Dólar sobe mais de 1%, perto de R$ 5,93; Bolsa opera quase estável
O dólar comercial subia mais de 1%, enquanto a Bolsa de Valores operava quase estável na tarde de hoje. Por volta das 15h30, a moeda norte-americana se valorizava 1,1%, a R$ 5,93 na venda, e o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, registrava leve alta de 0,01%, a 77.879,53 pontos.
Ontem, o dólar fechou em alta de 0,71%, a R$ 5,866, o maior valor nominal (sem considerar a inflação) já registrado desde o Plano Real.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.
Anúncio do BC dos EUA frustra investidores
O dólar começou o dia em queda, mas passou a subir após o presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano), Jerome Powell, disse que os Estados Unidos podem enfrentar um "período prolongado" de crescimento fraco. Ele acrescentou que o Fed não considera o uso de juros negativos como ferramenta para estimular a economia.
"Tinha uma expectativa do mercado de que Powell poderia sinalizar juros negativos nos EUA depois que o [presidente norte-americano] Donald Trump renovou as pressões acerca do assunto ontem ", disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho, à agência de notícias Reuters. "A fala de Powell frustrou os investidores e fez com que os mercados virassem."
Governo piora expectativa para o PIB
O governo anunciou hoje uma expectativa pior para o desempenho da economia neste ano e passou a ver um PIB (Produto Interno Bruto) de -4,7% em 2020. A projeção anterior, publicada em março, era de leve alta de 0,02%.
Além disso, a previsão para a inflação oficial passou de 3,05% ao final do ano para 1,77%, abaixo da meta oficial do governo, que é de 4%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, ou seja, podendo variar entre 5,5% e 2,5%.
As estimativas foram divulgadas na manhã de hoje pelo Ministério da Economia, e levam em consideração a paralisação das atividades de diversos setores no país por causa da pandemia do coronavírus.
No Brasil, cena política traz apreensão
Nesta quarta-feira, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que pode divulgar parte do vídeo da reunião de 22 de abril. O ex-ministro Sergio Moro afirma que, nessa reunião, o presidente tentou interferir na Polícia Federal. Pessoas que assistiram ao vídeo dizem que ele confirma a tentativa de interferência de Bolsonaro para proteger sua família.
Bolsonaro alega que não falou as palavras "Polícia Federal", "superintendência" e "investigação" na reunião gravada, e sim tratou dos riscos e da necessidade de melhorar a segurança dos filhos no Rio de Janeiro.
Bolsonaro também disse que o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, "se equivocou" ao falar que ele teria citado a PF ao cobrar relatórios de inteligência de diversos órgãos.
"Aqui, o movimento é um pouco mais pronunciado por estarmos num ambiente político bastante turbulento", declarou Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho.
A apenas alguns centavos de superar a marca de R$ 6, o dólar já acumula alta de mais de 47% no ano de 2020, impulsionado por um cenário de juros baixos e incerteza política em meio às consequências econômicas da pandemia de coronavírus.
Na noite da véspera, Bolsonaro disse que discutiu a disparada do dólar em reunião ministerial, mas afirmou que não poderia comentar sobre o assunto porque estaria adiantando algo "privilegiado", o que "prejudicaria" o mercado. As declarações deixam em aberto se o governo está avaliando medidas para o mercado de dólar.
Intervenção do Banco Central
Em tentativa de frear movimento exagerado no câmbio, o Banco Central anunciou para esta quarta-feira leilão de swap tradicional de até 10 mil contratos com vencimento para agosto e dezembro de 2020, em que vendeu o lote integral.
*Com Reuters
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