Dólar abaixo de R$ 5 ou passando de R$ 6? Moeda continuará imprevisível
Resumo da notícia
- Dúvidas sobre impacto da covid-19 na economia tiram chão de profissionais de mercado
- Com pandemia fora de controle, investidor busca segurança em vez de rentabilidade
- Mas, se pandemia perder força, moeda americana deve recuar com força
- Na incerteza, dólar turismo fica sem negócios e comércio exterior com menos giro
O dólar reduziu o ritmo de alta depois de bater novo recorde histórico e superar os R$ 5,32 no último dia 3 deste mês. Mas profissionais de mercado duvidam que essa trégua seja uma tendência que veio para ficar. Pelo contrário. Entre economistas, gestores de recursos e operadores de casas de câmbio, o cenário é totalmente imprevisível por causa da pandemia do coronavírus. Os palpites variam de um dólar que pode testar os R$ 6 ou de uma cotação abaixo de R$ 5.
Sempre que surge alguma notícia de aumento do número de casos, diminui a chance de suspensão das medidas de restrição à circulação de pessoas e ao funcionamento das empresas. Com a economia travada, pessoas físicas, empresas e instituições financeiras vão seguir preferindo segurança e liquidez, sem pensar em rentabilidade. E, nesse cenário, a moeda americana permanece como uma grande preferência.
Mas a sequência de altas do dólar pode ser interrompida sempre que surgirem sinais de estabilidade da pandemia ou de retomada da atividade econômica, como começa a ocorrer na China, por exemplo. O problema, afirmam profissionais de mercado, é que ninguém consegue traçar um cenário minimamente confiável de quando isso vai ocorrer de forma sustentável.
Dólar: manter ou comprar
O chefe global de estratégia para mercados emergentes do BNP Paribas, Gabriel Gersztein, afirma que a cotação do dólar em relação ao real está "claramente fora de patamar de uma situação normal". Ou seja, levando em consideração a economia brasileira, o dólar não deveria estar valendo isso tudo. "O real está muito barato. Mas em um ambiente em que prevalece a incerteza, não posso afirmar que o câmbio esteja descolado dos fundamentos", afirma.
Desde o dia 26 de fevereiro, quando foi anunciado o primeiro caso da covid-19 no Brasil, o dólar saltou quase 20%, subindo de R$ 4,44 para R$ 5,32, no dia 3 de abril, quando deu uma arrefecida.
"Quanto tempo tudo isso vai durar, ninguém sabe. O momento é de total aversão a risco. As pessoas querem liquidez e segurança", diz o responsável pela mesa institucional da Genial Investimentos, Roberto Motta. Segundo ele, não dá para cravar que o dólar vai parar de subir. "Não vejo gestor recomendando venda de dólar. A posição mais indicada é manter ou comprar, mas não vender", afirma.
Dólar a R$ 6,00
A CEO da plataforma de operadores de mercado Atom SA, Carol Paiffer, acredita que o dólar já está perdendo força. "O dólar cansou de subir", afirma a executiva que opera nos mercados futuros de dólar na Bolsa. Mas ela admite que "qualquer operação com dólar hoje tem que ser feita com cautela".
O economista-sênior da XP Investimentos, Marcos Ross, diz o dólar ainda tem tendência de alta. "Em maio podemos ver o câmbio flertando até com R$ 6,00", disse. Segundo ele, além do controle da pandemia, outras dúvidas persistem. No cenário externo, com relação ao ritmo de recuperação da economia da China, dos Estados Unidos e da Europa; e no ambiente doméstico, com relação ao pacote econômico do governo.
Para Roberto Motta, da Genial, o dólar até pode voltar a cair abaixo de R$ 5,00, mas com algumas condições: a pandemia ficar sob controle - ou seja, parar de crescer -, o Brasil conseguir retomar a atividade econômica de forma sustentável no segundo semestre e o governo restringir o aumento de gastos públicos ao ano de 2020.
Gabriel Gersztein, do BNP Paribas, vai na mesma linha. Para ele, depois que a pandemia estiver sob controle no mundo, vai ser a hora de o Brasil mostrar aos investidores estrangeiros que está pronto para receber recursos externos. E isso depende da política econômica local e da volta do crescimento do PIB brasileiro.
Casas de câmbio paradas
Enquanto essas dúvidas permanecem, os negócios com dólar nas casas de câmbio continuam baixos. A procura pela moeda para viagens desapareceu, e as operações de importadores e exportadores também estão em banho-maria.
"No dólar turismo, não tem negócio. Não tem avião saindo nem avião chegando do exterior. Os poucos negócios que temos é de um ou outro brasileiro querendo vender dólar que tinha guardado para complementar a renda", afirma o diretor de estratégia e inovação da plataforma Meu Câmbio, Mathias Fischer.
Já no dólar comercial, usado por empresários que fazem negócios com a moeda americana para importar ou exportar produtos, Fischer diz que as operações estão meio travadas. O dólar valorizado deveria estimular os exportadores brasileiros a fecharem mais negócios. O problema é que do lado dos importadores estrangeiros está sempre aparecendo pedido de desconto. "Por isso, tem uma morosidade maior, o ritmo da negociação fica mais lento", afirmou.
Além disso, a própria volatilidade do câmbio retira a referência de preços de quem faz negócios em moeda estrangeira.
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