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Bolsa fecha com perda de 2,04%, após emendar 5 altas; dólar cai a R$ 5,168

Na semana, a Bolsa perdeu 1,12% - Cris Faga/NurPhoto via Getty Images
Na semana, a Bolsa perdeu 1,12% Imagem: Cris Faga/NurPhoto via Getty Images

Do UOL, em São Paulo*

19/08/2022 17h34

O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), caiu 2,04% e encerrou aos 111.496,21 pontos, após ter emendado cinco pregões de alta. Na semana, a Bolsa acabou revertendo os ganhos e perdeu 1,12% —esta é a primeira baixa semanal em um mês.

Quase todas as ações recuaram hoje. Gol, Locaweb e MRV lideraram as perdas, com desvalorização de mais de 7%. Também foram destaques negativos as ações da Petrobras, da Vale, dos bancos e das varejistas.

O tombo da Bolsa hoje foi puxado principalmente pelo cenário externo desfavorável, com sinalizações sobre juros nos Estados Unidos e queda das commodities, como petróleo e minério de ferro, no mercado internacional.

Além disso, investidores aproveitam a alta dos últimos dias para vender suas ações e embolsar os lucros.

Dólar ficou quase estável

O dólar comercial fechou o dia quase estável, com leve queda de 0,08%, cotado a R$ 5,168 na venda. Na semana, a moeda acumulou alta de 1,85%.

Um dos principais motores da valorização global do dólar nesta última semana tem sido o fortalecimento das apostas num aumento de juro de 0,75 ponto percentual pelo banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve, em sua próxima reunião de política monetária, disse à Reuters Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.

Esse mesmo motivo impacta a Bolsa, mas de forma negativa.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Cenário externo desfavorável

Na visão da XP Investimentos, o sentimento de investidores foi um pouco abalado desde o meio da semana, após a divulgação da ata da última reunião do Fed, realizada no final do mês passado.

Essa semana, autoridades do banco viram "poucas evidências" no fim de julho de que as pressões inflacionárias nos Estados Unidos estavam diminuindo e se prepararam para forçar a economia a desacelerar o quanto for necessário para controlar o aumento dos preços.

A ata mostrou que membros do Fed não consideram recuar nos aumentos dos juros até que a inflação caia substancialmente, apesar de ligeira desaceleração na inflação, que ofereceu alguma esperança de alta menor.

Juros mais altos nos EUA tendem a atrair para lá recursos hoje investidos em outros países, como o Brasil. Quando investidores tiram dinheiro de empresas brasileiras na Bolsa, as ações delas caem.

Eleições no Brasil

No cenário local, Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimento, chamou a atenção para notícias "mistas" no que diz respeito à corrida eleitoral, em declaração à agência de notícias Reuters.

Ele avalia que o mercado não vê uma diferença tão grande entre um desfecho de vitória do atual presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) e resultado em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) volte a comandar o Planalto, mas acredita que um cenário de definição do pleito no segundo turno, em vez de já no primeiro, seria visto de forma mais benigna, uma vez que forçaria os principais concorrentes a moderar seus discursos e se aproximar do centrão.

Em meio ao cenário externo adverso e à corrida eleitoral local, Cruz disse que, mais do que tentar prever altas ou baixas do dólar daqui para a frente, "a melhor operação para mim agora é tentar ganhar com a volatilidade", que deve permanecer elevada pelos próximos meses.

*Com Reuters