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Com receios sobre PEC da Transição, dólar sobe 1,55%, a R$ 5,382; Bolsa cai

Do UOL, em São Paulo

16/11/2022 17h25

O dólar comercial teve alta de 1,55% e encerrou cotado a R$ 5,382 hoje. Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), tombou 2,58%, aos 110.243,33 pontos

Os receios sobre a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Transição voltaram a prevalecer, principalmente com a falta de definição do valor que ficará fora da regra do teto de gastos e a duração da proposta.

Os investidores aguardam uma definição sobre os gastos que serão incluídos na PEC para bancar a continuidade do Auxílio Brasil, que voltará a se chamar Bolsa Família, de R$ 600. Além disso, ainda há dúvidas sobre quem será o ministro da Fazenda do novo governo.

"O mercado seguirá extremamente sensível a este tema", disse Dan Kawa, diretor de investimentos da TAG Investimentos, referindo-se à PEC.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

PEC da Transição

A PEC da Transição, que aumenta o espaço para gastos públicos em 2023, continua sendo motivo de cautela nos mercados em meio à indefinição sobre o valor extra-teto que será embutido no texto. Na terça-feira, o economista Persio Arida, que faz parte da equipe de transição do presidente eleito Lula, disse ser contra excepcionalizar despesas como o Auxílio Brasil da regra do teto de gastos, mas agentes financeiros temem que ele seja voto vencido.

"A equipe de transição segue insistindo em retirar os gastos do Bolsa Família de forma definitiva do teto", disseram estrategistas da Guide Investimentos em nota a clientes, que também destacaram a ansiedade de investidores em meio ao "suspense sobre a composição da Esplanada dos Ministérios do próximo governo Lula".

Boatos sobre possível indicação de um nome mais conservador e ortodoxo para chefiar o Ministério da Fazenda costumam animar os mercados, enquanto notícias no sentido oposto, ventilando pessoas possivelmente mais inclinadas a aumentos de gastos públicos, geralmente derrubam os ativos brasileiros.

Agentes financeiros estão de olho ainda na participação de Lula na COP27, cúpula climática da ONU (Organização das Nações Unidas) que está sendo realizada no Egito. O presidente eleito disse nesta quarta-feira que o Brasil está de volta à luta global contra a mudança climática.

Cenário exterior misto

Um noticiário misto no cenário internacional também contribuiu para o desempenho do dólar. De um lado, fornecendo alívio a investidores do mundo inteiro, dados de inflação ao produtor norte-americano de terça-feira vieram abaixo do esperado, mais um indício de que a pressão de preços na maior economia do mundo está perdendo fôlego, comentou Guilherme Esquelbek, da Correparti Corretora.

No entanto, impondo alguma cautela à cena internacional, mísseis atingiram a Polônia na terça-feira, matando duas pessoas e elevando as tensões geopolíticas em meio à guerra da Rússia na Ucrânia, destacou Esquelbek.

O presidente da Polônia disse nesta quarta-feira que não há indicação de que o ataque tenha sido intencional e que parece não ser necessário lançar o procedimento do Artigo 4 da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), o que ajudou a acalmar os ânimos no mercado.

Além disso, uma fonte da Otan afirmou nesta quarta-feira que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse a aliados que a explosão foi provocada por um míssil ucraniano de defesa aérea.

*Com Reuters