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Dólar cai a R$ 5,653 com ansiedade sobre eleições nos EUA; Bolsa sobe 1,97%

O democrata Joe Biden e o republicano Donald Trump, adversários nas eleições de 2020 nos EUA - Jim Watson e Brendan Smialowski/AFP
O democrata Joe Biden e o republicano Donald Trump, adversários nas eleições de 2020 nos EUA Imagem: Jim Watson e Brendan Smialowski/AFP

Do UOL, em São Paulo

04/11/2020 17h19Atualizada em 04/11/2020 18h14

Em meio às expectativas sobre o resultado das eleições nos Estados Unidos, o dólar fechou o dia em forte queda de 1,89%, cotado a R$ 5,653 na venda. É o maior recuo registrado desde 28 de agosto, quando a moeda norte-americana encerrou a sessão em R$ 5,415 (-2,92%).

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), terminou o dia em alta de 1,97%, aos 97.866,81 pontos, puxado pelo noticiário corporativo. Com a variação positiva, a segunda consecutiva, o indicador acumula valorização de 4,17% na semana, o que ajuda a minimizar o forte recuo de 7,22% registrado na semana passada.

De olho nas eleições nos EUA

A disputa entre o republicano Donald Trump e o democrata Joe Biden, muito mais acirrada do que o esperado, deixou investidores ansiosos à espera de uma indicação clara sobre quem será o próximo presidente dos EUA. Por volta das 16h45, segundo contagem da Associated Press, o primeiro tinha conquistado 214 delegados; o segundo, 237. Ganha quem alcançar 270 delegados.

"Há muita indefinição, não dá para bater o martelo", disse à Reuters Vanei Nagem, responsável pela mesa de câmbio da Terra Investimentos. "Parece que os mercados estão se acomodando" com a impressão de que não haverá grandes surpresas independentemente do resultado, acrescentou.

Já Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho, destacou a performance superior do real em relação a seus pares emergentes, o que atribuiu à falta de confirmação de uma ampla vantagem de Biden contra Trump — cenário que era projetado por boa parte dos mercados.

Ainda que uma "onda azul", em que os democratas conquistariam a Casa Branca e uma maioria parlamentar, seja vista como um cenário positivo para emergentes, principalmente devido à maior probabilidade de aprovação de mais estímulos fiscais, o discurso de Trump está bem mais alinhado ao do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), disse Rostagno.

Trump contesta apuração

Os questionamentos quanto à contagem dos votos tiveram início já na madrugada de hoje. Trump chegou a fazer um pronunciamento na Casa Branca e se autodeclarar vencedor das eleições, embora ainda não houvesse confirmação. Ele também disse que recorreria à Suprema Corte para interromper a contagem de votos.

"Não queremos que encontrem votos às 4 horas da manhã para acrescentar à lista", afirmou, referindo-se aos votos enviados pelo correio. A campanha de Joe Biden reagiu, afirmando que as declarações do republicano são "ultrajantes e sem precedentes".

Pela manhã, Trump voltou a levantar suspeitas de fraude — sem apresentar provas — sobre a contagem dos votos. Em mensagem publicada em uma rede social, o presidente classificou como "muito estranha" a forma como Biden tem avançado e que sua vantagem sobre o democrata começou a desaparecer "magicamente".

"Na noite passada, eu vinha liderando, em muitos casos de forma sólida, em muitos estados-chave, quase todos governados e controlados pelos democratas. Então, um a um, [meus votos] começaram a desaparecer magicamente enquanto cédulas surpresa eram contadas. Muito estranho, e todas as pesquisas erraram completamente e historicamente", escreveu Trump.

Last night I was leading, often solidly, in many key States, in almost all instances Democrat run & controlled. Then, one by one, they started to magically disappear as surprise ballot dumps were counted. VERY STRANGE, and the "pollsters" got it completely & historically wrong!

-- Donald J. Trump (@realDonaldTrump) November 4, 2020

Pouco após a publicação, o Twitter colocou um alerta na publicação do republicando, dizendo que a mensagem contém dados "contestáveis" e que pode ter "informações incorretas".

Entenda a contagem dos votos

No sistema eleitoral americano, os 538 votos do Colégio Eleitoral — ou 538 "delegados" — determinam quem será o presidente. Esses 538 votos são distribuídos entre os estados, de forma proporcional, considerando a população de cada um deles. Ganha quem conquistar pelo menos 270 delegados, a maioria simples.

O candidato que ganhar a eleição popular dentro do estado leva todos os votos dele no Colégio Eleitoral — com exceção do Maine e Nebrasca, que dividem seus votos de acordo com os distritos regionais.