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Ações do Twitter caem mais de 11% após Musk desistir de comprar plataforma

Ações despencavam antes da abertura da Bolsa de Nova York - Dado Ruvic/Reuters
Ações despencavam antes da abertura da Bolsa de Nova York Imagem: Dado Ruvic/Reuters

Do UOL*, em São Paulo

11/07/2022 08h41

As ações do Twitter desabaram hoje desde antes da abertura da Bolsa de Nova York, após o bilionário Elon Musk desistir de comprar a rede social. No horário do encerramento do pregão nos Estados Unidos, a TWTR registrava queda de 11,40% e estava cotada a US$ 32,65 (cerca de R$ 175,39).

Na última sexta-feira, Musk oficializou a desistência do acordo, avaliado em US$ 44 bilhões. A equipe que representa o empresário argumentou que houve "quebra de contrato", pela falta de clareza no retorno das informações solicitadas pelo empresário sobre o número de contas falsas e de spam existentes no Twitter. O bilionário queria provas de que menos de 5% dos perfis se enquadra nessas condições — ele acha que tem bem mais.

"Por quase dois meses, o sr. Musk solicitou dados e informações necessárias para 'fazer uma avaliação' independente da prevalência de contas falsas ou de spam na plataforma", diz uma carta publicada no site da SEC, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos. "O Twitter falhou ou se recusou a fornecer as informações".

A desistência do negócio, segundo Musk, ocorreu também porque o Twitter demitiu executivos de alto escalão e um terço da equipe de aquisição de talentos. Com isso, a empresa teria violado uma cláusula do acordo sobre a obrigação dela de "preservar substancialmente intactos os componentes materiais de sua atual organização".

O Twitter, por sua vez, anunciou que irá processar Musk para que a aquisição seja concluída.

"O Conselho do Twitter está comprometido em fechar a transação no preço e nos termos acordados com o sr. Musk, e planeja entrar com uma ação legal para fazer cumprir o acordo. Estamos confiantes que prevaleceremos", declarou o presidente do conselho administrativo do Twitter, Bret Taylor.

Vale lembrar que nos termos definidos no acordo de compra, Musk terá que pagar US$ 1 bilhão se o processo não for finalizado por motivos como problemas para assegurar o financiamento para os US$ 44 bilhões definidos anteriormente ou impedimento da transação por reguladores. A cláusula de rompimento, porém, não se aplicaria nos casos em que Musk decida cancelar por si só o negócio.

Compra do Twitter se arrasta desde início do ano

Elon Musk indicou interesse na plataforma no início do ano. Em abril, o bilionário formalizou uma proposta de aquisição de US$ 44 bilhões — US$ 7 bilhões acima do valor de mercado da plataforma na época, que estava em US$ 37 bilhões.

Menos de 3 meses após o envio da proposta, Musk disse que a rede social "frustrou" os pedidos dele para conhecer mais sobre a base de usuários.

Ainda em junho, o empresário suspendeu temporariamente a compra do Twitter enquanto ele não pudesse ter garantias de que menos de 5% das contas da plataforma são falsas.

Na época, o dono da Tesla e da SpaceX chegou a enviar uma carta ao Twitter afirmando que tinha o direito de fazer sua própria medição de contas falsas e de spam. Mesmo assim, ele destacou que seguia interessado no negócio.

Nesse meio tempo, Musk teria tido acesso aos dados da plataforma, mas não conseguiu comprovar o número de perfis falsos, segundo reportagem do jornal Washington Post. Fontes familiarizadas com o assunto destacaram que o acordo de compra estava em "sério risco" por esses motivos.

As dúvidas da equipe de Musk sobre os números de perfis fake e de spam indicam que eles não têm informações suficientes para avaliar as perspectivas do Twitter como um negócio, diz a matéria. Um porta-voz do Twitter já havia comentado que a rede social estava colaborando com Musk sobre esses dados e que a empresa pretendia "fechar a transação e fazer o acordo no preço e nos termos combinados".

O CEO do Twitter, Parag Agrawal, também chegou a destacar que a plataforma suspende mais de meio milhão de contas que parecem falsas a cada dia, geralmente antes mesmo de serem vistas, e bloqueia milhões por semana que não passam nas verificações para garantir que sejam controladas por humanos e não por um software.

Ainda em junho, o Twitter ressaltou que tinha chegado ao fim o período de espera para que a compra fosse fechada.

Pelas leis dos EUA, após o anúncio do negócio, as partes precisam cumprir um intervalo de espera para que os órgãos reguladores possam avaliar se têm restrições imediatas à transação. O cumprimento da norma era um requisito indispensável para que a compra pudesse seguir em frente.

*Com Reuters