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Dólar sobe 1,24%, a R$ 3,925, com rebaixamento e possível saída de Levy

Do UOL, em São Paulo

16/12/2015 17h16

dólar comercial operou em alta esta quarta-feira (16) e chegou até a encostar em R$ 3,97 logo após o Brasil perder o selo de bom pagador pela segunda agência de risco, a Fitch. Em seguida, reduziu o ritmo e fechou o dia com valorização de 1,24%, a R$ 3,925 na venda. 

É o maior valor de fechamento desde 21 de outubro, quando o dólar fechou a R$ 3,943. 

Na véspera, a moeda norte-americana havia caído 0,25%. 

O dia foi de importantes acontecimentos para o mercado. Além do rebaixamento do Brasil pela Fitch, os investidores também estavam de olho na possível saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, na sessão do STF (Supremo Tribunal Federal) para definir as regras para o processo de impeachment, além da decisão sobre os juros nos EUA. 

Brasil perde selo de bom pagador pela 2ª agência

A agência de classificação de risco Fitch retirou o selo de bom pagador do Brasil, o que significa que há mais risco de o país dar um calote.

Em comunicado, a Fitch cita a recessão mais profunda do que o previsto e a dificuldade que o quadro fiscal e o aumento das incertezas políticas trazem à capacidade do governo de estabilizar a dívida pública.

Além da Fitch, a Standard & Poor's já tinha cortado a nota brasileira em setembro. Agora, o Brasil só é considerado um bom pagador pela agência Moody's. Na semana passada, no entanto, a agência alertou que pode rebaixar o Brasil em breve.

"Era uma certeza, a Fitch só ganhou a corrida. Agora, a Moody's está atrasada para a festa", disse Pedro Tuesta, economista da 4Cast, à agência de notícias Reuters.

Muitos fundos só podem investir em ativos brasileiros que tenham selo de bom pagador por pelo menos duas importantes agências. Isso pode levar a uma retirada de recursos do país.

Por outro lado, operadores afirmaram que a decisão já era esperada e que parte relevante desse ajuste dos investimentos já foi feito no mercado.

Levy já acertou sua demissão com Dilma, diz jornal

Os investidores também estavam de olho na notícia de que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, teria acertado há alguns dias com a presidente Dilma Rousseff sua saída do governo. As informações são do jornal "Valor Econômico" desta quarta-feira.

O jornal diz que Levy permanecerá no cargo por mais um breve período até que Dilma defina um substituto e o cenário político fique mais definido.

Os investidores entendem sua eventual saída do governo como um sinal de mais atrasos no reequilíbrio das contas públicas.

Comissão aprova redução da meta fiscal

A Comissão Mista de Orçamento aprovou nesta quarta emenda reduzindo a meta de superavit primário (economia feita pelo governo para o pagamento dos juros da dívida) de 0,7% para 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto) de 2016.

A Comissão, no entanto, rejeitou a outra proposta do governo, de usar abatimentos para zerar a meta. Na prática, isso permitiria que o governo não poupasse nada no ano que vem.

A meta fiscal é um ponto de desentendimento entre o governo e Levy. O ministro vinha defendendo a manutenção da meta em 0,7% do PIB, equivalente a R$ 43,8 bilhões.

Decisão do STF sobre processo de impeachment

Ainda no cenário nacional, investidores esperavam pela sessão do STF (Supremo Tribunal Federal) que define as regras do procedimento de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

Segundo a Reuters, de maneira geral a campanha pelo afastamento da presidente tem sido bem recebida nos mercados, mas muitos se preocupam com os impactos econômicos da incerteza política.

Atuações do BC

O Banco Central deu sequência à rolagem dos swaps cambiais (equivalentes à venda futura de dólares) que vencem em janeiro, com oferta de até 11.260 contratos.

Até agora, o BC já rolou o equivalente a US$ 6,565 bilhões, ou cerca de 61% do lote total, que corresponde a US$ 10,694 bilhões.

Os leilões de rolagem servem para adiar os vencimentos de contratos que foram vendidos no passado.

BC dos EUA decide sobre juros

Completava o quadro de cautela a aguardada reunião do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), que termina logo após o encerramento dos negócios desta quarta-feira.

Operadores dão como certo que os juros serão elevados. A reação dos mercados deve depender da sinalização do Fed sobre os próximos aumentos.

"Eu acredito que ele (Fed) deve reforçar que vai ser bastante cauteloso com as próximas altas e isso pode evitar altas mais fortes do dólar", disse o operador da corretora B&T Marcos Trabbold à Reuters.

(Com Reuters)