Bolsa sobe, passa de 132 mil pontos e bate recorde; dólar cai a R$ 4,887
Do UOL*, em São Paulo
21/12/2023 17h21Atualizada em 21/12/2023 18h20
O Ibovespa subiu 1,05% e chegou hoje aos 132.182,01 pontos — o maior patamar da história, batendo o recorde nominal alcançado no último dia 19. Só em dezembro, o principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3) saltou 3,81%.
Já o dólar caiu 0,5% e voltou a ficar abaixo de R$ 4,90, fechando o dia vendido a R$ 4,887. No mês, a moeda americana acumula perdas de 0,57% frente ao real.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial (saiba mais clicando aqui). Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, a referência é o dólar turismo, e o valor é bem mais alto.
O que aconteceu
Mercado reagiu bem às novas projeções para a economia brasileira. O Banco Central aumentou de 2,9% para 3% a previsão de alta do PIB (Produto Interno Bruto) em 2023 e reduziu de US$ 36 bilhões para US$ 26 bilhões a expectativa de déficit nas transações correntes. Os números sugerem uma situação relativamente confortável para as contas externas, o que animou investidores.
Investidores monitoram as últimas discussões de 2023 no Congresso. Parlamentares e governo seguem em negociações para aprovar a LOA (Lei Orçamentária Anual) antes do fim de semana, quando começa o recesso. Ontem (20), a reforma tributária foi promulgada e o Senado aprovou uma medida que pode render R$ 35 bilhões extras aos cofres públicos em 2024.
Dados dos EUA também ajudaram a dar força ao real frente ao dólar. O número de americanos que pediram auxílio-desemprego teve apenas uma leve alta na semana passada, indicando um mercado de trabalho razoavelmente saudável e sugerindo que os EUA estão longe de uma recessão. Com isso, aumentam as expectativas de queda nos juros americanos em 2024, o que tende a favorecer emergentes.
Juros menores nos EUA costumam beneficiar o real e a Bolsa. Isso acontece porque, com juros elevados, os investidores redirecionam recursos para o mercado de renda fixa americano, considerado muito seguro. Por outro lado, sinais de que o Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) vai começar a reduzir as taxas em breve tendem a impulsionar moedas mais arriscadas, porém mais rentáveis, como o real.
Acredito que o Ibovespa deva se acostumar a trabalhar acima dos 125 mil pontos, sem grandes movimentos de alta nos últimos dias de 2023, salvo aconteça algo muito fora da curva. O que antes foi um topo de mercado, a cada dia (...) se consolida com um novo ponto de suporte, deixando no passado os tão falados 100 mil pontos.
Anderson Silva, head de renda variável e sócio da GT Capital
(*Com Reuters)