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Bolsa tem queda de mais de 2%, após fechar cinco sessões em alta

Amanda Perobelli/Reuters
Imagem: Amanda Perobelli/Reuters

Do UOL, em São Paulo

19/08/2022 15h11Atualizada em 19/08/2022 17h38

O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), caiu 2,04% hoje e fechou a 111.496,21 pontos, após uma sequência de cinco altas seguidas. A queda reverteu os ganhos que o índice acumulou ao longo desses dias, em desvalorização semanal de 1,12%.

Quase todas as ações recurvam. MRV e Locaweb lideravam as perdas, com recuo de mais de 8%. Também eram destaques negativos as ações da Petrobras, da Vale, dos bancos, das companhias aéreas e das varejistas.

O dólar comercial encerrou quase estável, cotado a R$ 5,168 na venda, com leve queda de 0,08%. O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

O tombo da Bolsa hoje é puxado principalmente pelo cenário externo desfavorável, com sinalizações sobre juros nos Estados Unidos e queda das commodities, como petróleo e minério de ferro, no mercado internacional.

Além disso, investidores aproveitam a alta dos últimos dias para vender suas ações e embolsar os lucros.

Cenário externo desfavorável

Na visão da XP Investimentos, o sentimento de investidores foi um pouco abalado desde o meio da semana, após a divulgação da ata da última reunião do Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos), realizada no final do mês passado.

Essa semana, autoridades do Fed viram "poucas evidências" no fim de julho de que as pressões inflacionárias nos Estados Unidos estavam diminuindo e se prepararam para forçar a economia a desacelerar o quanto for necessário para controlar o aumento dos preços.

A ata mostrou que membros do Fed não consideram recuar nos aumentos dos juros até que a inflação caia substancialmente, apesar de ligeira desaceleração na inflação, que ofereceu alguma esperança de alta menor.

Juros mais altos nos EUA tendem a atrair para lá recursos hoje investidos em outros países, como o Brasil. Quando investidores tiram dinheiro de empresas brasileiras na Bolsa, as ações delas caem.

Eleições no Brasil

Na cena local, Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimento, chamou a atenção para notícias "mistas" no que diz respeito à corrida eleitoral, em declaração à agência de notícias Reuters.

Ele avalia que o mercado não vê uma diferença tão grande entre um desfecho de vitória do atual presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) e resultado em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) volte a comandar o Planalto, mas acredita que um cenário de definição do pleito no segundo turno, em vez de já no primeiro, seria visto de forma mais benigna, uma vez que forçaria os principais concorrentes a moderar seus discursos e se aproximar do centrão.

Em meio ao cenário externo adverso e à corrida eleitoral local, Cruz disse que, mais do que tentar prever altas ou baixas do dólar daqui para a frente, "a melhor operação para mim agora é tentar ganhar com a volatilidade", que deve permanecer elevada pelos próximos meses.

*Com Reuters