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Bolsas mundiais tombam e puxam Ibovespa; dólar sobe pela 5ª vez, a R$ 5,424

Do UOL, em São Paulo

28/09/2021 17h24Atualizada em 28/09/2021 19h03

Puxada por um tombo nos mercados mundiais, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), fechou está terça-feira (29) em forte queda de 3,05%, aos 110.123,85 pontos. É a maior queda do índice em quase três semanas, desde 8 de setembro (3,78%), um dia após os atos golpistas do Dia da Independência, convocados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

O dólar comercial chegou hoje à sua quinta alta consecutiva, de 0,85%, e terminou a terça-feira (28) cotado a R$ 5,424 na venda. É o maior valor em quase cinco meses, desde 4 de maio, quando a moeda norte-americana terminou a sessão em R$ 5,431.

Com o desempenho de hoje, o Ibovespa acumula perdas de 7,29% no mês e de 7,47% no ano. O dólar já subiu 4,88% em setembro e 4,54% em 2021.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Bolsas tombam nos EUA e na Europa

O desempenho do mercado brasileiro hoje foi fortemente afetado pelo pessimismo generalizado nas Bolsas do mundo todo.

Nos Estados Unidos, segundo dados preliminares, os três principais índices caíram:

  • Dow Jones: -1,62%, para 34.304,21 pontos
  • S&P 500: -2,03%, para 4.352,77 pontos
  • Nasdaq: -2,81%, a 14.549,56 pontos

Na Europa, as ações europeias recuaram para os menores patamares em uma semana. O índice FTSEurofirst 300 caiu 2,07%, a 1.748 pontos, enquanto o índice pan-europeu STOXX 600 perdeu 2,18%, a 452 pontos, maior queda diária em mais de dois meses.

As ações de tecnologia caíram 4,8% e foram ao nível mais baixo em dois meses. Veja como fecharam as principais Bolsas europeias:

  • Inglaterra: o índice Financial Times caiu 0,5%, a 7.028 pontos
  • Alemanha: o índice DAX caiu 2,09%, a 15.248 pontos
  • França: o índice CAC-40 perdeu 2,17%, a 6.506 pontos
  • Itália: o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 2,14%, a 25.573 pontos
  • Espanha: o índice Ibex-35 registrou baixa de 2,59%, a 8.769 pontos
  • Portugal: o índice PSI20 desvalorizou-se 1,13%, a 5.388 pontos

Preocupações com juros nos EUA e energia no mundo

A sinalização do Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos) de que pode começar a subir os juros (hoje próximos a zero) já em novembro, mais cedo do que o esperado, tem impulsionado os rendimentos dos títulos da dívida do governo norte-americano, com taxas acima de 1,5%.

Juros mais altos nos EUA tendem a atrair para lá recursos hoje investidos em outros países, como o Brasil. Com menos dólar aqui, a tendência é a moeda subir.

Nos EUA, também marcaram o dia questões ligadas a um impasse sobre o Orçamento, que pode paralisar o governo.

Na Europa, uma disparada do preço do gás natural, com o consumo subindo num momento de oferta restrita e de estoques em níveis críticos, agravou receio de que os custos de energia serão um desafio crescente para a economia global, que ainda começa a se levantar dos efeitos da covid-19.

Segundo o presidente da casa de análise de investimento Ohmresearch, Roberto Attuch, esse evento se somou a um quadro já tenso, incluindo restrições impostas pelo governo chinês ao consumo de carvão e à indústria siderúrgica, que já começavam a impactar alguns setores da indústria do país. Isso acabou pesando sobre ações de exportadoras brasileiras de metais, como Vale e Usiminas, o que contribuiu para o tombo de hoje do Ibovespa.

Às questões ligadas à China se somam o receio de calote de gigante do setor imobiliário Evergrande e perspectivas de desaceleração da economia chinesa.

"Esse quadro todo está atrapalhando bastante", disse Attuch.

No Brasil, baixo crescimento, inflação e risco de populismo

Segundo ele, o cenário mundial dá relevo a problemas no Brasil, que também tem um horizonte de crescimento menor e inflação elevada.

Esse quadro teve nova rodada de piora, com a Petrobras anunciando alta do preço do diesel nas refinarias em quase 9%, elevando o reajuste neste ano a mais de 50%.

"Isso tudo faz crescer no mercado a leitura de que o governo está cada vez mais tentado a buscar iniciativas populistas para pode chegar competitivo à eleição de 2022", disse ele.

Nesta terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o Brasil é um país rico e pode atender "os mais necessitados por mais tempo", indicando possível extensão do auxílio emergencial pago desde o surgimento da pandemia de Covid-19.

A declaração vem no momento em que o governo costura uma polêmica proposta de adiar parte do pagamento de precatórios para poder deslanchar seu programa social Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família.

(Com Reuters)