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Bolsa sobe mais de 6%; Dólar opera em queda, vendido perto de R$ 4,98

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Do UOL, em São Paulo

17/03/2020 09h17Atualizada em 18/03/2020 17h08

O dólar comercial operava em queda na tarde de hoje, após fechar acima de R$ 5 pela primeira vez na história ontem. A Bolsa subia.

Por volta das 15h47, a moeda norte-americana se desvalorizava 1,29%, a R$ 4,981 na venda. No mesmo horário, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, ganhava 6,16%, a 75.550,29 pontos. Na véspera, a Bolsa caiu quase 14% e chegou a ser suspensa, no quinto "circuit breaker" em oito dias.

Ontem, o dólar saltou 4,86%, a R$ 5,0467 na venda, nova máxima recorde nominal (sem considerar a inflação) para um encerramento.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

BC intervém

Para tentar conter a alta do dólar, o Banco Central ofereceu US$ 2 bilhões por meio de leilões de linhas —venda com compromisso de recompra.

Uma medida semelhante havia sido realizada na sexta-feira, a primeira vez que o BC fez oferta líquida de moeda nessa modalidade desde 18 de dezembro do ano passado. Os leilões de linha costumam ser realizados em momentos de procura pontual por liquidez.

Expectativa de corte de juros no Brasil

Investidores aguardam uma possível redução na taxa básica de juros (Selic), que hoje está em 4,25% ao ano. O Copom (Comitê de Política Monetária), responsável pela decisão, tem reunião marcada para esta terça e quarta-feira.

Contudo, especula-se que o corte possa ser anunciado ainda hoje, como mais uma medida para tentar estimular os mercados diante da pandemia de Covid-19. A iniciativa acompanharia a decisão dos bancos centrais das principais economias. O Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), por exemplo, cortou no domingo os juros em um ponto percentual, para perto de zero, em uma decisão emergencial.

Analistas do mercado esperam a Selic em 4% e reduziram a estimativa de crescimento em 2020 em 0,31 ponto percentual, a 1,68%.

Novas medidas emergenciais do governo

O mercado acompanha com a atenção os anúncios do governo federal para conter a crise econômica causada pela pandemia.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou na noite de ontem (16) mais medidas, como a antecipação do abono salarial e da segunda parcela do 13º salário do INSS e a ampliação de beneficiários do Bolsa Família. Ao todo, segundo o ministro, serão quase R$ 150 bilhões injetados em três meses, com dois focos principais: proteção de idosos e pessoas mais vulneráveis e benefícios para empresas para tentar manter o nível de emprego.

Europa se recupera, China fecha em baixa

As principais Bolsas da Europa iniciaram o dia em alta, depois de uma segunda-feira de baixas expressivas. Nos primeiros minutos de operações, as praças de Paris, Madri, Londres, Milão e Frankfurt registravam resultados positivos de entre 2 e 3%. Ontem, as Bolsas da Europa despencaram para o menor nível desde 2012, enquanto a pandemia de coronavírus se alastrava pela Europa.

França, Itália e Espanha restringiram hoje as negociações nos mercados acionários, proibindo vendas a descoberto para proteger algumas das maiores empresas da Europa de uma liquidação provocada pelo coronavírus. Nesse tipo de negociação, operadores tomam emprestado a ação de uma empresa com a visão de vendê-la, esperando recomprá-la a um preço mais baixo e embolsar a diferença.

Os índices acionários da China caíram para mínimas de seis semanas hoje, em linha com os mercados globais, uma vez que o sentimento do investidor permanece frágil após esforços coordenados de bancos centrais falharem em aliviar preocupações sobre o impacto do coronavírus.

Veja como estavam os principais mercados financeiros externos por volta das 7:57 desta terça-feira:

  • O futuro do norte-americano S&P 500 SPc1 subia 1,6%, a 2.4437 pontos
  • O índice FTSEurofirst 300 .FTEU3 tinha queda de 0,90%, a 1.104 pontos
  • Em LONDRES, o índice Financial Times .FTSE recuava 1,19%, a 5.089 pontos
  • Em FRANKFURT, o índice DAX .GDAX caía 1,03%, a 86.651 pontos
  • Em PARIS, o índice CAC-40 .FCHI perdia 0,92%, a 3.845 pontos
  • Em MILÃO, o índice Ftse/Mib .FTMIB tinha valorização de 0,15%, a 15.003 pontos
  • Em MADRI, o índice Ibex-35 .IBEX registrava alta de 1,61%, a 6.205 pontos
  • Em LISBOA, o índice PSI20 .PSI20 valorizava-se 1,68%, a 3.731 pontos
  • O petróleo tipo Brent em Londres LCOc1 recuava 0,07%, a 30,03 dólares por barril
  • O petróleo em Nova York CLc1 subia 1,81%, a 29,22 dólares por barril
  • O euro EUR= tinha perda de 1,32%, a 1,1033 dólar
  • O índice do dólar sobre uma cesta de moedas .DXY ganhava 1,05%

Recorde do dólar não considera inflação

O recorde do dólar alcançado no fechamento de ontem (16) considera o valor nominal, ou seja, sem descontar os efeitos da inflação, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.

Levando em conta a inflação nos EUA e no Brasil, o pico do dólar pós-Plano Real aconteceu no fim do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 22 de outubro de 2002. O valor nominal na época foi de R$ 3,952, mas o valor atualizado ultrapassaria os R$ 7.

Fazer esta correção é importante porque, ao longo do tempo, a inflação altera o poder de compra das moedas. O que se podia comprar com US$ 1 ou R$ 1 em 2002 não é o mesmo que se pode comprar hoje com os mesmos valores.

* Com Reuters

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