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Bolsa cai 3,94% em julho e tem pior mês desde fevereiro; dólar sobe 4,76%

Dólar disparou 2,57% nesta sexta (30) e fechou julho em valorização acumulada de 4,76% ante o real - Cris Faga/NurPhoto via Getty Images
Dólar disparou 2,57% nesta sexta (30) e fechou julho em valorização acumulada de 4,76% ante o real Imagem: Cris Faga/NurPhoto via Getty Images

Do UOL, em São Paulo

30/07/2021 17h24Atualizada em 30/07/2021 17h35

O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), fechou a sexta-feira (30) em forte queda de 3,08%, aos 121.800,79 pontos — a maior perda diária desde 8 de março (-3,98%). O desempenho de hoje contribuiu para o balanço negativo de julho, mês em que o indicador acumulou baixa de 3,94%, alcançando seu pior resultado mensal desde fevereiro (-4,37%).

Já o dólar, que vinha de duas quedas consecutivas, disparou 2,57% no dia e encerrou cotado a R$ 5,210 na venda, voltando ao patamar dos R$ 5,20 depois de quatro sessões. Com a forte alta, a moeda americana termina julho em valorização de 4,76% frente ao real — o melhor mês para a divisa desde janeiro (5,51%).

O desempenho de hoje reverteu a trajetória do dólar em 2021: agora, a moeda americana acumula ganhos de 0,41%, enquanto o Ibovespa tem alta de 2,34% desde o início do ano.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

EUA puxam dólar

Dados divulgados hoje mostraram que os gastos do consumidor nos Estados Unidos subiram mais do que o esperado em junho, enquanto a inflação anual superou ainda mais a meta de 2% do Fed (Federal Reserve, o Banco Central americano). Os números indicam que a economia está se recuperando, o que acaba atraindo investidores para o país.

A possibilidade de os preços continuarem mais altos nos EUA vinha preocupando o mercado, em meio ao receio de que a inflação force o Fed a apertar sua política monetária mais cedo. Na quarta-feira (28), porém, o presidente do Fed, Jerome Powell, conseguiu acalmar boa parte desses medos, dizendo que a alta dos juros segue distante e que o mercado de trabalho ainda tem "algum terreno a recuperar".

Graças ao avanço da vacinação e ao forte apoio político, os indicadores da atividade econômica e do emprego continuam se fortalecendo. (...) Os setores mais atingidos pela pandemia mostraram melhoras, mas não se recuperaram completamente, (...) [e] persistem riscos sobre as perspectivas econômicas.
Fed, em nota divulgada na quarta (28)

Copom no radar

Paralelamente, o mercado vai se preparando para a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central do Brasil, marcada para semana que vem. Alguns agentes financeiros apostam em reajuste de 0,75 ponto percentual nos juros básicos da economia (Selic), hoje em 4,25% ao ano, enquanto outros esperam alta de 1 ponto.

A elevação, se confirmada, tem potencial para pressionar o dólar, somando-se ao posicionamento "dovish" — com taxas de juros mais baixas, o que estimula o consumo e aquece a economia — do Fed

"Como o Fed não sinalizou uma desestimulação da economia, os investidores começam a voltar seus olhos para moedas de países emergentes", explicou à Reuters Lucas Schroeder, diretor de operações da Câmbio Curitiba. "Como o movimento interno é o oposto, de aumento da Selic, isso pode estimular a entrada de recursos."

No entanto, alertou Schroeder, os aspectos promissores para o real são compensados por um cenário político doméstico incerto, bem como pela disseminação da covid-19. Recentemente, a variante delta do coronavírus, altamente contagiosa, tem preocupado investidores internacionais.

(Com Reuters)