Dólar cai a R$ 4,917; Bolsa sobe puxada por privatização da Eletrobras
Nesta quinta-feira (19), o dólar voltou a cair, dessa vez 1,32% e ficou cotado a R$ 4,917 na venda, após uma breve recuperação ontem. Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), subiu 0,71% e encerrou o pregão aos 107.005,22 pontos.
A valorização da Eletrobras, que teve privatização aprovada ontem à noite no TCU (Tribunal de Contas da União), influenciou o resultado do índice hoje. No horário do fechamento da sessão, as ações da elétrica (ELET3) apresentavam alta de 3,45% e eram cotadas a R$ 44,06.
As ações da Vale (VALE3) também ajudaram a puxar o Ibovespa para cima, sendo as mais negociadas do dia — ao fim do pregão, elas valiam R$ 79,91 e subiram 2,74%.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.
Aversão ao risco
Apesar do ajuste nos mercados de câmbio internacionais, vários especialistas alertavam para a manutenção do cenário cauteloso, que na véspera golpeou ativos arriscados de todo o mundo.
Dois dos principais índices acionários de Wall Street, por exemplo, fecharam a última sessão com perdas superiores a 4%, e já registravam mais danos no começo do dia.
Na Europa, as principais Bolsas também estendiam a baixa expressiva vista na véspera, com um índice referencial perdendo 2% no dia.
"A aversão ao risco ganha força diante de preocupações com o crescimento global", disse o departamento de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco em relatório.
"Pesam sobre a avaliação de riscos as incertezas com os desdobramentos da guerra na Ucrânia, com a política de combate à covid na China e com as persistentes pressões inflacionárias e seus impactos sobre a condução da política monetária no mundo".
O Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos), por exemplo, está enfrentando a alta dos preços com maior agressividade do que o inicialmente previsto pelos mercados, o que levou o índice do dólar a tocar seu maior patamar em duas décadas recentemente.
Nesse contexto, estrategistas do Citi notaram em relatório que "o câmbio latino-americano enfraqueceu ao longo do último mês, à medida que a aversão ao risco aumenta e o 'carry' (retorno oferecido pelas moedas) se tornou menos favorável nesses ambientes de aversão a risco".
O banco norte-americano piorou sua expectativa para a performance do real no curto prazo, vendo a divisa em R$ 5,15 por dólar nos próximos três meses, de R$ 4,70 previstos para o mesmo período antes. A projeção de médio prazo — para os próximos seis a 12 meses — também piorou, a R$ 5,30 por cada US$ 1, contra previsão anterior de R$ 5,20.
"Embora os preços das commodities permaneçam elevados em níveis favoráveis para o real, o recente fortalecimento do dólar levou a uma desvalorização considerável" da moeda brasileira, completou o Citi. "Olhando para frente, a escalada de riscos internos depois das eleições (de outubro) em meio a condições monetárias globais mais restritivas devem levar a mais depreciação do real."
*Com Reuters
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