'Não era sustentável continuar', diz CEO da Azul sobre recuperação judicial
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Em um vídeo divulgado nesta terça-feira (28) a funcionários, ao qual o UOL obteve acesso, o CEO da Azul, John Rodgerson, deu detalhes do pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, por meio do chamado Chapter 11.
O processo foi iniciado para formalizar acordos com credores e tornar a empresa mais "leve", segundo o executivo, que se mostrou otimista com o novo capítulo da companhia aérea.
A medida acontece após a Azul negociar a conversão de parte da dívida em participação acionária e obter apoio estratégico de duas gigantes da aviação americana, as empresas United Airlines e American Airlines.
"Entramos já com a saída em mente"
Rodgerson afirmou que a decisão foi tomada pela própria empresa, e não por imposição externa. "Nós não fomos forçados, mas é uma oportunidade para entrar [no Chapter 11] e sair muito mais leves", afirmou. Ele explicou que o processo nos EUA permitirá formalizar acordos já costurados com os principais credores e parceiros.
A operação inclui a conversão de US$ 2 bilhões em dívidas para equity (participação acionária na empresa) e o envolvimento direto de parceiros estratégicos. "O parceiro que é nosso credor vai virar equity [...] e, também, United Airlines e American Airlines serão as patrocinadoras do plano", disse, destacando o caráter coletivo e planejado da decisão.
Dívidas, câmbio e juros
O executivo afirmou que a empresa está lutando contra pressões financeiras causadas pela pandemia, pela desvalorização do real e pelo aumento dos juros. "Nós estamos pagando dez vezes mais juros do que nós pagávamos em 2019 e nossa moeda é 50% mais fraca", afirmou.
Esse cenário tornou a estrutura de capital da companhia um problema. "Não era sustentável continuar assim. E, por esta razão, nós fechamos este acordo entre todos os nossos parceiros", disse Rodgerson. O Chapter 11 surge como saída para reorganizar a dívida de forma controlada, mantendo as operações e protegendo os ativos da empresa nos EUA.
Operação continua e a frota será renovada
Apesar do pedido de recuperação judicial, Rodgerson assegurou que a rotina operacional da Azul não será afetada. "Nós vamos continuar recebendo aeronaves e continuaremos cuidando muito bem uns aos outros e cuidando muito bem dos nossos clientes", afirmou, garantindo o compromisso com a segurança e a qualidade do serviço.
Ele confirmou, no entanto, que haverá mudanças na frota. "A Azul ainda está recebendo aeronaves. Sim, nós vamos ter algumas aeronaves [que serão retiradas] da nossa frota. Aeronaves mais antigas, muitas que já estão paradas, elas vão sair da nossa frota", afirmou. A renovação da frota faz parte do esforço para modernizar e reduzir custos operacionais, segundo a empresa.
"Azul está aqui para ficar"
Preocupado com os impactos da notícia entre os funcionários e o público, o CEO buscou tranquilizar a todos. "Pessoas dizem 'Ah, a Azul quebrou...' Não, não é nada assim. Você pode ver que muitas outras empresas aéreas fizeram isso. A grande diferença com a Azul é que nós já estamos entrando com uma saída em mente", diz John.
Rodgerson também reforçou o papel das parceiras americanas no sucesso do plano. "Nós vamos sair com muito, muito menos dívida, e uma empresa muito mais limpa e pronta para voar ainda mais alto", disse. John concluiu, em tom de confiança: "Estou animado para este próximo capítulo da Azul, porque nós vamos andar muito mais forte".
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