem na sua existência de olhos fechados. Em vez disso, ele foi um "exercício provocador em inovação de design, desafiando os limites de como as viagens aéreas podem parecer um dia", diz a empresa em seus perfis nas redes.

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Quais os problemas?

Além do fato de não ser verdadeiro que o assento seja algo iminente, questões envolvendo segurança são preocupantes. Entre as questões que uma eventual certificação terá de responder, estão:

  • Qual será o comportamento diante de uma turbulência?
  • Como seria uma evacuação de emergência?
  • Quanto tempo um passageiro poderia ficar confortável na posição?

Outra questão é sobre as bagagens: Esse tipo de assento, provavelmente, terá de remover os bagageiros que fica acima da cabeça dos passageiros, reduzindo espaço para bagagem. Isso é agravado pela ausência de espaço embaixo das poltronas à frente para colocar as mochilas e itens pessoais.

Outra questão está ligada ao peso da aeronave: Elas seriam capazes de carregar mais pessoas sem perder capacidade total e autonomia?

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Até o momento, são muitas especulações e pouca praticidade. Você aceitaria voar, praticamente, em pé?

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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