Feira de jatinhos exclusiva para convidados em SP mostra mercado aquecido

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Carros de luxo fazendo fila para entrar, com vallet a R$ 200 e self-parking a R$ 150. Do outro lado, dezenas de pessoas chegando em seus próprios jatinhos e desembarcando ao encontro de outras aeronaves tão ou mais luxuosas quanto.
Assim é o Catarina Aviation Show, uma feira de luxo com foco em aviação que acontece no aeroporto São Paulo Catarina Aeroporto Executivo Internacional, em São Roque (SP). O evento, que é fechado, recebeu cerca de 2.000 convidados no primeiro dos três dias do evento, iniciado na quinta-feira (5). Entre as presenças, milionários que buscam dar andamento a um mercado de luxo cada vez mais aquecido.
Essa é a quarta edição do evento, que traz 70 marcas que expõem seus produtos para 6 mil convidados e contará, além de aviões, com iates, helicópteros e carros de luxo.
Apenas em área, show passou de 8 mil m² em 2024 para 17 mil m² nesta edição, reflexo do aumento no número de aeronaves que estarão expostas. E esse espaço deve aumentar em 2026, segundo a organização do evento.
Em tempo, quando falamos de jatinho, é força de expressão apenas. A feira conta com jatos quase do mesmo tamanho de um Boeing 737 ou um Airbus A320, os mesmos usados para a maioria dos voos comerciais no Brasil, tornando o diminutivo apenas uma forma quase folclórica de falar dessas grandes aeronaves.
Quem pousou por aqui?

Além de empresários e celebridades, como os jogadores Kaká e Ronaldo, fabricantes globais de aeronaves estão presentes no evento. Uma delas é a fabricante brasileira Embraer, que trouxe os modelos Praetor 600 e Phenom 300E, o jato executivo bimotor mais vendido do mundo pelo 13º anos consecutivo na categoria e o que registras mais operações de pouso e decolagem nos EUA há mais de dois anos.
Para Ricardo Carvalhal, diretor de engenharia de vendas da divisão de jatos executivos da Embraer, a feira representa uma grande vitrine para os modelos da empresa. "O Catarina Aviation Show tem crescido muito na sua importância dentro da região, é um evento que está aumentando muito de tamanho", afirma o executivo.

A francesa Dassault levou os jatos Falcon 2000LXS e Falcon 8X. Com capacidade intercontinental, os modelos são os de maior sucesso da empresa no Brasil (ao lado do 7X, que não está na feira).
Para Rodrigo Pesoa, vice-presidente de vendas da fabricante para a América Latina, o Brasil tem sido um dos principais mercados do mundo para a Dassault nos últimos 20 anos. "O país é um mercado chave para a Dassault, e participar de uma feira como essa é estratégico para divulgar ainda mais os nossos produtos para esse mercado", diz o executivo.
A empresa já participava de uma feira anualmente no Brasil e, neste ano, estará pela primeira vez no evento promovido no Catarina. "Isso se deve muito ao tamanho que a feira tem no momento, mas, também, devido à inauguração do centro de manutenção da empresa no aeroporto", afirma Pesoa.

A Bombardier expõe o Global 7500, mesmo modelo de aeronave que trouxe o novo técnico da seleção brasileira, Carlo Ancelotti, ao Brasil em maio. Seu valor é estimado em mais de R$ 420 milhões.
A TAM Aviação Executiva também está expondo seus aviões pela primeira vez no Catarina, com o Cessna Citation Longitude, seu maior modelo, com alcance de 6.482 km de distância. A empresa trouxe, ainda o Cessna Citation CJ3 e o helicóptero Bell 429.

A Gulfstream traz nesta edição o G600, que tem alcance de 12.223 quilômetros, permitindo voar para qualquer parte do mundo com apenas uma parada. Mais cedo, a empresa havia anunciado a certificação no Brasil do modelo G700, que foi destaque na última edição da feira.

