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Dólar sobe 4,67% na maior alta semanal em nove meses; Bolsa cai 1,24%

Dólar tem maior alta na semana desde junho do ano passado - Getty Images via BBC
Dólar tem maior alta na semana desde junho do ano passado Imagem: Getty Images via BBC

Do UOL, em São Paulo

26/03/2021 17h27Atualizada em 26/03/2021 18h27

O dólar comercial fechou hoje (26) em alta de 1,25% ante o real, cotado a R$ 5,741 na venda. Na semana, o dólar acumulou uma valorização de 4,67% sobre o real, na maior alta semanal desde o período entre 15 e 19 de junho do ano passado, quanto subiu 5,45%

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto. Ontem, a moeda norte-americana fechou em alta de 0,55% ante o real, cotada a R$ 5,670 na venda.

Já o Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores brasileira, também fechou em alta no dia. O índice teve uma valorização de 0,91% aos 114.780,62 pontos. Na semana, porém, o índice acumulou queda de 1,24%

As ações da Bradespar lideraram os ganhos na Bolsa, com 5,93% de alta. Na outra ponta, os papéis da Cogna caíram 3,76%. Ontem, o índice teve uma valorização de 1,50% aos 113.749,90 pontos.

Nesta sexta, a Bolsa foi beneficiada pelo clima mais favorável no exterior, com alta de preços de commodities, o que colocava as ações da Vale entre as maiores altas do Ibovespa. Já o dólar subiu em meio a um forte movimento de compras defensivas diante de preocupações sobre o modus operandi do BC (Banco Central) no câmbio e falta de perspectivas de fluxo e de melhora econômica de curto prazo.

"O que ninguém entende é o racional do BC para atuar no câmbio. Vendeu a R$ 5,58 e agora não faz nada com a moeda tendo pior performance relativa?", disse à Reuters Sérgio Goldenstein, consultor independente da Ohmresearch Independent Insights.

Na quinta-feira, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse ser equivocada a visão de que intervenções no câmbio feitas pela autoridade monetária em dias em que o real está apreciando estariam ligadas ao cenário inflacionário.

"Gostaria de deixar bem claro que nós entendemos que o efeito que o câmbio traz para nós é o efeito inflacionário através dos canais, a gente tem olhado isso há bastante tempo", disse Campos Neto em entrevista à imprensa, em evento no qual sinalizou que os juros poderiam subir menos do que o projetado pelo mercado —o que seria um revés para o câmbio.

Em meio às dúvidas sobre a estratégia do BC, o mercado lida com a deterioração das expectativas econômicas no Brasil na esteira do recrudescimento da crise sanitária, que já afeta projeções para PIB, inflação e juros.

Investidores comentam ainda sobre uma constante tensão diante de recorrentes pressões de governadores por mais gastos em combate à pandemia e eventual volta do estado de calamidade pública —que livraria o governo de cumprir metas fiscais. No meio disso há aumento do ruído político, com o Congresso mostrando mais contrariedade à gestão da pandemia pelo Executivo.

Relatórios de instituições financeiras voltaram a lembrar nos últimos dias que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), é o único que pode aceitar abertura de processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro.

"O Brasil, com dívida próxima a 93% do PIB, tem juros reais negativo de 2,5%. Já o México, com o fiscal bem melhor, não tem esses juros negativos. Isso demonstra o quanto estamos errados", disse Alfredo Menezes, sócio-gestor na Armor Capital.

(Com Reuters)