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Dólar sobe, Bolsa cai mais de 2% e Eletrobras tomba 7% de olho em eleição

Do UOL, em São Paulo

10/10/2018 10h54Atualizada em 10/10/2018 17h12

O dólar comercial operava em alta nesta quarta-feira (10), após três quedas seguidas, e a Bolsa tinha queda acentuada. Por volta das 16h10, o dólar subia 1,28%, a R$ 3,758 na venda. No mesmo horário, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, perdia 2,44%, a 83.985,32 pontos. A queda era puxada principalmente pelo tombo das ações de estatais, como Eletrobras (-7,43%) e Petrobras (-2,95%). 

Segundo analistas, trata-se de um movimento de correção, após o dólar ter caído e a Bolsa subido bastante recentemente. Soma-se a isso a inquietação dos investidores após declarações do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) sobre privatizações e reformas (leia mais abaixo). O mercado espera, ainda, a pesquisa Datafolha de intenção de votos para o segundo turno da eleição, que deve ser divulgada na noite desta quarta. O cenário externo também estava menos favorável. 

Na véspera, o dólar fechou em queda de 1,47%, a R$ 3,711 na venda, menor valor desde 3 de agosto, enquanto a Bolsa ficou estável, a 86.087,55 pontos.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para turistas, o valor sempre é maior.

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Expectativa sobre privatizações afeta estatais

Até terça-feira (9), as ações das estatais haviam disparado na Bolsa com a expectativa de um novo governo favorável a privatizações e reformas econômicas. Porém, algumas declarações recentes colocaram essa expectativa em xeque.

Em entrevista na noite de terça, Bolsonaro disse ser contra a privatização no setor de geração de energia elétrica e disse estar preocupado com a venda de negócios de energia no Brasil para a China. O candidato disse também que o "miolo" da Petrobras não pode ser vendido e que a empresa não pode "usar do monopólio para tirar o lucro que bem entende".

O candidato também falou a jornalistas sobre a reforma da Previdência, afirmando que a atual proposta do presidente Michel Temer dificilmente será aprovada. O deputado reeleito Onyx Lorenzoni (DEM-RS), cotado para assumir o Ministério da Casa Civil em um eventual governo Bolsonaro, disse que o presidenciável, se eleito, não vai apoiar a proposta de reforma da Previdência de Temer.

O projeto é considerado pelo mercado como essencial para equilibrar as contas públicas. Na avaliação do mercado, as declarações do candidato do PSL vão na contramão da visão de seu coordenador econômico, o economista liberal Paulo Guedes. A preferência do mercado por Bolsonaro é justamente apoiada em Guedes, com a expectativa de que eles imponham uma agenda de reformas, corte de gastos e ajuste fiscal.

"Desta forma, ele se coloca numa posição de antagonismo à de seu assessor econômico, que é mais agressivo (no que se refere à reforma da Previdência)", disse à agência de notícias Reuters o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva.

Cautela com pesquisa e Paulo Guedes investigado

Após a euforia com a votação expressiva de Bolsonaro (PSL) no primeiro turno (46,03% dos votos válidos, contra 29,28% de Haddad), o mercado ainda aguarda a divulgação da primeira pesquisa de intenção de votos para o segundo turno. Os números do Datafolha devem sair nesta quarta-feira à noite.

Além da entrevista de Bolsonaro, outras notícias envolvendo o candidato do PSL estão no radar dos investidores. Reportagem da "Folha" aponta que o economista Paulo Guedes, que comanda o programa econômico de Bolsonaro, está sob investigação do Ministério Público Federal em Brasília suspeito de associar-se a executivos ligados a PT e MDB para praticar fraudes em negócios com fundos de pensão de estatais.

Atuação do BC

O Banco Central ofertou e vendeu integralmente nesta sessão 7.700 swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares. Desta forma, rolou US$ 3,08 bilhões do total de US$ 8,027 bilhões que vence em novembro

Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.

(Com Reuters)