Bolsa tem pior semana desde o início da pandemia; dólar vai a R$ 5,627
A Bolsa emendou a segunda queda nesta sexta-feira (22), de 1,34%, e fechou a 106.296,18 pontos, no menor patamar desde em quase um ano, desde 20 de novembro de 2020 (106.042,48 pontos). Com o resultado, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, perdeu 7,28% na semana, a pior semana desde o final de março (-18,88%), no início da pandemia.
O dólar comercial caiu 0,71% e fechou o dia em R$ 5,627. A queda, porém, não foi suficiente para reverter as perdas da semana: a moeda americana se valorizou 3,16%, na pior semana desde 8 de julho (4%).
Ao longo da sessão de hoje, a Bolsa chegou a tombar quase 5%, e o dólar chegou a bater R$ 5,73. A Bolsa desacelerou a queda, e o dólar passou a recuar após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ministro da Economia, Paulo Guedes, fazerem um pronunciamento lado a lado hoje. Apesar de assumir que o governo está furando o teto de gastos, Guedes garantiu que não deixará o cargo, amenizando temores de descontrole total da situação das contas públicas.
Ontem, com a confirmação de que o governo vai driblar o teto de gastos, houve uma debandada na equipe econômica, com a saída de quatro secretários. A Bolsa tombou 2,75% e chegou ao menor patamar em quase um ano, e o dólar avançou 1,92%, a R$ 5,668 na venda.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.
'Não faremos nenhuma aventura', diz Bolsonaro
Ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente Jair Bolsonaro se pronunciou hoje sobre crise aberta no mercado por causa do lançamento do Auxílio Brasil, de R$ 400 fora do teto de gastos. Na avaliação do presidente, o valor médio até então oferecido pelo Bolsa Família, de cerca de R$ 190, é insuficiente.
"Esse valor decidido por nós tem responsabilidade. Não faremos nenhuma aventura, não queremos colocar em risco nada no tocante à economia", disse Bolsonaro. "Nós vamos reduzir o ritmo do ajuste. Que seja um déficit de 1% [do PIB], não faz mal. Preferimos tirar oito no fiscal e atender os mais frágeis. O arcabouço fiscal continua. Eu seguro isso."
Guedes admitiu que o governo está furando o teto de gastos. Ele afirmou que prefere "tirar uma nota menor" no quesito fiscal, com o déficit primário sendo um pouco maior no ano que vem, em troca de atendimento a mais frágeis, relativizando a mudança na regra do teto e defendendo que não houve mudança nos fundamentos da economia brasileira.
"Preferimos ajuste fiscal um pouco menos intenso e abraço no social um pouco mais longo", disse.
Teto de gastos
"Parece que seria marginalmente preferível que [Guedes] ficasse no cargo, mesmo que o mercado pense que sua credibilidade tenha diminuído consideravelmente", disseram estrategistas do Citi em nota.
Apesar da desvalorização do dólar nesta sessão, investidores chamaram a atenção para as impressionantes volatilidade e amplitude observadas no decorrer da sessão, o que seria reflexo da percepção de que o governo vai mesmo desrespeitar o teto de gastos para financiar um Auxílio Brasil mais robusto.
O furo do que é considerado hoje a grande âncora das contas públicas do país para financiar os benefícios sociais poderia abrir caminho para mais gastos fora das regras fiscais vigentes, temem especialistas, principalmente com a interpretação de que se trata de uma guinada populista do governo com a aproximação das eleições de 2022.
Ontem à noite, a comissão especial da Câmara que trata da PEC dos precatórios aprovou o texto apresentado pelo relator da matéria, o deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB). Pela proposta, o governo federal terá um espaço fiscal de R$ 83 bilhões para gastar a mais em 2022.
Nas contas da IFI (Instituição Fiscal Independente), órgão ligado ao Senado, o furo no teto de gastos será de R$ 94,4 bilhões, dos quais R$ 40 bilhões serão usados para viabilizar o auxílio de R$ 400. Ainda não se sabe como o governo vai gastar os R$ 54,4 bilhões restantes.
Ontem, o presidente Bolsonaro também prometeu lançar um auxílio para 750 mil caminhoneiros, para compensar a alta do diesel. O programa teria o valor de R$ 400, somando um gasto de R$ 4 bilhões.
*Com Reuters
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