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Dólar cai 2,2% e fecha a R$ 3,802, menor valor em quase 3 meses

Do UOL, em São Paulo

03/03/2016 17h15Atualizada em 03/03/2016 17h37

dólar comercial caiu mais de 2% e registrou o terceiro dia seguido de queda nesta quinta-feira (3). A moeda norte-americana teve perda de 2,2%, a R$ 3,802 na venda.

É o menor valor de fechamento desde 10 de dezembro, quando o dólar havia encerrado a R$ 3,801. É também a maior queda percentual diária desde 3 de dezembro (-2,26%). 

Nos últimos três dias, o dólar acumula queda de 5,03%.

Na véspera, a moeda havia caído 1,35%. 

Política brasileira

O mercado brasileiro tem sido intensamente influenciado pelo noticiário político. Muitos investidores entendem que vem crescendo a chance de afastamento da presidente Dilma Rousseff, algo que tem provocado reações favoráveis no mercado.

"Está crescendo no mercado a aposta de que Dilma não vai terminar seu mandato", disse o economista da 4Cast Pedro Tuesta à agência de notícias Reuters. Ele ressaltou, porém, que o quadro é bastante incerto e um eventual impeachment pode dificultar o reequilíbrio da economia brasileira.

O senador Delcídio Amaral (PT-MS) teria feito acordo de delação premiada perante o grupo de trabalho da Procuradoria-Geral da República na Operação Lava Jato. Segundo a revista "IstoÉ", ele teria citado vários nomes, entre eles o da presidente Dilma Rousseff e o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e detalhou os bastidores da compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras, entre outros assuntos. 

Em nota, o senador Delcídio diz que não confirma o conteúdo da reportagem da revista "IstoÉ". 

A notícia vem após relatos na véspera de que o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro teria acertado acordo de delação premiada e também teria citado Lula, segundo o jornal “Folha de S.Paulo”.

"Se a Lava Jato chegar no Lula, é praticamente certo que o PT não volta ao governo nem em 2018 e isso significa que aumenta a chance de mudança no governo", disse o operador de um banco internacional à Reuters.

Denúncias contra Cunha

Outro foco importante é a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de abrir um processo criminal e tornar réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Se for condenado ao fim do processo no Supremo, ele pode perder o mandato de deputado, como determina a Constituição Federal. Cunha nega a acusação.

Investidores ressaltam que o acirramento das tensões com o deputado pode levá-lo a reagir com ataques ao governo. Por outro lado, eventual cassação do mandato do deputado pode diminuir as tensões entre o governo e o Congresso Nacional.

Juros

A queda do dólar nesta sessão também foi influenciada pela percepção de que o Banco Central não deve cortar os juros tão cedo, após o Comitê de Política Monetária (Copom) manter na véspera a Selic (taxa básica de juros) em 14,25% em decisão dividida.

A manutenção de juros elevados sustentaria a atratividade de negócios brasileiros, possivelmente atraindo dólares para o país.

Segundo pesquisa da Reuters, a alta recente do dólar frente ao real parece estar perdendo força em meio às promessas de mais estímulo econômico pelos bancos centrais e sinais de estabilização nos mercados de matéria-prima. Analistas esperam que o dólar seja cotado a R$ 4,015 em um mês, R$ 4,16 em seis meses e R$ 4,25 em 12 meses. 

PIB contrai 3,8%

Investidores também ficaram de olho na informação de que a economia brasileira encolheu 3,8% em 2015 na comparação com 2014, segundo os dados do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). 

Essa é a maior queda desde que a atual pesquisa do IBGE começou a ser feita, em 1996. Se forem considerados os dados anteriores do PIB, que começam em 1948, é o pior resultado em 25 anos, desde 1990 (-4,3%), quando Fernando Collor de Mello assumiu o governo e decretou o confisco da poupança.

(Com Reuters)