Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

Mercado vê chance de ataque fortalecer Bolsonaro ou passar votos a Alckmin

FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO

Téo Takar

Do UOL, em São Paulo

06/09/2018 18h30

A Bolsa de Valores ampliou a alta, e o dólar acelerou a queda após a facada sofrida por Jair Bolsonaro (PSL). Segundo analistas do mercado financeiro, o candidato à Presidência da República pode sair fortalecido desse episódio caso continue na campanha. Ou pode transferir votos a Geraldo Alckmin (PSDB) caso tenha que se afastar.

Minutos antes do ataque contra Bolsonaro em Juiz de Fora (MG), por volta das 16h, o Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa brasileira, subia cerca de 0,5%, enquanto o dólar comercial operava quase estável, perto de R$ 4,12.

No fechamento, às 17h, o Ibovespa marcou alta de 1,76%, a 76.416 pontos, enquanto o dólar caiu 0,95%, para R$ 4,104.

Por que houve essa reação do mercado financeiro? Veja mais abaixo quais foram as hipóteses levantadas pelos investidores.

Leia também:

As hipóteses do mercado levam em conta duas possibilidades: de recuperação rápida do candidato após o ataque, ou de afastamento parcial ou total da campanha.

Cenário 1: Bolsonaro sai fortalecido

Caso ele retorne logo à sua agenda, a tendência é que saia fortalecido politicamente do episódio.

"Há a possibilidade de Bolsonaro colher frutos desse ataque. Essa violência contra ele só reforça o seu discurso", afirmou Pedro Galdi, analista da corretora Mirae.

O avanço de Bolsonaro nas pesquisas reduziria a incerteza do mercado financeiro sobre quem será o próximo presidente do país. "De toda forma, precisamos observar como virão as próximas pesquisas, pois o índice de rejeição de Bolsonaro é alto."

Outro analista, que preferiu não se identificar, comentou que o candidato do PSL ganhará grande exposição na mídia por causa do episódio, o que pode render votos. "Jair Bolsonaro tinha nove segundos de propaganda na TV. Agora, terá exposição de, no mínimo, 24 horas em todos os veículos de mídia."

Cenário 2: Bolsonaro fora, e Alckmin herda votos

Outra hipótese do mercado financeiro considera que o ataque contra Bolsonaro foi grave e irá forçá-lo a se afastar por vários dias da campanha ou, no caso extremo, a abandonar a candidatura.

"Se ele se afastar da campanha, alguns eleitores que votariam em Bolsonaro tendem a migrar para um candidato de centro, provavelmente Geraldo Alckmin (PSDB). Dificilmente alguém que vota no Bolsonaro trocaria seu candidato por Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT) ou Marina Silva (Rede)", disse Luis Gustavo Pereira, analista da Guide Investimentos.

O mercado financeiro vê com bons olhos uma eventual vitória de Alckmin, já que o tucano é favorável às reformas econômicas estruturais, como a da Previdência.

"De toda forma, ainda é muito cedo para tirar qualquer conclusão. Vamos ver as próximas pesquisas", afirmou Pereira.

Véspera de feriado favorece movimentos bruscos

A véspera de feriado prolongado no Brasil esvaziou o mercado financeiro. Quando Bolsonaro sofreu o ataque, por volta das 16h, poucos investidores estavam atuando.

"A baixa liquidez favorece movimentos bruscos. Houve uma certa 'pirotecnia' do mercado com o episódio", disse Pereira.

"A Bolsa brasileira ficou completamente descolada dos mercados americanos. A alta aqui foi forte, enquanto lá fora os mercados fecharam no vermelho [em baixa]. A véspera de feriado acabou servindo para alguns investidores puxarem a alta por aqui, tendo como justificativa esse ataque ao Bolsonaro", afirmou Galdi.