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Ex-lavador de prato em Londres traz ao Brasil eventos com gurus de negócios

Márcia Rodrigues

Colaboração para o UOL, em São Paulo

11/11/2015 06h00

Em Londres (Reino Unido), o administrador de empresas Leandro Marcondes foi lavador de pratos aos 25 anos. De volta ao país, ele é hoje, aos 38, sócio da filial brasileira da agência de eventos britânica Success Resources. Aqui, a companhia que promove seminários e congressos com grandes gurus, empresários e autores de livros de autoajuda recebeu o nome de Experiência de Sucesso.

Marcondes é detentor de 89% das operações da empresa no Brasil e espera faturar R$ 20 milhões até dezembro de 2015, seu primeiro ano de atuação. Ele paga royalty para a matriz, mas a porcentagem não foi revelada. O lucro também não foi informado.

Negócio malsucedido e dívidas o levaram a procurar guru

Quando se mudou para Londres, em 2003, seu sonho era aprender inglês. Depois de lavar pratos em um restaurante de dia e vender bebidas em estádios de futebol à noite, por dois anos, ele fez um empréstimo bancário de 15 mil libras (cerca de R$ 85,9 mil hoje) para montar um negócio de locação de imóveis e foi malsucedido.

Ele adquiria as residências por leasing (tipo de financiamento) e as alugava, mas acabou perdendo a maioria dos bens. Com uma dívida equivalente a R$ 300 mil, resolveu assistir a uma palestra de T. Harv Eker, autor do best-seller “Os Segredos da Mente Milionária”, promovida pela empresa.

"Aprendi a administrar melhor meu dinheiro, consegui quitar minha dívida e aperfeiçoar meu negócio de leasing. A minha esposa, que é formada em educação física, montou um estúdio de pilates e começamos a ganhar dinheiro."

O empresário afirma que, depois do primeiro congresso, não parou mais de acompanhar os eventos da Success Resources. Foi quando percebeu que a companhia estava presente em vários países de Europa, Ásia, África do Sul e América do Norte, mas não tinha representação no Brasil.

"Perguntei para o dono o motivo de a empresa não estar aqui e ele me disse que não falava português. Foi quando eu propus a sociedade e ele aceitou." Para entrar no negócio, ele afirma que investiu US$ 1,5 milhão (o equivalente a R$ 5,7 milhões). Sua empresa de imóveis já estava recuperada e, em 2014, faturou o equivalente a R$ 8 milhões. Ele manteve o negócio. 

Agência já trouxe o 'Lobo de Wall Street' ao país

A agência que foi aberta em janeiro organizou dois grandes eventos em julho. O palestrante foi o investidor norte-americano Jordan Belfort, que inspirou o filme "O Lobo de Wall Street". Em São Paulo, a palestra foi realizada no Sheraton São Paulo WTC, para 2.500 pessoas, com ingressos de R$ 897 a R$ 1.997. No Recife (PE), o evento foi para 2.200 pessoas no Chevrolet Hall, com ingressos de R$ 700 a R$ 1.000

Em novembro, a estrela será o palestrante T. Harv Eker, o mesmo que inspirou Marcondes. Serão dois eventos no país: no Rio de Janeiro (Riocentro) e em São Paulo (Sheraton WTC). O preço dos ingressos vai de R$ 897 a R$ 2.000. Na capital paulista, os 2.500 lugares já estão esgotados. No Rio, o evento deve receber 4.000 pessoas e ainda há vagas.

Cada evento grande gera um faturamento de R$ 5 milhões a R$ 6 milhões, somando inscrições e patrocínios, segundo Marcondes. Mas a empresa também organiza palestras menores, para 350 pessoas em média, como o congresso Administrar realizado em Fortaleza, que teve na programação palestrantes como Roberto Justus e Gabriel, o Pensador. Em alguns, o próprio Marcondes realiza palestras.

Empresa estrangeira precisa agradar a gosto brasileiro 

Para Maurício Golfette, consultor do Sebrae-SP (Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa), antes de trazer um negócio estrangeiro ao país, é preciso pesquisar para saber se o produto ou serviço será aceito. "São mercados diferentes. O que tem boa aceitação lá fora pode não ter aqui. É um risco fazer um grande investimento sem ter certeza de que há clientela."

Segundo Alexandre Mendonça, consultor da Entrega Soluções Empresariais, os trâmites para abrir uma empresa com capital estrangeiro são os mesmos de uma nacional. "Mesmo que tenha matriz em outro país, ela vai precisar ter sede no Brasil e seguirá os mesmos procedimentos de abertura das empresas brasileiras. Inclusive o dono deve ter domicílio no Brasil." 

O que muda, segundo ele, é o envio de dividendos, ou seja, a emissão do lucro da empresa para o exterior. "Cada país tem uma legislação, e a tributação envolvida vai depender de como funcionam as regras no país onde está a matriz."

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