A Airbus expõe o helicóptero ACH 145 e o avião ACJ220, versão executiva do avião comercial A220.
Mercado aquecido

Expositores consultados pela reportagem mostraram otimismo com a feira e com o mercado de aviação. Essa curva de crescimento no pós-pandemia trouxe ânimo para o mercado de luxo, o que se mostrou na quantidade de aeronaves expostas e de produtos trazidos.
Empresa dobrou o faturamento. Para Pedro Ferreira, diretor comercial e líder da área de aeronaves da empresa de comércio exterior Timbro, o mercado vem crescendo ano após ano. "A gente dobrou o nosso faturamento em 2024, aumentando muito o número de aeronaves e atingindo um pico histórico de importações. Foram 105 aeronaves importadas, nos tornando o principal importador por Vitória (ES)", afirma o executivo.
Ferreira ainda acredita que, para a empresa, o resultado deste ano não será muito diferente do de 2024, mas se mantém otimista. "É uma estagnação em um nível muito elevado, o nível mais elevado que a gente já viu. Então, se o resultado for um pouco abaixo do que o do ano passado, ainda assim, estará ótimo, porque vai ser muito melhor do que o ano retrasado", conclui.

O evento acontece até sábado (7), e acontece em um dos empreendimentos da JHSF, que também tem os condomínios de luxo Fazenda Boa Vista, em Porto Feliz (SP) e o Parque Cidade Jardim, na capital paulista.
Para Augusto Martins, presidente-executivo da JHSF, o evento já assumiu uma posição de destaque no calendário de aviação da América Latina. "[Isso se deve ao evento] reunir os principais integrantes do setor de aviação executiva em um ambiente que combina negócios, inovação e relacionamento", diz Martins.
O aeroporto tem 12 hangares, e ainda conta com instalações de fabricantes globais como Bombardier, Dassault, Gulfstream e Pilatus. Hoje são aproximadamente 150 aeronaves que ficam hangaradas no local, e quatro novos hangares ainda estão em construção, segundo o executivo.
Vinnicius Vieira, diretor do Catarina Aviation Show e da NürnbergMesse (que organiza o evento), defende que a expansão do evento seja limitada às pessoas certas, e não, necessariamente, à quantidade de visitantes. " A gente precisa de um evento com as pessoas certas e que dê conforto para todos os participantes. A gente nunca buscou um evento com muitas pessoas, a gente sempre buscou um evento com as pessoas ideais para os nossos expositores", afirma o executivo.
Outras máquinas
O evento não foi composto apenas de aeronaves. Diversas máquinas de marcas luxuosas também estão presentes, como a Yachtmax, que estará no evento com o Okean 57, um barco de 17,4 metros de comprimento.

O modelo tem varandas laterais se abrem quando o barco está parado, suíte, cabine de hóspedes com banheiro social, sala integrada e cozinha externa. Apesar de se dedicar ao mar, a marca diz que a participação no evento se deve à afinidade com o público convidado.
"Estar no Catarina Aviation é mais do que participar de um evento; é estar próximo do público que tem e valoriza as mesmas experiências, sejam elas no mar ou no ar", diz Roberto Paião, o diretor-presidente do Grupo Okean, em nota.
A Schaefer Yachts trouxe o Schaefer V44, com 13,4 metros. Seu preço custa a partir de R$ 6 milhões, e o barco comporta 14 pessoas durante o dia e quatro durante a noite.

Já entre as marcas de automóveis, estão exemplares trazidos pela empresa de comércio exterior Comextport, como a McLaren 750S, o Aston Martin Vanquish e o Mercedes-AMG S 63 E Performance.
O evento também conta com as marcas de automóveis Ferrari e Rolls Royce.

Linha de helicóptero exclusiva
O Catarina já conta com traslado de helicóptero para os seus clientes. Mas, com o aumento da demanda, terá um reforço da empresa Revo, que fará uma rota exclusiva ligando a região da Faria Lima, na capital, até o evento.
Os voos terão duração de 20 minutos, e os interessados podem adquirir os assentos individualmente ou fretar o helicóptero inteiro para o voo. Já falamos da Revo aqui.
* O colunista viajou a São Roque a convite da organização do Catarina Aviation Show
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