Dólar tem 5ª alta, passa de R$ 5,80 e bate recorde pelo 2º dia; Bolsa cai
O dólar comercial fechou em alta de 2,39%, a quinta seguida, vendido a R$ 5,84. Com o resultado, a moeda bateu o recorde nominal (sem considerar a inflação) de fechamento desde a criação do Plano Real pelo segundo dia. Ontem, o dólar avançou 2,03%, a R$ 5,703 na venda. No ano, o dólar acumula alta de 45,53%.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, caiu 1,2%, a 78.118,57 pontos, segunda queda seguida. No ano, a queda da Bolsa é de 32,45%.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.
Investidores reagem ao corte da Selic
O Banco Central cortou ontem a taxa básica de juros (Selic) à mínima histórica de 3% ao ano. A redução de 0,75 ponto percentual foi mais forte do que o previsto pelo mercado e sinalizou que pode ocorrer mais um corte para estimular a economia, em meio aos impactos da pandemia de coronavírus.
As reduções sucessivas da Selic têm surtido efeitos consideráveis sobre a moeda brasileira. Quanto menores os juros, menos rentáveis são os investimentos locais atrelados à Selic, o que torna o Brasil menos atraente para o investidor estrangeiro quando comparado a outros países emergentes.
O BC afirmou em comunicado que uma nova redução não deve ser maior que a adotada na quarta-feira, de 0,75 ponto, indicando que a Selic não deve cair para menos de 2,25% ao ano.
Em nota, o Bradesco avaliou que o futuro da taxa "dependerá, essencialmente, da combinação de dados econômicos, preços de commodities e da resposta da taxa de câmbio ao ambiente global, doméstico e à própria queda de juros".
Ainda no radar dos mercados estava a notícia de que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego nos Estados Unidos totalizaram 3,169 milhões na última semana.
Recorde do dólar não considera inflação
O recorde do dólar alcançado hoje considera o valor nominal, ou seja, sem descontar os efeitos da inflação, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.
Levando em conta a inflação nos EUA e no Brasil, o pico do dólar pós-Plano Real aconteceu no fim do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 22 de outubro de 2002. O valor nominal na época foi de R$ 3,952, mas o valor atualizado ultrapassaria os R$ 7.
Fazer esta correção é importante porque, ao longo do tempo, a inflação altera o poder de compra das moedas. O que se podia comprar com US$ 1 ou R$ 1 em 2002 não é o mesmo que se pode comprar hoje com os mesmos valores.
* Com Reuters
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